TEOLITERARIA - Revista de Literaturas e Teologias ISSN 2236-993
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Published By Pontifica Universidade Catolica De Sao Paulo

2236-9937

Author(s):  
Frederico da Cruz Vieira ◽  
Angela Cristina Salgueiro Marques

O pensamento de Levinas poderia nos conduzir a uma leitura ética de textos literários? De que forma conceitos como os de Rosto, Testemunho, Substituição, podem nos guiar na aproximação da escrita autoral, de um outro que relata, narra? No presente artigo nos aproximamos dos rostos femininos de Scholastique Mukasonga para arriscarmos, a partir da perspectiva levinasiana, um exercício de leitura ética de alguns de seus textos: Baratas (2006); A mulher dos pés descalços (2008) e Nossa Senhora do Nilo (2012). As três obras podem ser compreendidas com um ciclo testemunhal da autora, abordando questões correlatas a Ruanda e ao genocídio tutsi de 1994. Abordamos também algumas especificidades: relativas ao feminino, seus rostos manifestos na escrita (ditos) e nas vozes por ela reveladas (dizer), travando um diálogo entre as palavras de Scholastique, de Levinas e dos comentadores desse; a respeito do atravessamento da morte e do luto nas obras como as de Mukasonga, que narram situações violentas, por vezes inomináveis, limítrofes entre o sofrimento e o horror; e finalmente, sobre o fazer face a tudo isso, o que é em grande medida propiciado pela escrita (im)possível, tão urgente quanto necessária aos tempos presentes.


Author(s):  
Isabelle Merlini Chiaparin

Teresa D’Ávila (1515-1582) relata de modo intrigante sua relação com as letras: ao mesmo tempo em que a pena é pesada e rouba-lhe o tempo que poderia empregar no Mosteiro de São José, que acabara de reformar, também é leve, sendo via de oração e encontro com o Amado, Deus1. A dicotomia existente no ofício das letras é reflexo de um conflito que ultrapassava os desejos e vontades de Teresa e provava sua obediência às autoridades. Padres, confessores, teólogos e filósofos - em sua grande maioria, homens - vasculharam o pensamento da carmelita ainda em vida, na tentativa de examinar cada detalhe de sua experiência mística, em busca de referências demoníacas. A escrita poética, que antes era prazer, tornou-se medo sob o duro olhar da Inquisição espanhola (1478), estampado nos escritos em prosa que a monja foi obrigada a escrever. Não mais a partir da visão masculina e inquisitória da época, mas à luz das discussões contemporâneas sobre literatura feita por mulheres, seriam os processos de escrita de uma mulher do século XVI mística ou histeria? 


Author(s):  
Giovanni Marques Santos

O presente artigo realiza uma aproximação entre literatura e teologia no esforço de ler o repertório bíblico como literatura e na literatura. A arte literária é lugar teológico na própria Bíblia e em toda a tradição poética por ela impactada. Desse modo, para além de uma exegese histórico-crítica, efetua-se uma leitura poética do Livro de Jó, a partir dos recursos narrativos e líricos do texto tomado em sua integridade, conforme a proposta de Moshe Greenberg. O Livro de Jó assim considerado emerge como um compósito de narração e poesia, em que a ruptura entre gêneros representa igualmente uma disrupção e um confronto entre duas teologias sapienciais: uma sabedoria palaciana e tradicional, alicerçada numa noção de imutabilidade cósmica e legal, segundo a qual os bons são premiados e os maus, castigados; uma sabedoria em crise, que se indigna diante da realidade do sofrimento dos inocentes. Em seguida, avalia-se a relação intertextual do lirismo do Livro de Jó nos poemas de Miserere, de Adélia Prado. Nesta obra, a poetisa mineira encontra no poeta profundo do Livro de Jó o fundamento para a sua teopoética em busca de sentido para a experiência do sofrimento humano.


Author(s):  
Ildo Perondi ◽  
Fabrizio Zandonadi Catenassi

Este artigo objetiva investigar a parábola do filho perdido e reencontrado (Lc 15,11-32), mais conhecida como do “filho pródigo”, pelo método da análise narrativa, demonstrando a centralidade da compaixão paterna na perícope. A análise do narrador segue as categorias de Genette e os demais operadores de leitura da narrativa são analisados a partir de Ska e de Marguerat e Bourquin. O enredo foi divido em três cenas, as quais colocam os personagens em relação com a casa paterna e com o próprio pai. No enredo, a atitude de “mover-se de compaixão” (v. 20) configura-se como o ponto de mudança da narrativa, pois dá início a uma série de transformações que solucionam o conflito da trama. Lucas constrói um jogo de releituras e analepses que colocam em posição central a acolhida do pai ao filho. Pelo efeito de acúmulo construído pelo uso de três parábolas em uma sequência narrativa, e pela identificação do narrador e narratário intradiegéticos, fica claro que a opção do relato não é pela proposta de rechaço feita pelo filho mais velho, mas pela compaixão do pai, já que a própria opção de Jesus é acolher os pecadores e com eles compartilhar a vida (Lc 15,3).


