Raízes: Revista de Ciências Sociais e Econômicas
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Published By Raizes Revista De Ciencias Sociais E Economicas

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2021 ◽  
Vol 41 (2) ◽  
pp. 361-384
Author(s):  
Áline Mayara Ferreira Bellé ◽  
Hieda Maria Pagliosa Corona
Keyword(s):  

O artigo foi construído a partir dos resultados da pesquisa realizada no âmbito do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional da UTFPR - Campus de Pato Branco, entre os anos de 2020 e 2021.  O objetivo é analisar como as famílias agricultoras do município de Ampere, no sudoeste do Paraná, compreendem a relação da sua produção de alimentos destinada ao autoconsumo com a Segurança Alimentar e Nutricional. A pesquisa qualitativa foi realizada por meio de entrevistas com famílias agricultoras que revelaram a diversidade de situações produtivas e socioeconômicas do município (10 famílias), com base em formulário semiestruturado e registro em diário de campo. A produção de autoconsumo para essas famílias tem relação com a qualidade do alimento, saúde, tradição/cultura, economia e afetividade. Os alimentos por eles/elas produzidos são valorizados por possuírem uma qualidade nutricional superior aos alimentos comprados, pela confiança no saber-fazer tradicional e na ausência de agrotóxicos, retratando uma segurança ontológica. A produção de autoconsumo é, também, um elemento capaz de fortalecer o vínculo da família com o lugar em que vive e de dar continuidade à sua tradição em produzir alimentos para a família, assumindo um papel de resistência a partir da reflexividade que incorpora a crítica aos alimentos/produtos industrializados, em especial os ultraprocessados, mesmo quando, por vezes, fazem parte de compras destinadas às crianças, ao mesmo tempo procuram manter seu modo de viver – do plantar, colher e consumir seu próprio alimento –, o que denota maneiras de se manterem seguros frente às incertezas e riscos dos alimentos “modernos”.


2021 ◽  
Vol 41 (2) ◽  
pp. 323-341
Author(s):  
Mariana Oliveira Ramos ◽  
Fabiana Thomé da Cruz ◽  
Gabriela Coelho-de-Souza

A inclusão socioprodutiva com segurança sanitária busca promover modelos descentralizados de processamento de alimentos, que são, por sua vez, parte importante da sustentabilidade dos sistemas agroalimentares e da produção de alimentos diversos e saudáveis. Este artigo discute o papel da qualidade normativa na promoção da inclusão socioprodutiva, tomando por base o estudo de unidades de processamento de frutas nativas nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A coleta de dados foi realizada por meio de 33 entrevistas, entre 2016 e 2017, a trabalhadores ou responsáveis por unidades de processamento, bem como a atores do ambiente institucional (fiscais sanitários) e do organizacional (técnicos de extensão rural); e, ainda, através da observação participante da atualização do Padrão de Identidade e Qualidade de polpas de frutas, promovida pelo MAPA, entre 2016 e 2018. Os dados apontam que a predominância de indústrias e suas organizações na atualização de parâmetros de qualidade reforça a exclusão de aspectos sociais, ambientais, culturais e de saúde, embora tais aspectos sejam centrais na noção de identidade e qualidade construída por famílias agricultoras e consumidoras. Os resultados evidenciam a importância de assegurar a participação de organizações da agricultura familiar, de consumidores e do setor saúde na construção das normativas que definem a qualidade. A análise aponta a necessidade de estratégias e espaços de controle social da qualidade normativa de alimentos, para que esta passe a incorporar parâmetros excluídos, os quais atendem demandas do campo da agroecologia e da saúde, de modo a avançar em processos de inclusão socioprodutiva.


2021 ◽  
Vol 41 (2) ◽  
pp. 301-322
Author(s):  
Flávio Aparecido Pontes ◽  
Vera Lucia Silveira Botta Ferrante ◽  
Luis Antonio Barone

Este trabalho aborda conjuntamente a produção agroecológica e sua comercialização, com objetivo de verificar em que medida ela interfere na reprodução das famílias assentadas. Utilizamos diferentes técnicas de pesquisa, desde questionários a entrevistas semiestruturadas, também entrevista coletiva com agricultores assentados, pela técnica bola de neve. Identifica-se atores e setores envolvidos e suas contribuições e impactos nas distintas etapas do processo produtivo e de comercialização. Verificou-se uma trama de tensões envolvendo os atores protagonistas deste ciclo de reprodução social.


