Revista de Antropologia da UFSCar
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Published By Revista De Antropologia Da Ufscar

2175-4705

2021 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 60-74
Author(s):  
Edson Tosta Matarezio Filiho
Keyword(s):  

A Festa da Moça Nova, a iniciação feminina dos Ticuna à vida adulta, é um ritual em que a música deve soar a todo momento. Como atestam muitas narrativas míticas, as festas que foram negligenciadas ou as moças que foram deixadas “no silêncio” acabaram sendo raptadas por seres mal-intencionados. Tudo indica que esses rituais reforçam a perspectiva acústica Ticuna (Magüta), garantindo que as moças permaneçam como ‘pessoas-de-verdade’ (du’ü̃güü̃chi).


2021 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 75-99
Author(s):  
Douglas Ferreira Gadelha Campelo

Neste artigo procuro analisar o lugar que a relação entre canto e sacrifício possui no interior da socialidade tikmũ,ũn. Meu argumento é o de que parece operar uma dinâmica de quebra e partilha dos corpos, presente em narrativas míticas e em outras esferas da socialidade tikmũ,ũn, como na circulação dos cantos, das doenças e de partes dos animais oferecidos aos yãmĩyxop – coletivo de espíritos cantores. Esta perspectiva mobiliza na socialidade tikmũ,ũn uma espécie de multiplicidade intensiva dos corpos por meio da agência dos cantos e de partes de corpos que atravessam a pessoa tikmũ,ũn com uma multidão de outros.


2021 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 39-53
Author(s):  
Jacqueline Candido Guilherme
Keyword(s):  

“As experiências da vida são experiências de palavra” (Chamorro 2008: 56). Entre os Kaiowá e Ñandéva a valorização da palavra, oralidade e cantos são temas bastantes conhecidos na literatura antropológica. Dentre outras coisas, pesquisadores apontam para a palavra como princípio vital, geradora e mantenedora da vida. Tomo como ponto de partida para a reflexão algumas canções do grupo de rap Brô Mc’s, que se autodenominam enquanto Guarani Kaiowá. A partir de nossas conversas sobre o processo de composição musical, que envolve os modos como elaboram suas rimas, as escolhas das palavras, seus significados e suas intenções com elas, chegamos a uma reflexão sobre os modos como esses indígenas têm operacionalizado o poder da palavra cantada por meio de suas canções. A produção artística dos Brô Mc's, longe de se configurar como aculturação- no sentido de perda -, aponta para modos de se atualizar as formas de uso da palavra Kaiowá e Guarani, seus significados e suas agências, estas últimas sempre implicadas numa relação direta com o corpo de quem as executa e de quem as escuta.


2021 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 193-216
Author(s):  
Valentina Calado Pompermaier
Keyword(s):  

Este artigo pretende refletir sobre a teoria do parentesco a partir do romance As Alegrias da Maternidade, escrito pela nigeriana Buchi Emecheta e publicado originalmente em 1979. Ambientada na Nigéria, na primeira metade do século XX, a obra acompanha a trajetória da protagonista Nnu Ego. Sua história evidencia as mudanças ocorridas nas relações de parentesco na Nigéria, em vista da presença colonial britânica. Assim, as relações mantidas entre Nnu Ego e seus parentes, em especial seus filhos, permitem reflexões no âmbito de diferentes teorias antropológicas do parentesco. Este artigo parte das proposições de autores canônicos, como Alfred Radcliffe-Brown e Claude Lévi-Strauss, desembocando em discussões mais recentes, marcadas principalmente pela desestabilização da categoria “parentesco” promovida por David Schneider.


2021 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 217-235
Author(s):  
Ana Luiza Noronha ◽  
Hugo Virgílio de Oliveira

Na antropologia, visitamos e revisitamos nossos registros de campo. A cada olhar, a cada retorno aos dados, achamos uma informação que poderia deixar o trabalho mais completo, ou que poderia fazer mais conexões com o que nós, antropólogos, observamos. É nesse sentido que surge o Mundo na Sala de Aula, uma série feita em formato de podcast que revisita registros e conteúdos do Mundaréu, um podcast de divulgação científica sobre Antropologia. Para a elaboração dos episódios, cada participante da equipe ouviu o material bruto da primeira temporada do Mundaréu e a partir disso foram selecionados os temas que seriam abordados. Os episódios do Mundo na Sala de Aula foram roteirizados, gravados, produzidos e editados pelos estudantes do Departamento de Antropologia da Unicamp e da Universidade de Brasília com orientação das professoras responsáveis pelo projeto, também destas duas universidades. Para além do objetivo de aproveitar materiais empíricos e achar novos tópicos para serem debatidos, essa série tem o objetivo de ser uma alternativa para discutir a antropologia em outros formatos, e que passou a ser utilizada como uma ferramenta durante o ensino remoto emergencial adotado pelas universidades citadas.


