Fronteiras - estudos midiáticos
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Published By Universidade Do Vale Do Rio Dos Sinos - Unisinos

1984-8226, 1518-6113

2021 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 58-72
Author(s):  
Elizabeth Saad
Keyword(s):  

O encontro entre desinformação e digitalização informacional/social configura-se no locus ideal para a rápida e incontrolável aceleração de desordens informativas, especialmente em momentos de crise sistêmica, tendo o jornalismo um papel fundamental na produção de informação de qualidade, legitima e credível. Indagamos como a práxis e respectivas ontologias são resilientes em tais cenários, especialmente com relação aos processos redacionais de verificação. Partimos do pressuposto que existem diferenças entre as ontologias da verificação e aquelas emergentes dos processos de fact-checking necessários ao combate da desinformação. Propomos refletir neste ensaio teórico sobre as possibilidades de conciliação dos diferentes preceitos ontológicos. Instrumentalizamos nossas reflexões a partir de um panorama do jornalismo contemporâneo em reconfiguração; apresentamos os conceitos recentes na literatura sobre ontologia do jornalismo; discutimos as diferenças de fazeres entre a verificação redacional cotidiana e a atividade do fact-checking organizada como um sistema paralelo; apresentamos e comentamos sobre ecossistema brasileiro atuando neste cenário. Novos posicionamentos ontológicos diante de ondas de desinformação preservam o jornalismo de qualidade, mas necessitam de processos mais complexos que aquele já consolidado de verificação redacional. O fact-checking parece ser o complemento oportuno para dar conta do cenário e olharmos para o jornalismo como parte de um ritual comunicativo enraizado nas bases da sociedade que atua.  Palavras-chave: crise sistêmica; ontologias; jornalismo; fact-checking 


2021 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 160-174
Author(s):  
Michele Goulart Massuchin ◽  
Camilla Quesada Tavares ◽  
Isabele Batista Mitozo ◽  
Viktor Henrique Carneiro de Souza Chagas

O ponto de partida da discussão é a desinformação e busca-se compreender um ponto mais específico que diz respeito à construção de um discurso de descrédito na ciência que se dá a partir da geração de desconfiança em relação às instituições científicas, do descrédito explícito de seus atores e discursos, e da elaboração de falas anticientíficas. Desse modo, o artigo busca analisar que elementos constituem a estrutura argumentativa que fortalece o discurso de descrédito na ciência que está associado à pandemia da COVID-19. Para tanto, trabalha-se com uma amostra dos conteúdos que circularam em 2020 em grupos de WhatsApp de apoio ao atual presidente da República. A partir de palavras-chaves ligadas à pandemia, uma amostra de 908 mensagens foi categorizada a partir da análise de conteúdo com base em dois eixos: a estrutura discursiva e de comunicação. Dentre os principais resultados, evidencia-se a construção do descrédito a partir do uso de elementos que dão legitimidade às mensagens, tanto no que tange à estrutura de comunicação, principalmente com links de sites, como na estrutura discursiva, com o uso de referências médicas e da própria ciência.   Palavras-chave: descrédito na ciência, WhatsApp, pandemia de COVID-19.


2021 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 234-244
Author(s):  
Diego Gouveia Moreira
Keyword(s):  

A televisão opera como um dispositivo (Foucault, 2001), sendo responsável pelo estabelecimento de processos de subjetivação que determinam modos de interpretar a realidade. Um tema que tem ganhado novas abordagens em programas televisivos e, assim, vem contribuindo para novos entendimentos é o da transgeneridade. O Liberdade de Gênero (2016-2017), uma dessas iniciativas, constituiu uma série documental do GNT com foco em pessoas trans. O objetivo deste artigo é estudar como as enunciações do programa configuram um acontecimento discursivo que contribuiu para constituição de novas subjetivações em torno das questões de gênero. A partir de teorias sobre discurso e subjetivação, considera-se que o programa avança no tratamento dado pela televisão a pessoas transgêneras, contribuindo para novas formas de se entender o assunto.   Palavras-chave Televisão. Transgeneridade. Subjetivação.


