O presente artigo visa desdobrar as controvérsias do diagnóstico de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e de seu tratamento medicamentoso através do cloridrato de metilfenidato. Controvérsias relacionadas à demanda por assistência médica que, advindas da escola e/ou dos pais diante de dificuldades no âmbito escolar, nos fazem questionar se estaríamos medicalizando o mau desempenho escolar. São controvérsias alimentadas pelo aumento no número de diagnósticos e pelo modo de prescrição do cloridrato de metilfenidato, que apontam para uma busca que diz respeito ao aprimoramento da performance escolar, mais do que ao tratamento de uma patologia. E que também estão vinculadas ao contexto atual e suas exigências por bons resultados e competitividade que, articuladas ao individualismo, põe sobre os pais a responsabilidade por gerir esse indivíduo produtivo desde a infância, fazendo do consumo de medicamentos um meio de responder a essas exigências. Tais aspectos evidenciam uma rede que ainda está em debate, em negociação e que pode ser seguida. Nesse sentido, consideramos importante seguir as práticas de psiquiatras, da indústria farmacêutica e da mídia na performação desse campo, assim como dos pais e da escola. Práticas que, postas em debate, podem ser diferentes, possibilitando a construção de outros futuros.
Recebido: 16/07/2020Aceite: 25/11/2020