2021 ◽  
Vol 41 (2) ◽  
pp. 342-360
Author(s):  
Adriana Rita Sangalli ◽  
Gabriela Coelho de Souza ◽  
Tatiana Mota Miranda
Keyword(s):  

Este estudo objetiva analisar iniciativas agroalimentares sustentáveis em propriedades familiares, nos estados do Rio Grande do Sul e do Paraná, a partir de um monitoramento inicial em sistemas agroflorestais agroecológicos, utilizando indicadores de desempenho elaborados de forma participativa nos dois contextos. A metodologia constou de levantamento bibliográfico e pesquisa de campo, incluindo a coleta de dados com agricultores familiares agroecológicos que manejam sistemas agroflorestais, assim como o acompanhamento de oficinas voltadas à elaboração participativa de indicadores de desempenho para de sistemas agroflorestais agroecológicos, nos municípios de São Francisco de Paula (RS) e União da Vitória (PR). Constatou-se que os indicadores elaborados de forma participativa se traduzem em uma ferramenta aliada à promoção do desenvolvimento rural sustentável e endógeno entre os agricultores manejadores de sistemas agroflorestais, fortalecendo a governança destes e das redes nas quais estão envolvidos. Os sistemas analisados se configuram em iniciativas agroalimentares que promovem a segurança alimentar e nutricional entre agricultores e consumidores, assim como permitem a perpetuação de saberes tradicionais e culturais locais, refletidos em práticas socioeconômicas e ambientais sustentáveis.


2021 ◽  
Vol 41 (2) ◽  
pp. 186-209
Author(s):  
Alfio Brandenburg ◽  
Cimone Rozendo ◽  
Claire Lamine

Este artigo tem por objetivo analisar o papel da ação pública na reconexão entre agricultura, alimentação, meio ambiente e saúde, no âmbito de três territórios (Apodi, no Nordeste do Brasil; Assentamento Contestado, na Lapa, Sul do Brasil; e Ardèche, na França). Trata-se de uma revisão bibliográfica inspirada na abordagem da sociologia pragmática. Constatou-se que a agroecologia exerce um papel articulador na reconexão em diferentes graus e que essa é potencializada por iniciativas locais e por políticas públicas.


2021 ◽  
Vol 41 (2) ◽  
pp. 262-279
Author(s):  
Regina Aparecida Leite de Camargo ◽  
Vanilde Ferreira de Souza-Esquerdo ◽  
Ricardo Serra Borsatto
Keyword(s):  

Após o período áureo da criação e implantação de programas de políticas públicas para a agricultura familiar, na primeira década dos anos 2000, o Brasil assiste a um processo de desestruturação de políticas, em diferentes esferas, que não se caracteriza por um desmonte linear, mas antes combina narrativas e ações que podem parecer contraditórias, ainda que sigam, em última análise, um objetivo definido. Assim, tem-se o governo federal martelando a retórica de “uma só agricultura” ao mesmo tempo que mantém programas específicos para a agricultura familiar e, para amenizar os efeitos decorrentes da pandemia Covid-19, revitaliza o Programa de Aquisição de Alimentos. Talvez o legado mais importante dos programas PAA e PNAE seja a construção de um modelo que, com variações e adaptações, foi incorporado por várias administrações estaduais e algumas municipais. Seguindo essa tendência, o estado de São Paulo criou, em 2011, o Programa Paulista de Agricultura de Interesse Social (PPAIS) e, em 2020, atendeu grupos em vulnerabilidade social com um PAA por Termo de Adesão e o Programa Cestas da Cidadania. O presente artigo analisa essas três iniciativas por meio da coleta de dados em sites governamentais, e discute como políticas públicas para a agricultura familiar podem fomentar a formação de sistemas agroalimentares mais localizados e diferenciados do modelo agroexportador de commodities.


