Considerando que há, atualmente, um culto ao corpo tido como “ideal” (leia-se magro), procuramos refletir, neste estudo, sobre o padrão corporal imposto à mulher. Nesse cenário, destacamos a mulher negra e gorda, pois entendemos que esse sujeito encontra em sua forma física mais um meio de preconceito e discriminação. Assim sendo, objetivamos analisar, a partir do aporte teórico-metodológico da Análise de Discurso de orientação francesa, como os sujeito-mulher e os seus corpos são atravessados, de modo incisivo, pelos ditames de uma sociedade patriarcal e capitalista. Para isso, recortamos, como corpus, enunciados presentes no curta-metragem “Gorda”, disponível no YouTube, uma vez que se parte do princípio de que os dizeres que lá circulam, ainda que tentem romper com os paradigmas do corpo “perfeito”, revelam dificuldade de aceitação. Assim, entendemos que esses discursos mais reafirmam do que rompem barreiras para a “quebra” de padrões. Diante disso, os conceitos de Ideologia, Condições de Produção, Formação Discursiva, Formação Ideológica e Memória Discursiva foram mobilizados para ancorar teoricamente a discussão, pois compreendemos que, por meio deles, é possível perceber como os valores socioculturalmente instituídos são (re)produzidos discursivamente.