scholarly journals A jangada de pedra: entre o (neo)fantástico e o alegórico

Author(s):  
Maristela Scheuer Deves

O desgarramento da Península Ibérica em relação ao restante da Europa, apresentado pelo escritor português José Saramago no romance A jangada de pedra, pode parecer ao leitor uma história fantástica. Entretanto, sua publicação justamente quando Portugal e Espanha ingressavam na então Comunidade Europeia permite a leitura da obra como alegoria – o que, segundo as teorias de Tzvetan Todorov, eliminaria a classificação de fantástico. Utilizando-se, porém, a lente do neofantástico tal como proposto por Jaime Alazraki, é possível admitir o enquadramento do livro nesse gênero. Com o afastamento temporal de mais de três décadas e a consciência de que nem todos os leitores carregam o conhecimento do contexto em que a obra foi escrita, este artigo propõe que as duas leituras de A jangada de pedra são admissíveis: a (neo)fantástica e a alegórica. 

2020 ◽  
Vol 1 (66) ◽  
pp. 92
Author(s):  
Rodrigo Cézar Dias

<p>O presente artigo propõe uma leitura acerca de como a presença do Islã na Península Ibérica, enquanto experiência traumática negada na memória portuguesa, é elaborada literariamente em <em>Eurico, o presbítero</em>, de Alexandre Herculano, e em <em>História do cerco de Lisboa</em>, de José Saramago. A fim de levantar subsídios para fundamentar a análise das obras, parte-se de uma revisão bibliográfica a respeito das noções de trauma e memória, tendo como horizonte o conceito de memória cultural cunhado por Jan e Aleida Assmann. Por meio deste estudo, penso que seja possível considerar ambos os romances como marcos da representação da presença islâmica na literatura portuguesa: <em>Eurico, o presbítero</em> figuraria, pois, como negação desse trauma fundacional e <em>História do cerco de Lisboa</em>,<em> </em>como revisão que restitui alteridades soterradas pelos cânones historiográfico e literário de Portugal.</p>


2012 ◽  
Vol 8 (2) ◽  
Author(s):  
Bruna Sommer Farias

Este trabalho objetiva analisar como se dá a representação da relação entre os países ibéricos, Portugal e Espanha, na obra A jangada de pedra (1986), de José Saramago. Com base na noção de comunidade imaginada proposta por Hall (2006), e de nacionalidade apresentada por Anderson (1989), discute-se a representação da relação Portugal-Espanha enquanto unidade que compõe a ibericidade. A análise permeia as trajetórias e os discursos das personagens com relação a suas origens nacionais, o modo como se relacionam e como se posicionam diante da ruptura da península. O narrador, em sua condição onisciente e de atitude invasiva, também contribui para a construção da noção de identidade ibérica, através do modo com que guia o lei-tor pelo processo de busca interior das personagens, em um plano individual, e pelo processo de busca identitária da Península Ibérica como um todo, em um plano coletivo, representado pelas ideias de ruptura e de intemporalidade dos feitos do povo ibérico.


2006 ◽  
Vol 2 (2) ◽  
Author(s):  
Adauto Locatelli Taufer

Este ensaio representa a síntese de uma comunicação apresentada na disciplina Seminário de Autor: José Saramago do Curso de Pós-Graduação do Curso de Letras (PPGLET) da UFRGS. Para a realização deste estudo, a fonte de inspiração foi a predestinação do povo português às navegações. O recorte apresentado focaliza dois dos principais aspectos da história e cultura portuguesas, desenvolvidas por Saramago no romance A Jangada de Pedra: a viagem em busca da identidade perdida no passado esplendoroso e a dessacralização do mito do descobridor português. N’A Jangada de Pedra, a Península Ibérica é desmembrada do Continente Europeu e vai navegando pelo oceano Atlântico, numa viagem à deriva, cuja imagem utópica simboliza a procura da identidade perdida de Portugal através do desprendimento alegórico da Península Ibérica do Continente Europeu. Palavras-chave: identidade; mito; passado glorioso; viagem.


2016 ◽  
Vol 9 (13) ◽  
pp. 194
Author(s):  
Amanda Malato Santos ◽  
Francisco Das Chagas Ribeiro Junior ◽  
Sheila Lopes Maués Autiello

O presente estudo tem como foco de abordagem A Jangada de Pedra, de José Saramago, analisando a presença de tópicos da relação história e ficção. No romance em estudo, ocorre uma separação geográfica da Península Ibérica do restante continente europeu. Partindo deste fato ficcional, o autor português organiza um romance que antecipa o caos econômico europeu, tributado pela política neoliberal ao aderir ao Mercado Comum Europeu hoje União Europeia. Portugal e Espanha navegam à deriva sem se identificarem cultural, social ou economicamente com o restante do continente. O fundamento da relação entre história e literatura no romance pós-moderno, na presente análise, orienta-se pelos conceitos de Linda Hutcheon. Palavras-Chave: José Saramago; Jangada de Pedra; Literatura Portuguesa; Metaficção historiográfica. Metaficción historiográfica.


2012 ◽  
Vol 8 (2) ◽  
Author(s):  
Maria Amália Cassol Lied

Este artigo tem como objetivo analisar as personagens no romance A Jangada de Pedra, de José Saramago, frente aos acontecimentos com a Península Ibérica, demonstrar os eventos que acontecem com cada uma delas, assim como entre elas, e concluir como os indivíduos reagem frente a grandes mudanças.


2004 ◽  
Vol 24 (33) ◽  
pp. 55
Author(s):  
Maria Do Carmo Pascoli

<p>Este estudo do romance <em>A jangada de pedra </em>de José Saramago parte do  motivo da viagem como movimento transformador das situações e dos  indivíduos. A interpretação da viagem empreendida pela península Ibérica,  transformada em jangada na ficção de Saramago, privilegia a busca de  um sentido pela escolha do caminho marítimo e o questionamento quanto  aos motivos que teriam levado a península a romper os laços geográficos  com a Europa. O trajeto pelo oceano simboliza a viagem existencial dos  indivíduos e da nação portuguesa que procura firmar-se, em uma parte  do planeta, no qual, possa determinar as próprias diretrizes, independente  do jugo econômico imposto pelas macro-potências. <em>A jangada de pedra</em>,  imaginada por Saramago, transporta os portugueses, que partem em busca  de autonomia política, econômica e social, através do mar “novamente  desconhecido”.</p> <p>This study has of the José de Saramago´s book <em>The Stone Raft </em>(A jangada  de pedra) begins by exploring the reason of the trip as a transforming  movement of the situations and the individuals. The interpretation of the  trip as the Iberian peninsula, transformed into a raft in the Saramago  fiction, privileges the search for sense in the choice of the maritime way  and it questions the reasons which would have led the peninsula to  break the geographic ties with Europe. Its way through the sea symbolises  the existential trip of the individuals and of the Portuguese nation which  is trying to become significant somewhere within the planet, where it  may determine its own laws, independent from economical demands  from the great nations. <em>The stone raft </em>that was imagined by Saramago,  transports the Portuguese that leave their nation in search for political,  economical and social autonomy, throughout the sea that is “once again  unknown”.</p>


2012 ◽  
Vol 37 ◽  
pp. 179-184
Author(s):  
José Luis Fernández Alonso

Epilobium ciliatum Rafin. (Onagraceae), a new adventive species potentially invasive in the Iberian Peninsula Palabras clave. Epilobium ciliatum, especies adventicias, Flora vascular, Onagraceae, Península Ibérica. Key words. Epilobium ciliatum, Iberian Peninsula, adventive species, Onagraceae, vascular flora


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