“Edgar Allan Poe”: uma tradução comentada da crônica de Rubén Darío
Na crônica “Edgar Allan Poe” (2013), um narrador angustiado e indignado com as imagens assombrosas e, ao mesmo tempo, maravilhosas que se multiplicam ao redor dele em um passeio por Manhattan é desenvolvido pelo autor nicaraguense Rubén Darío. No texto, o cronista evidencia por que é importante falar da perspectiva não só da América hispânica, como também de uma América periférica a observar, crítica, o centro. Com um ritmo elétrico, marcado pela ausência de pausas, assim como através do uso de uma linguagem híbrida, repleta de referências hipertextuais, o texto é sufocante – da mesma forma que, para Darío, parecia ser sufocante Manhattan. Neste sentido, e para manter a confusão de estilo e imagens que faz Darío, muito provavelmente de forma proposital, minha proposta de tradução da crônica “Edgar Allan Poe” é guiada por duas premissas: 1) Promover a manutenção de sua pontuação peculiar, que preza pelo ritmo acelerado e dá ao leitor poucas oportunidades de “respirar” entre as diferentes observações que faz o narrador; 2) Reiterar o caráter híbrido e hipertextual da crônica, reproduzindo as diversas referências que Darío faz a personagens (históricos e fictícios) e a espaços, assim como seu uso de palavras em inglês, que, através do contrato de verossimilhança, convida o leitor a embarcar naquela viagem pela metrópole americana.