2021 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
Author(s):  
Carlos Frederico de Brito D'Andréa ◽  
Ronaldo Henn
Keyword(s):  

Este texto de abertura do dossiê "Desinformação em Plataformas Digitais no Contexto da Pandemia" tem como objetivo inicial promover diálogos entre as reflexões e as pesquisas empíricas dos doze artigos reunidos nesta edição da revista Fronteiras. As transformações no jornalismo, a moderação de conteúdo nas plataformas e as disputas narrativas em torno de regimes de verdade são algumas das questões debatidas nas seções "Fake News, Desinformação, Jornalismo" e "Plataformas: com e contra a desinformação". A partir de revisões bibliográficas, buscamos também situar algumas discussões fundamentais e/ou proeminentes sobre os temas que inspiram este dossiê, ao final, apontamos caminhos possíveis para pesquisas futuras, com ênfase na emergência dos deepfakes.


2021 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 190-206
Author(s):  
Leonardo Fernandes Nascimento ◽  
Paulo De Freitas Castro Fonseca ◽  
Juciane Pereira de Jesus ◽  
Jéfte Batista de Oliveira

O Brasil tem se consolidado como um exemplo negativo para a gestão da crise sanitária na pandemia. Apesar disso, levantamentos recentes indicam que uma parte significativa da população mantém intacto seu apoio e confiança no governo federal e em sua estratégia de gestão da Covid-19. A fim de contribuir para a compreensão sobre como se caracterizam a epistemologia e a arquitetura comunicacional digital do bolsonarismo, este trabalho analisa, a partir do referencial teórico dos estudos sociais da ignorância, os debates sobre a pandemia de Covid-19 em um grupo de apoiadores do presidente Bolsonaro no Telegram. A partir de 188.198 mensagens de texto compartilhadas no período de janeiro a dezembro de 2020, foram filtradas e analisadas as comunicações relacionadas com três posicionamentos controversos do governo federal: a oposição às medidas de distanciamento social, a defesa do uso da hidroxicloroquina como tratamento precoce para a Covid-19 e, por fim, a negligência e/ou descrédito em relação à vacinação. Argumentamos ser possível compreender a atuação do presidente Bolsonaro como um exercício de poder oracular de um líder populista digital. Isto seria possibilitado pela a arquitetura das comunicações em redes digitais bolsonaristas, que se configuram como um ecossistema midiático multiplataforma baseado na sensação de uma conexão direta entre líder e povo. Além disso, a análise aponta que, ao contrário de negar a credibilidade e legitimidade da ciência, o bolsonarismo opera demarcações de fronteiras de ignorância por dentro da própria ciência.  Palavras-chave: Covid-19, ignorância, bolsonarismo.


2021 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 140-159
Author(s):  
Marcelo Alves Dos Santos
Keyword(s):  

Este artigo se dedica a analisar notícias falsas sobre Covid-19 a partir de uma abordagem sobre as infraestruturas da desinformação. Dessa forma, estudamos websites clones que copiam o YouTube para replataformizar o ambiente informacional e espalhar vídeos com títulos falsos e sensacionalistas, dificultando a aplicação de políticas de moderação de conteúdo. A pesquisa empírica trata de 16 websites de hospedagem de vídeos e 11.384 publicações de links em grupos e páginas do Facebook. Aplicamos procedimentos de métodos digitais e computacionais elaborados para analisar fake news de forma cenográfica e técnicas de identificação de coordenação de atividades inautênticas. Encontramos sites clones que manipulam vídeos da imprensa adicionando manchetes falsas. A operação articula o espalhamento de vídeos de modo organizado, instrumentalizando grupos de religião, entretenimento, políticas e notícias no Facebook. Ao final, debatemos as implicações para combater a desinformação com foco na interação entre plataformas.   Palavras-chave: comunicação, infraestruturas, desinformação, replataformização, moderação.


2021 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
Author(s):  
Marília Gehrke ◽  
Marcia Benetti
Keyword(s):  

