scholarly journals Estudo epidemiológico das síndromes hipertensivas com proteinúria e edema sob internação no Estado do Rio de Janeiro

2019 ◽  
Vol 129 (2) ◽  
pp. 38-38
Author(s):  
Ingrid Paiva Duarte ◽  
Léo Rodrigo Abrahão dos Santos ◽  
André Melo Faria ◽  
Jacqueline dos Santos Carvalho

Introdução: As síndromes hipertensivas associadas a proteinúria e edema estão entre as principais causas de morte materna. Entre essas síndromes, as mais presentes são a pré-eclâmpsia e a hipertensão gestacional, que ocorrem a partir da 20ª semana de gestação. A pré-eclâmpsia é determinada por hipertensão, proteinúria e/ou edema, e a hipertensão gestacional não cursa com essa tríade. No estágio inicial a doença é assintomática, mas, caso o tratamento não ocorra, pode progredir para formas graves como a eclâmpsia e a síndrome HELLP. A eclâmpsia é determinada por manifestação de crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas, com uma ou mais crises e/ou coma em gestante com hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia. E a síndrome HELLP apresenta hemólise (H), elevação das enzimas hepáticas (EL) e plaquetopenia (LP). Objetivo: Identificar características epidemiológicas e demográficas, destacando aspectos relativos ao caráter e regime de atendimento, número de internações, faixa etária, raça e cor, número de óbitos e taxa de mortalidade. Métodos: A coleta de dados foi realizada por meio de pesquisa de informações na plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) do período de janeiro de 2008 a dezembro de 2018, na busca dos códigos CID-10 no grupo O10 - O16 (Edema, proteinúria e transtornos hipertensivos na gravidez, no parto e no puerpério), na plataforma SciELO e no manual técnico de gestação de alto risco. O estudo presente é de caráter quantitativo, epidemiológico, descritivo e transversal. Resultados: O estudo analisou 58.329 internações de janeiro 2008 até dezembro de 2018, observando crescimento de 152,5% e taxa de 10% de crescimento médio anual, com 73% das internações no serviço público. Dentro do Grupo O10 - O16, 38% foram diagnosticados com CID 10 - O14, hipertensão gestacional induzida pela gravidez, com proteinúria significativa, a pré-eclâmpsia. A média de permanência nos leitos foi de 3,8 dias, destacando-se o contraste entre as regiões metropolitana I, com 5,2 dias, e a Noroeste, com 2,83 dias. Das gestantes, 35% eram pardas, 45% possuíam faixa etária entre 20 e 29 anos, 92% dos atendimentos tiveram caráter emergencial, e no período de 2016 a 2017 houve um aumento de 56,5% nos atendimentos de emergência. Houve 56 óbitos de gestantes no período estudado, e a taxa de mortalidade por atendimentos foi maior por ocorrência em Belford Roxo (6,67% ao ano) e por residência em Paty do Alferes (0,85% ao ano), entretanto, o município de Campos dos Goytacazes teve o maior coeficiente de mortalidade materna (0,09/1.000 nascidos vivos). Conclusão: As doenças hipertensivas gestacionais são um problema de significativa relevância na saúde pública do estado. É inegável a importância de um maior investimento na melhoria dos serviços especializados em gestações de alto risco para o diagnóstico precoce e melhor manejo das possíveis complicações relacionadas.

1999 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 397-403 ◽  
Author(s):  
Mariza Miranda Theme-Filha ◽  
Rosanna Iozzi da Silva ◽  
Claudio P. Noronha

O coeficiente de mortalidade materna é considerado um importante indicador da qualidade da assistência prestada à mulher no período gravídico-puerperal. Com o objetivo de conhecer melhor o perfil da mortalidade materna no município do Rio de Janeiro, foram analisados os óbitos maternos de mulheres residentes na cidade no período de 1993 a 1996, com base nas informações contidas nas Declarações de Óbito. Foram calculados os coeficientes de mortalidade segundo causa, idade e escolaridade. Foram encontrados coeficientes bastante elevados em todo período analisado (74,3; 47,9; 51,5 e 55,3 por 100.000 nascidos vivos, respectivamente). As principais causas de morte foram a hipertensão arterial, as hemorragias e as complicações puerperais. Verificou-se que o maior risco encontra-se nos extremos da faixa etária (10-14 e 40 e + anos), e nas mulheres com menor grau de instrução. Discutem-se estratégias para diminuir o sub-registro e melhorar a qualidade e o resultado da assistência prestada.


