Estudo epidemiológico das síndromes hipertensivas com proteinúria e edema sob internação no Estado do Rio de Janeiro
Introdução: As síndromes hipertensivas associadas a proteinúria e edema estão entre as principais causas de morte materna. Entre essas síndromes, as mais presentes são a pré-eclâmpsia e a hipertensão gestacional, que ocorrem a partir da 20ª semana de gestação. A pré-eclâmpsia é determinada por hipertensão, proteinúria e/ou edema, e a hipertensão gestacional não cursa com essa tríade. No estágio inicial a doença é assintomática, mas, caso o tratamento não ocorra, pode progredir para formas graves como a eclâmpsia e a síndrome HELLP. A eclâmpsia é determinada por manifestação de crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas, com uma ou mais crises e/ou coma em gestante com hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia. E a síndrome HELLP apresenta hemólise (H), elevação das enzimas hepáticas (EL) e plaquetopenia (LP). Objetivo: Identificar características epidemiológicas e demográficas, destacando aspectos relativos ao caráter e regime de atendimento, número de internações, faixa etária, raça e cor, número de óbitos e taxa de mortalidade. Métodos: A coleta de dados foi realizada por meio de pesquisa de informações na plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) do período de janeiro de 2008 a dezembro de 2018, na busca dos códigos CID-10 no grupo O10 - O16 (Edema, proteinúria e transtornos hipertensivos na gravidez, no parto e no puerpério), na plataforma SciELO e no manual técnico de gestação de alto risco. O estudo presente é de caráter quantitativo, epidemiológico, descritivo e transversal. Resultados: O estudo analisou 58.329 internações de janeiro 2008 até dezembro de 2018, observando crescimento de 152,5% e taxa de 10% de crescimento médio anual, com 73% das internações no serviço público. Dentro do Grupo O10 - O16, 38% foram diagnosticados com CID 10 - O14, hipertensão gestacional induzida pela gravidez, com proteinúria significativa, a pré-eclâmpsia. A média de permanência nos leitos foi de 3,8 dias, destacando-se o contraste entre as regiões metropolitana I, com 5,2 dias, e a Noroeste, com 2,83 dias. Das gestantes, 35% eram pardas, 45% possuíam faixa etária entre 20 e 29 anos, 92% dos atendimentos tiveram caráter emergencial, e no período de 2016 a 2017 houve um aumento de 56,5% nos atendimentos de emergência. Houve 56 óbitos de gestantes no período estudado, e a taxa de mortalidade por atendimentos foi maior por ocorrência em Belford Roxo (6,67% ao ano) e por residência em Paty do Alferes (0,85% ao ano), entretanto, o município de Campos dos Goytacazes teve o maior coeficiente de mortalidade materna (0,09/1.000 nascidos vivos). Conclusão: As doenças hipertensivas gestacionais são um problema de significativa relevância na saúde pública do estado. É inegável a importância de um maior investimento na melhoria dos serviços especializados em gestações de alto risco para o diagnóstico precoce e melhor manejo das possíveis complicações relacionadas.