Author(s):  
Roberto da França Neves

Em diversos momentos de sua carreira de escritor, Nestor Victor combateu o sectarismo e engrandeceu a primazia da consciência sobre a matéria. Adepto da corrente de pensamento espiritualista, compreendeu perfeitamente a eternidade da consciência individual, embora não fosse especificamente seguidor de nenhuma religião. Baseado nos ideais românticos, acreditava na existência do espírito, mas se sentia incomodado com a crença do sobrenatural e o pensamento mágico. Mesmo não se sentindo afeito à adesão a nenhuma denominação religiosa, ao longo de sua carreira divulgou-as, sempre entusiasmado com as manifestações espiritualistas que davam vigor ao senso do mistério na realidade humana. Marcou sua carreira pela admiração das grandes biografias que dedicaram as suas vidas em prol do discurso literário. Apreciava as correspondências que tinham os grandes espíritos entre si e praticava leitura e escritura dos textos com a finalidade de atingir os grandes conceitos éticos. Professor de literatura, ensinou alunos e grandes escritores do seu tempo a perceberem as grandezas espirituais por trás das densidades estéticas.


Author(s):  
Denise Rocha

Na terceira fase de sua produção literária, José Maria Eça de Queiroz (1845-1900) dedica-se à escrita de obras de conteúdo religioso - hagiografias e manifestações divinas -, entre outras. Baseado em uma narrativa exemplar, citada no Sermão XXV de Maria Rosa Mística, do Padre António Vieira, Eça escreve o conto, O defunto (1895), a respeito do poder da oração do Rosário e da ajuda de Nossa Senhora do Pilar. A temática de louvor à Virgem e a seus milagres tem tradição literária na Península Ibérica, e foi eternizada nas Cantigas de Santa Maria, de Afonso X, o Sábio (1221-1284).


Author(s):  
Vicente Artuso

Mediante a análise narrativa, o estudo aborda o texto como um enredo. Propõe uma estrutura unitária, com apresentação da temática, dramatização, clímax, desfecho final, conclusão. A reação dos que presenciam as ações de cura, presentes em número crescente indica a relação literária-temática entre as cenas e o desenvolvimento do enredo. Nas ações de Jesus em enredos episódicos se percebe o foco narrativo: ensino-ação em três momentos, com dois episódios relacionados, e com a terceira ação quando Jesus ao entardecer cura e liberta. O enredo é concluído em Mc 1,39 que retoma a temática do ensinamento com autoridade na apresentação em forma de sumário em Mc 1,21-22. Palavras-chave: enredo, narrativa, ensinamento, ação, reação.


Author(s):  
Carlos Olivares

El Protoevangelio de Santiago, un texto apócrifo datado en torno al siglo II AD, describe la historia de la concepción y nacimiento de María y Jesús. El autor del escrito también retrata brevemente a José, el cual tiene la función de cuidar y proteger a María. Desde una perspectiva critico-narrativo, este artículo explora la vida de José en este texto no canónico. Literariamente, el ensayo examina la caracterización que el narrador realiza de este personaje, al prestar atención al uso de dos técnicas narrativas: “telling” y “showing”. El término “Telling” se refiere a como el narrador declara, usando su propia voz narrativa, los rasgos característicos que el personaje tiene. La técnica del “Showing” muestra la manera en que esos trazos descriptivos operan en la vida y accionar del personaje estudiado. El trabajo evidencia como el texto apócrifo emplea la figura de José como un recurso apologético de María, quien sirve de guardián y testigo del rol que ella tiene en la concepción y nacimiento de Jesús.


Author(s):  
Jefferson Zeferino ◽  
Sebastião Lindoberg Da Silva Campos ◽  
Glaucio Alberto Faria de Souza

Editorial v. 11 n. 25 2021


Author(s):  
Marta Botelho Lira ◽  
Rita do Perpétuo Socorro Barbosa de Oliveira
Keyword(s):  

O objeto de análise deste artigo consiste na obra A duração do dia (2011), publicada no ano de 2010, com a segunda edição em 2011, sendo uma das mais recentes publicações de Adélia Prado. A autora aborda assuntos do cotidiano, do qual a poetisa retira momentos marcantes de significação sagrada no cotidiano. Pretende-se discorrer sobre o diálogo do sujeito do poema com algumas passagens de textos da Bíblia judaico-cristã, exclusivamente na estruturação ou nas partes do mencionado livro, de maneira que o tratamento dos temas desde as epígrafes permita ao leitor realizar uma profunda reflexão a respeito da existência e da fruição estética. Para a análise crítica são empregadas as ideias de Agnes Heller sobre a vida cotidiana e de Rudolf Otto sobre o sagrado, as quais são complementadas com o pensamento de outros autores, Roger Caillois, Georges Bataille, Luis Santos e Silvana Oliveira, Raimunda Alvim Bessa destes dois temas.  


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