Revista Entrecaminos
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Published By Universidade De Sao Paulo Sistema Integrado De Bibliotecas - Sibiusp

2447-9748

2020 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 86-95
Author(s):  
Thiago Ernesto Castro

Publicado em 2003, El ghetto, de Tamara Kamenszain, marca uma inflexão na obra poética da escritora argentina. Após negar insistentemente o caráter autobiográfico de sua poesia, se mostra nessa obra menos relutante em admitir as bases autobiográficas de sua escrita. Em seu livro, a poeta aborda a experiência pessoal do luto pelo pai, no nome de quem se inscreve e a quem dedica esse seu trabalho. Para expressar sua ausência, se valerá da herança judaica deixada pelo pai, trabalhando com elementos, lugares e cenas do judaísmo que lhe permitem di- zer da perda paterna. Este ensaio, a partir da análise do poema “Kaddish” buscará refletir sobre algumas figurações do judaísmo no livro de Kamenszain, procurando compreender o uso feito pela poeta dessa tradição em seu livro.


2020 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 190-202
Author(s):  
Danilo Mataveli
Keyword(s):  

Tradicionalmente dançada por um casal (pareja) – uma de suas marcas mais tradicionais –, a cueca é um estilo de música e dança que se tornou uma das forças poéticas mais populares no Chile. Expressão folclórica cujas origens remontam ao século XVIII, a cueca também se caracteriza por ser uma manifestação cultural tipicamente ligada ao campesinato. Este trabalho apresenta uma breve história da cueca, com foco em suas principais variações históricas e nas interpretações políticas e sociais. O objetivo é analisar o aspecto político dessa manifestação popular e a relevância do seu caráter poético como modo de organização coletiva de sujeitos políticos. O argumento central do trabalho se baseia na noção de que a cueca possui, como muitas outras manifestações da cultura popular, uma energia caótica e um carácter disruptivo cuja apreensão pelo poder nem sempre pode ser realizada de maneira pacífica ou completa.


2020 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 30-35
Author(s):  
Renata Cristina Pereira Raulino

Em uma atualidade em que o exercício da memória é tão intenso, há produções literárias que criam e pensam a perda da memória, como a causada pelo Alzheimer. Em vista disso, proponho algumas reflexões sobre os efeitos do esquecimento em Desarticulaciones (2010), de Sylvia Molloy. Nesse texto, a narradora relata as visitas à ML., amiga que está com Alzheimer. A partir desses encontros e dos fragmentos de esquecimento que presencia, a voz narrativa constrói um relato sobre a desarticulação da memória da amiga que vai apagando as lembranças que com- partilham. Em vista disso, concluo que a narradora expressa especialmente a ausência, se concentra no que falta e evidencia o esquecimento para exibir os vazios da memória em decomposição da amiga enferma.


2020 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 128-146
Author(s):  
Umberto Luiz Miele
Keyword(s):  

Ao comemorar 70 anos de vida, já consagrado e com uma obra culta e cosmopolita reconhecida mundialmente, o escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1936) retorna ao século XIX, aos conflitos que deram origem à nação argentina, e publica a sua obra mais violenta, a coletânea de contos El informe de Brodie (1970). A violência – seja ela física, psicológica ou cultural – transborda em suas onze narrativas e ganha protagonismo em “El otro duelo”, a mais contundente e brutal delas, na qual o autor retorna mais uma vez a um tema clássico: o duelo, o enfrentamento direto à faca ou a outras armas brancas. Nesse texto curto e cruel, Borges retorna também à oposição entre civilização e barbárie, ao embate entre um projeto nacional voltado para a Europa culta a partir dos centros urbanos e setores letrados, e à sua convivência conflituosa com uma tradição guerreira e conquista- dora, apoiada nos valores da coragem e da valentia pessoal, que tem na figura do gaúcho o indômito seu principal personagem. Embora contextualizado historicamente (a Argentina do século XIX), o conto permite uma leitura atualizada no momento de sua escrita (os conturbados anos 1960 e 1970). Ele transcende esses limites, pois a violência que “El otro duelo” retrata é aquela praticada desde a Conquista, na forma como espanhóis e portugueses ocuparam a América, repetindo procedimentos e estratégias de dominação treinados e praticados desde as Cruzadas e durante a expulsão dos mouros da Península Ibérica, que impregnam as relações sociais do continente desde então.


2020 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 107-126
Author(s):  
Juliana Silva Cardoso Marcelino ◽  
Silvina Liliana Carrizo

O presente artigo objetiva apresentar a prática poética de Fabián Severo, que tem como inspiração Artigas, cidade fronteiriça (Brasil – Uruguai). O poeta penetra num universo pluridimensional e permite analisar a lógica perversa da homogeneização cultural, instaurada pelo sistema linguístico mundial e de circulação de informação. No decorrer do fluxo poético, observam-se recortes, reminiscências do cotidiano, interstícios, ressonâncias, deslocamentos e apegos dentro de uma dinâmica que enleia do real à ficção o sujeito fronteiriço. Severo realiza, através do portunhol, a desconstrução do capital linguístico-literário do português e do espanhol. Essa variedade linguística colaborou para questionar o imaginário do Uruguai como um país monolíngue e possibilitou uma maior compreensão do que seja a fronteira.