2021 ◽  
Vol 41 (2) ◽  
pp. 246-261
Author(s):  
Paulo Eduardo Moruzzi Marques ◽  
Natália Gebrim Dória

O artigo apresenta uma interpretação sobre a evolução do debate em torno da noção de segurança alimentar e nutricional no Brasil. As ambiguidades que caracterizam as conceituações de segurança alimentar são tomadas como ponto de partida para explicar a emergência da noção de soberania alimentar. No caso brasileiro, a integração desta última na construção de sentidos de segurança alimentar e nutricional marca as reivindicações do movimento social e as iniciativas públicas neste âmbito.


2021 ◽  
Vol 41 (2) ◽  
pp. 385-405
Author(s):  
Elenita Moreira Siqueira da Cunha ◽  
Ivan Bursztyn

A multiplicação dos cursos de gastronomia no Brasil, ao longo das últimas décadas, mudou o perfil do profissional dessa área. O gastrônomo passou a ser alguém com muito mais conhecimento teórico a ser aplicado na prática, ampliando sua atuação para além da cozinha dos restaurantes estrelados. O presente artigo teve como objetivo levantar o potencial da contribuição do gastrônomo no diálogo entre campo e cidade, auxiliando na comercialização e escoamento de produção de agricultores familiares agroecológicos e orgânicos, por meio do estudo de caso sobre o projeto das Cestas Agroecológicas em Condomínios. O projeto se mostrou como elemento eficaz na geração de renda para os pequenos agricultores na pandemia, assim como um facilitador no acesso a alimentos frescos, saudáveis e livres de insumos químicos para os consumidores. O gastrônomo demonstra importante potencial como mediador da relação entre produtores e consumidores em projetos dessa natureza.


2021 ◽  
Vol 41 (2) ◽  
pp. 406-421
Author(s):  
Joana Tereza Vaz de Moura ◽  
Marcos Aurélio Freire da Silva Júnior
Keyword(s):  

Nos últimos anos no Brasil, diversas ações que buscavam incentivar a mobilização dos jovens tiveram cortes e/ou deixaram de existir. Essas perdas desmobilizaram boa parte da juventude que vinha tentando se constituir como ator político no campo de disputa. Entretanto, no caso da juventude rural do território Mato Grande, no Rio Grande do Norte, as perdas estão sendo articuladas pelos jovens para pautar novas mobilizações. O artigo busca entender as perdas como ponto de partida para compreender como os jovens rurais dão sentido a elas e como vêm se mobilizando e criando estratégias para atuação no campo político. A metodologia é qualitativa, utilizando como fonte de dados entrevistas coma as principais lideranças juvenis do território a fim de compreender a “narrativa da derrota” (Bechwith, 2015). Os resultados mostram que as perdas foram frustrantes para a juventude rural, mas produziram efeitos significativos na articulação de novas possibilidades de lutas no âmbito local e nas mobilizações pelas redes sociais.


2021 ◽  
Vol 41 (2) ◽  
pp. 422-446
Author(s):  
Andressa Gomes Costa Schinatto ◽  
Aniela Fagundes Carrara
Keyword(s):  

O presente trabalho tem como objetivo principal identificar as facilidades e as dificuldades para a obtenção de crédito via PRONAF, além de eventuais melhorias obtidas via tal programa, para os agricultores familiares do Assentamento Primavera, localizado a 45Km da cidade de Rondonópolis no estado de Mato Grosso. De modo a cumprir tal objetivo foi aplicado um questionário para os responsáveis pelos lotes que compõem tal assentamento. E como principais resultados, pode-se verificar que a maioria dos que responderam o questionário já fizeram uso do PRONAF e por meio de tal programa conseguiram melhorias de infraestrutura na propriedade e aumento da renda. Já entre os que nunca utilizaram o programa, o maior impeditivo relatado foi a burocracia. Por fim, observou-se que é praticamente uma unanimidade no assentamento a compreensão da importância do PRONAF para a agricultura familiar.


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