2008 ◽  
Vol 42 (5) ◽  
pp. 895-902 ◽  
Author(s):  
Maria Inês Couto de Oliveira ◽  
Marcos Augusto Bastos Dias ◽  
Cynthia B Cunha ◽  
Maria do Carmo Leal

OBJETIVO: A qualidade da assistência ao trabalho de parto tem sido reconhecida na prevenção de complicações obstétricas que podem levar à morbi-mortalidade materna, perinatal e neonatal. O objetivo do estudo foi analisar a qualidade da assistência ao trabalho de parto segundo o risco gestacional e tipo de prestador. MÉTODOS: Estudo transversal de observação da assistência ao trabalho de parto de 574 mulheres, selecionadas por amostra estratificada em 20 maternidades do Sistema Único de Saúde do Rio de Janeiro (RJ), entre 1999 e 2001. A qualidade da assistência foi analisada segundo o risco gestacional e o tipo de prestador. Utilizaram-se procedimentos estatísticos de análise de variância e de diferença de proporções. RESULTADOS: Do total da amostra, 29,6% das gestantes foram classificadas como de risco. Apesar da hipertensão ser a causa mais importante de morte materna no Brasil, a pressão arterial não foi aferida em 71,6% das gestantes durante a observação no pré-parto. Em média foram feitas cinco aferições por parturiente, sendo o menor número nos hospitais conveniados privados (média de 2,9). Quanto à humanização da assistência, observou-se que apenas 21,4% das parturientes tiveram a presença de acompanhante no pré-parto, 75,7% foram submetidas à hidratação venosa e 24,3% à amniotomia. O único tipo de cuidado que variou segundo o risco obstétrico foi a freqüência da aferição da pressão arterial, em que as gestantes de risco foram monitoradas o dobro de vezes em relação às demais (média de 0,36 x 0,18 aferições/h respectivamente, p=0,006). CONCLUSÕES: De modo geral, as gestantes de baixo risco são submetidas a intervenções desnecessárias e as de alto risco não recebem cuidado adequado. Como conseqüência, os resultados perinatais são desfavoráveis e as taxas de cesariana e de mortalidade materna são incompatíveis com os investimentos e a tecnologia disponível.


Author(s):  
Halene Cristina Dias Armada e Silva ◽  
Maria Regina Bernardo da Silva ◽  
Francisca Reginele De Sousa Barros ◽  
Daniel Ribeiro Soares de Souza ◽  
Claudia Da Silva de Medeiros ◽  
...  

Objetivo Refletir acerca dos fatores que contribuem para a mortalidade materna. Metodologia: Tipo descritiva, com abordagem quantitativa e para análise dos dados, foram consultados o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), o Módulo de Investigação do SIM e o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) do DATASUS. (SIM), Ciências da Saúde (LILACS). O estudo revelou que a Razão de Mortalidade Materna (RMM) no Rio de Janeiro apresentou uma ascendência no ano de 2017 e que a mortalidade continua sendo um aspecto preocupante onde a mesma atinge os países em desenvolvimento, em mulheres de classe econômica menos favorecida. Observa-se a necessidade de assistência pré-natal adequada, equipe multiprofissional qualificada, medidas para impedir a gravidez indesejada, melhora no sistema de referência e contra referência e equidade no atendimento as gestantes.


Revista TOMO ◽  
2016 ◽  
Author(s):  
Laura Cecilia López

A partir de um caso de morte materna de uma mulher negra ocorrido em 2002 no estado do Rio de Janeiro, por falta de atençãoadequada na rede de saúde, julgado internacionalmente comouma violação aos direitos humanos dessa mulher, realizarei uma série de reflexões. Proponho analisar os efeitos desse caso naesfera pública brasileira ao colocar a mortalidade materna noentrecruzamento de pauta de movimentos sociais, de políticaspúblicas e de discussões sobre direitos humanos, considerandoas noções em disputa de corpo, saúde e direitos. Nesse sentido, oolhar da interseccionalidade como experiência corporificada degênero e raça, articulado com um enfoque biopolítico que destaca as tensões entre as “políticas da vida” e as “políticasdovivente” na construção dos objetos sanitários, nos ajuda a entendereste processo de maneira complexa.