2020 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 173-189
Author(s):  
Zaine Guedes da Costa

No presente trabalho tratamos de observar as controvérsias teóricas e de- nominações que envolvem o problema de confusão terminológica entre palavras que apresentam formas parecidas ou iguais, mas com sentidos diferentes, a saber, os falsos amigos português/espanhol. Nesse sentido, averiguamos que não existe unanimidade em relação à alcunha e à teoria que elas abarcam. Refletimos também que é preciso ir mais além da obviedade já constatada pela Linguística Histórica que palavras de línguas diferentes não podem ser configuradas como equivalentes ou correspondentes em sua estrutura. Dessa forma, finalizamos sugerindo, como alternativa plausível, uma abordagem interdisciplinar com o aporte da Psicologia Cognitiva, ou ainda o viés diacrônico, na tentativa de elucidar, pelo menos em parte, quais fatores teriam corroborado para a formação dos homônimos, parônimos e de palavras de mesmo étimo que desenvolveram através do tempo acepções particulares de sentido.


2020 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 60-70
Author(s):  
Marina Barzaghi de Laurentiis
Keyword(s):  

Este trabalho tem como objetivo fazer uma leitura de três poemas do livro Cantos de vida y esperanza (1905), de Rubén Darío, sendo eles “Nocturno (V)”, “Nocturno (XXXII)” e “Lo fatal”. Para isso, seguimos as considerações de Sylvia Molloy acerca da constituição do sujeito poético dariano no ensaio “Voracidad y solipsismo en la poesía de Darío”. Desse modo, destacamos a relação que o eu poético estabelece com o outro – que em Darío é o vazio – em cada um dos poemas selecionados.


2020 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 147-162
Author(s):  
Pedro Panhoca da Silva

O Livro-jogo é um híbrido textual que combina a forma ramificada de nar- rativa com um sistema de regras de jogos de RPG. Sua origem ainda permanece incerta, mas muitas vezes é atribuída a manifestações anteriores criadas no Reino Unido, como a aventura-solo e a ficção interativa. O presente trabalho busca analisar a obra Rayuela (1963), de Julio Cortázar, como parte fundamental para o desenvol- vimento de livros-jogos, focando principalmente em sua estrutura textual. Será utilizado o conceito de livro-jogo de Silva (2019), bem como de estudiosos da obra de Cortázar como Arrigucci Jr (1973), entre outros. Por ter sido criado no Reino Unido, dificilmente pensar-se-ia como precursora do livro-jogo uma obra latino-americana. Entretanto, muitos elementos de Rayuela ainda hoje fazem parte da estrutura básica de qualquer livro-jogo lançado no mercado editorial. Com isso, essa obra de Cortázar, ao lado de muitas outras de escritores de origem europeia, em sua maioria, mostra ser mais do que uma narrativa experimental da periférica da literatura latino-ameri- cana. Sendo precursora de um gênero textual híbrido que conheceu grande sucesso entre os públicos leitor e gamer dos anos 1980 e 1990, é relevante analisar Rayuela em conexão com novas abordagens de estudos, mais voltadas à temática dos jogos.


2020 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 43-58
Author(s):  
Adriana Teixeira Pereira

A cinematografia com a sua linguagem imagética universal consegue captar e refletir a realidade circundante. Desse modo, pretendemos analisar as questões relativas à identidade cultural latino-americana a partir do filme equatoriano “Qué tan lejos”, dirigido por Tania Hermida (2006), à luz dos estudos culturais de Hall (2015) e García Canclini (2008), buscando problematizar as diferentes questões históricas, sociais e políticas que possam contribuir para o diálogo, valorização e fortalecimento de uma integração regional neste espaço cultural que é América Latina.


2020 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 96-106
Author(s):  
Tainá Cristina Costa Lopes
Keyword(s):  

O texto literário não é somente ficção, pois capta sempre algo do social; trata-se de uma prática discursiva inserida em outras práticas, impregnada de vozes e memórias, e, por isso, é sempre contaminada pelo ideológico, pelo político, pelo histórico. Essas relações foram teorizadas por Ricardo Piglia, segundo o qual, é típico, na tradição literária argentina, tematizar o confronto entre duas vozes, com suas narrativas: a do povo e a do Estado, cujo objetivo é fazer crer em certa versão da história e justificar suas atitudes opressoras. Porém, às ficções estatais se contrapõem outras narrativas, nas quais o autor nem sempre aborda o que viu ou viveu; muitas vezes ele é o porta-voz dos relatos do povo, que circulam e se chocam com as versões oficiais, como versões possíveis cujo objetivo é não deixar que a história se apague, construindo uma memória. Esse é o caso da narrativa presente no poema “Ezeiza”, de Fabián Casas, que remete ao “massacre de Ezeiza’, ocorrido em 1973, no aeroporto de mesmo nome. O texto foi analisado por Martín Kohan em uma aula magistral e é justamente essa análise que tomo como ponto de partida e ouso am- pliar, em uma discussão sobre literatura, política e memória como processo discursivo performativo e literário, considerando que a memória construída pelo eu lírico sobre o incidente que dá nome ao poema acontece a partir do que ele viveu enquanto espectador distante, e dos relatos que ouviu de quem esteve efetivamente no massacre. Ainda assim, a memória postulada em Ezeiza é política, como uma continuação da poesia política, mas por outros meios. Considerando que, em geral, a inscrição da política na literatura se dá a partir dos registros históricos, da memória e da disputa de narrativas, Piglia, em texto de 2001, no qual apresenta três propostas para a literatura no novo milênio, questiona-se acerca de seu futuro e de sua função. Logo, a título de conclusão, apresento a minha própria perspectiva para a literatura e sua relevância na contemporaneidade, baseando-me na seguinte citação de Calvino: “minha fé no porvir da literatura consiste em saber que há coisas que só a literatura com seus meios específicos pode brindar".


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