Este artigo apresenta os principais temas, plataformas e atores envolvidos na disseminação de desinformação sobre a Covid-19 no Brasil. Analisamos 407 textos classificados como falsos pelas agências de fact-checking que integram a plataforma colaborativa Latam Chequea Coronavirus. O corpus se refere ao início da pandemia, e por isso inclui conteúdos publicados de 15 de março a 21 de julho de 2020. Por meio de análise de conteúdo, descobrimos que o tópico mais frequente é a política (25,55%), seguido de cura (20,64%), dados (19,66%) e contágio (18,43%). Em relação aos sentidos das publicações, obtidos por meio de análise qualitativa de 300 textos, identificamos que as principais narrativas buscam favorecer o presidente Jair Bolsonaro e suas convicções a respeito da pandemia. Praticamente a metade dos casos (48,34%) utiliza, como estratégia, a produção de falso contexto, quando uma imagem genuína ou um fato verdadeiro é deslocado de seu contexto original para gerar uma inverdade. Também estão no entorno do presidente os atores que com frequência espalham desinformação sobre a pandemia nas redes sociais digitais. Em 60 textos nos quais foi possível identificar os atores com potencial de ampliar a profusão de conteúdo falso, o deputado federal Osmar Terra se apresenta como uma figura central, ao lado de Bolsonaro e seus filhos. Nosso levantamento ainda mostra que a desinformação circula principalmente no Facebook e no WhatsApp, muitas vezes simultaneamente nesses espaços e em outras redes sociais. Texto e imagem são os formatos mais recorrentes.    Palavras-chave: jornalismo; desinformação; Covid-19


2021 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 73-88
Author(s):  
André Lemos ◽  
Frederico Oliveira
Keyword(s):  

O Facebook coproduz e distribui conteúdos falsos sendo parte essencial do ecossistema de desinformação sobre a Covid-19. Este artigo analisa 103 checagens sobre a Covid-19 publicadas pelas agências Aos Fatos e Lupa entre 24 de janeiro e 31 de março de 2020. Os 109 conteúdos falsos verificados nesses textos também foram analisados. A partir da ideia de “cadeias de referências”, proposta por Bruno Latour, o artigo relaciona as formas do fazer jornalístico com aquelas do fato científico. O argumento é que as cadeias de desinformação – fake news – buscam simular as cadeias de referência do jornalismo, parecendo verdadeiras (modo REF), mas funcionando sob um modo religioso (modo REL). Conteúdos falsos e checagens distinguem-se especificamente pela forma de adesão a esses modos. No caso das fake news, as características do Facebook – remoção de metadados de imagens, forma de apresentação de compartilhamentos etc. - corroboram argumentos falsos, sendo eficazes na geração de adesão identitária ao conteúdo inverídico. Palavras-chave: Fake news. Checagem de fatos. Cadeias de referência. Facebook. Covid-19.


2021 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 245-258
Author(s):  
Renata Jéssica Galdino ◽  
Tarcisio Torres Silva

Este trabalho discute a violência contra as mulheres nos games. Evidencia ser este um campo de tensão, pois ao mesmo tempo em que cresce a participação feminina em competições e em iniciativas do setor, crescem também as manifestações contrárias à maior presença feminina num ambiente até pouco tempo atrás predominantemente masculino. Através do levantamento de dados quantitativos, análise de conteúdo e discussão de casos como o da ativista Anita Sarkeesian e da hashtag gamergate, observamos que a violência que se manifesta nos games é reflexo de uma cultura machista presente na indústria e em parte da comunidade gamer. Por outro lado, a antipatia de uma parcela do público masculino tem contribuído para a melhor organização das mulheres de iniciativas para buscar espaço no setor e fortalecer sua presença.     Palavras-chave: mulher, games, misoginia.


2021 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 44-57
Author(s):  
Fernanda Vasques Ferreira ◽  
Rafiza Varão
Keyword(s):  

Qualquer problema dos cenários públicos faz parte daqueles sobre os quais as políticas públicas devem se debruçar, incluindo a saúde dos cidadãos. Após o anúncio da pandemia da Covid-19 no Brasil, emergiu uma discussão equivocada acerca da separação entre as questões de saúde e aquelas concernentes à política. Este texto tem como objetivo analisar de que maneira essas questões aparecem em quatro materiais jornalísticos publicados no Correio Braziliense, na Jovem Pan, nos portais de notícias UOL e IG e confrontá-los com com texto de ampla circulação nas mídias sociais, atribuído erroneamente ao filósofo e educador Mario Sérgio Cortella. Consideramos o contexto de desinformação e de proliferação de fake news em detrimento da formulação e discussão de políticas públicas efetivas para redução dos impactos da doença na saúde e na vida dos cidadãos. Para realizar a análise, foi utilizado o método da análise de conteúdo, conforme bases preconizadas por Bardin (2011), com inferências advindas da reflexão teórica sobre saúde e comunicação (GAVILANES, 2009;  TABAKMAN, 2013; ARAÚJO, 2014;  entre outros). Conclui-se que os equívocos acerca da saúde como objeto da política não se restringem apenas ao texto amador, mas também àqueles produzidos pelo jornalismo profissional aqui analisado.


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