2021 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 278-294
Author(s):  
Luana Carla Martins Campos Akinruli ◽  
Samuel Ayobami Akinruli

O crescimento exponencial dos interesses minerários em Miguel Burnier, distrito do município de Ouro Preto (Minas Gerais, Brasil) está sintonizado a um contexto de ampliação minerária experienciado no politicamente chamado de "Quadrilátero Ferrífero-Aquífero" e que reflete a expansão das fronteiras da indústria extrativa mineral no Brasil o que também é evidente na América Latina. Como os impactos socioambientais decorrentes desse contexto são experienciados pela comunidade? Quais lutas e resistências são travadas no embate pelo direito a existir? Estas são algumas questões propostas nesse ensaio fotográfico resultado de pesquisas etnográficas realizadas a partir do ano de 2013, que demonstra os processos de litígios relacionados aos direitos fundamentais da comunidade, como as prerrogativas legais sobre seu território e sua memória. Neste estudo de caso, o patrimônio cultural expôs tanto os procedimentos bastante seletivos do ato de lembrar e esquecer, quanto as dinâmicas dos usos sociais do patrimônio em suas imbricadas relações entre a defesa de identidades, territórios e memórias.


2021 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 147-172
Author(s):  
Phirtia Raianny Rodrigues da Silva
Keyword(s):  

As solicitações de refúgio vêm aumentando consideravelmente nos últimos anos e mobilizam diversos questionamentos, ações, recursos e sentimentos voltados à proteção dos direitos da pessoa migrante. Utilizando como fonte diversas interlocuções produzidas durante campo etnográfico realizado em uma instituição filantrópica de acolhida a imigrantes na cidade de São Paulo proponho uma reflexão acerca da gestão humanitária do refúgio negro. Em linhas gerais, sustento o argumento de que o governo humanitário torna possível a implementação, na vida cotidiana, de uma gestão racializada das populações negras solicitantes de refúgio. Nesse sentido, avalio três aspectos desta gestão: o choque de percepção do que é “ser negro” no Brasil; a centralidade da dor na gestão política do refúgio e, finalmente, a exacerbada produção narrativa que incide sobre os corpos negros através da circulação de informações entre instituições.


2021 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 173-192
Author(s):  
Yves Marcel Seraphim
Keyword(s):  

A fumicultura é uma atividade agrícola de trabalhos eminentemente manuais cujas jornadas são caracterizadas pela proximidade e pela constância do contato entre os corpos dos(as) fumicultores(as) e as folhas de tabaco, desde o pé da planta na roça até a estufa, onde são secadas para a venda. Essa íntima relação é o objeto deste texto, ademais, intencionando demonstrar como a etnografia das atividades cotidianas dos colonos fumicultores no Alto Vale do Itajaí (SC) contribui ao estudo antropológico dos contextos agroindustriais. Assim, passando pelo desbrotamento das flores do tabaco, pela aplicação de agrotóxicos, pela colheita e seus “porres de fumo” (overdoses de nicotina) e pelas tarefas na estufa, há de se demonstrar como se conforma uma relação mútua de disciplinamento entre humanos e vegetais. De um lado, transforma-se tabaco em mercadoria para a venda contratual com empresas fumageiras fornecedoras dos insumos agrícolas, de outro, agricultores sobrepujados pelo ritmo dos serviços reconhecem sua mão-de-obra como uma mercadoria não remunerada. A partir desses aspectos, este estudo fornece uma compreensão a nível etnográfico da atual reorientação produtiva da agroindústria fumageira sul-brasileira.


2021 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 8-16
Author(s):  
Ana Maria Ramo y Affonso ◽  
Adriana Queiroz Testa ◽  
Emanuele Fabiano

Neste dossiê, reunimos alguns trabalhos que foram apresentados no Painel “Palavras nos Mundos Indígenas” realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), nos dias 22 e 23 de novembro de 2018, durante a XVIII Reunião do International Union of Anthropological and Ethnological Sciences – IUAES. A nossa intenção ao propor o Painel era indagar o que são as palavras para os ameríndios com base em descrições de casos etnográficos específicos.


2021 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 17-38
Author(s):  
Amanda Cristina Danaga

Os Tupi Guarani, assim como outros indígenas, apresentam maneiras específicas de operar e enunciar suas políticas. Partindo de uma etnografia que tratou dos modos tupi guarani de fazer políticas, especialmente na Ywyty Guaçu (Aldeia Renascer - Ubatuba/SP), proponho pensar a estética dos enunciados enquanto um gênero narrativo. Os discursos tupi guarani caracterizam-se por modulações distintas no agenciamento das palavras, uma performance marcada por uma fala aguerrida, onde as “broncas” e as histórias dos antigos se destacam. Palavras duras que se mostram poéticas, na medida em que realizam conexões com um tempo passado, com uma memória dos antigos e com a intencionalidade em fazer pessoas. As “broncas”, como recurso enunciativo, são potentes porque afetam pessoas, criam socialidades e colocam as histórias dos antigos em movimento. A plasticidade contida nessas palavras é um esforço permanente de propiciar bons encontros entre palavras e pessoas.


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