1992 ◽  
Vol 8 (4) ◽  
pp. 442-453 ◽  
Author(s):  
Kátia S. da Silva

O objetivo deste estudo é identificar o perfil epidemiológico da mortalidade materna no estado do Rio de Janeiro, no período de 1977 a 1988, contribuindo, assim, para o planejamento de ações que tenham repercussão na redução da morbi-mortalidade materna. A taxa de mortalidade materna e a sua tendência temporal, sua distribuição por idade, por grupo de causas e por local de ocorrência (estado, capital e demais municípios) foram comparadas com as de outros estados e países, buscando-se identificar fatores de risco. Apesar do sub-registro existente, a taxa de mortalidade materna no estado apresentou-se entre 5 e 11,1 por 10.000 nascidos vivos, com uma tendência decrescente, embora tenha se estabilizado nos últimos anos. A capital apresentou melhores resultados que os demais municípios em praticamente todos os indicadores trabalhados. As principais causas de óbito foram a hipertensão arterial (36,5%), as hemorragias (21,5%) e o aborto (11,6%). As faixas etárias de 10 a 14 anos e 40 a 49 anos foram as de maior risco, com taxas de mortalidade materna de 54,8 e 32,0 por 10.000 nascidos vivos, respectivamente. O investimento na melhoria da qualidade de assistência à saúde da mulher no pré-natal, no parto e no puerpério é uma ação viável e de grande impacto neste quadro, dependendo apenas da vontade política das autoridades.


2018 ◽  
Vol 23 (5) ◽  
pp. 1577-1590 ◽  
Author(s):  
Pauline Lorena Kale ◽  
Maria Helena Prado de Mello Jorge ◽  
Sandra Costa Fonseca ◽  
Angela Maria Cascão ◽  
Kátia Silveira da Silva ◽  
...  

Resumo O objetivo deste estudo foi analisar mortes de mulheres internadas para parto e por aborto, e de seus conceptos – fetais e neonatais – em maternidades públicas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Niterói (RJ), em 2011. Estudo seccional de base hospitalar. Participaram 7.845 mulheres resultando em um óbito materno, 498 abortos, 65 óbitos fetais, 44 óbitos neonatais e 7.291 sobreviventes infantis. Dados foram obtidos por meio de entrevista, consulta ao prontuário, cartão da gestante e no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Foi descrita a população de estudo e estimados a concordância da causa básica (SIM e certificada pela pesquisa) e os indicadores de mortalidade. A mortalidade materna foi 13,6 por cem mil nascidos vivos (NV), fetal 8,8‰ nascimentos e neonatal 6,0‰ NV. Misoprostol foi o medicamento mais utilizado no aborto provocado. Transtornos respiratórios e fatores maternos foram as principais causas entre óbitos fetais e neonatais. Sífilis congênita, diabetes e causas de morte fetal não especificada foram subdeclaradas no SIM. Os coeficientes kappa por capítulo foram 0,70 (neonatais) e 0,54 (natimortos). A assistência de boa qualidade no planejamento reprodutivo, pré-natal, durante o parto e nascimento resultará na prevenção das mortes.


2008 ◽  
Vol 12 (4) ◽  
pp. 773-780 ◽  
Author(s):  
Enirtes Caetano Prates Melo ◽  
Virginia Maria de Azevedo Oliveira Knupp

A mortalidade materna é um evento traçador da assistência por ser evitável em 92% dos casos. Trata-se de um estudo descritivo de base populacional que analisou as declarações de óbito das mulheres de 10 a 49 anos no Município do Rio de Janeiro, 1996-2004. Foram utilizados os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, processados e mapeados através do TabWin. Verificou-se o predomínio do óbito materno entre mulheres solteiras e mulheres com 4 a 7 anos de estudo. A Razão de Mortalidade Materna permanece alta no município. Dois aglomerados chamam atenção na distribuição espacial dos óbitos maternos. O primeiro abrange a Zona Oeste e apresenta uma Razão de Mortalidade Materna muito alta. O segundo situa-se ao longo do subúrbio da Leopoldina e concentra uma mortalidade alta.


2019 ◽  
Vol 129 (2) ◽  
pp. 35-35
Author(s):  
Bárbara Soares de Oliveira Souza ◽  
Raquel Miguel Rodrigues ◽  
Karla Santa Cruz Coelho ◽  
Franci de Oliveira Barros ◽  
Daniela Bastos Silveira ◽  
...  

Introdução: Anualmente, estima-se que mais de 500 mil mulheres morram de complicações gestacionais e do parto em todo o mundo. Entre as principais causas dessa mortalidade em países em desenvolvimento estão a hemorragia pós-parto, os transtornos hipertensivos, sepse, partos obstruídos e complicações relacionadas a abortos clandestinos. Na atualidade, a morte materna é definida como a morte de uma mulher durante a gravidez ou nos 42 dias seguintes ao seu termo , independentemente da duração e do local da gestação, e decorrente de qualquer causa relacionada ou agravada por ela ou seu tratamento, mas não de causas acidentais. Esses óbitos são classificados em direto, quando estão relacionados a complicações obstétricas na gravidez, no parto e no puerpério, ou em indireto, quando resulta de doenças existentes antes da gravidez, mas que foram agravadas por seus efeitos fisiológicos. Vale ressaltar que a razão de mortalidade materna é excelente indicador para avaliar não só a saúde da mulher, como indiretamente o nível de saúde da população em geral. Objetivo: Identificar os óbitos maternos ocorridos no município de Macaé, Rio de Janeiro (RJ), Brasil, no ano de 2018, bem como sua causa básica. Métodos: Estudo descritivo, transversal, quantitativo, realizado com base em dados fornecidos pela vigilância epidemiológica municipal, por meio de informações contidas nas declarações de óbito incluídas no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Resultados: Durante o período analisado, registraram-se 5 óbitos maternos. Nessa perspectiva, a razão de mortalidade materna no município foi de 130,5. Esse número representa aumento de quase 500% quando comparado ao do ano anterior (26,24). Quando analisadas as causas básicas para a fatalidade, 2 casos decorreram de causas indiretas: meningite e arma de fogo, enquanto os outros 3 óbitos tiveram como principal causa síndrome hemorrágica, gravidez tubária e abortamento retido, as duas últimas ainda sob investigação. Conclusão: O Comitê de Prevenção e Combate à Morte Materna, Infantil e Fetal de Macaé analisa os casos de óbitos maternos e aponta medidas de intervenção para a redução desses eventos. É excelente ferramenta para a avaliação das políticas públicas e das ações de assistência à saúde materna, infantil e fetal. O objetivo é verificar as causas e, dessa forma, realizar medidas de prevenção. Após a confirmação da gravidez, o início do pré-natal deve se dar de imediato, por meio de atendimento em equipe multidisciplinar, o que em Macaé se realiza na rede de atenção à saúde. Portanto, o treinamento das equipes de Estratégia Saúde da Família e a supervisão são fundamentais para a qualificação do atendimento. Além disso, entendemos que o planejamento familiar também é tema que as equipes devem abordar, como o uso de métodos contraceptivos e a gravidez planejada, possibilitando um acompanhamento e riscos reduzidos de mortalidade materna.


2015 ◽  
Vol 14 (2) ◽  
Author(s):  
Alexandre J. B. Trajano ◽  
Denise L. M. Monteiro ◽  
Luciane S. Tavares ◽  
Paula A. R. Alves ◽  
Thayanna A. P. Gonçalves

2012 ◽  
Vol 15 (4) ◽  
pp. 725-736
Author(s):  
Caroline Madalena Ribeiro ◽  
Antônio José Leal Costa ◽  
Ângela Maria Cascão ◽  
Maria de Lourdes Tavares Cavalcanti ◽  
Pauline Lorena Kale

INTRODUÇÃO: Diversas estratégias vêm sendo desenvolvidas para o enfretamento da mortalidade materna. Em 2008, o Ministério da Saúde tornou obrigatória a investigação de todos os óbitos de mulheres em idade fértil, medida de difícil cumprimento no Estado do Rio de Janeiro devido ao grande volume de óbitos ocorridos e dificuldades operacionais dos serviços de saúde. O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma estratégia de seleção dos óbitos de mulheres em idade fértil a serem investigados prioritariamente pelos serviços de saúde. MÉTODO: Foram selecionados para investigação todos os óbitos de mulheres em idade fértil ocorridos entre maio e setembro de 2008 nos municípios de Belford Roxo e Niterói e classificados segundo prioridade de investigação, considerando-se as informações da causa básica e os campos 43 e 44 da declaração de óbito. RESULTADOS: Em Belford Roxo e Niterói respectivamente 46,7% e 47,1% das declarações de óbitos analisadas apresentaram incompletudes de preenchimento, e os percentuais de recuperação da informação dos campos 43 e 44 foram de 73,3% e 74,5% nestes municípios. Em 132 investigações realizadas foram identificados quatro óbitos ocorridos durante o ciclo gravídico-puerperal, todos classificados como prioritários para a investigação, e três deles foram recertificados como óbitos maternos. A metodologia de definição de prioridade de investigação desenvolvida mostrou-se adequada.


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