O lado político das fábulas do 'western'

Esta comunicação oferece uma análise do recém-lançado livro "Sergio Leone: Cinema as Political Fable"(Christian Uva), que integra um movimento de revalorização crítica do diretor italiano, prestando especial atenção como ideias políticas complexas, e muitas vezes ambivalentes, se infiltravam em filmes que pareciam, à primeira vista, mero entretenimento apolítico.

A desconstrução do western em os deuses e os mortos

No presente artigo surpreende-se um insuspeito e tanto mais interessante diálogo entre o gênero faroeste e uma obra de referência do Cinema Novo Brasileiro, Os deuses e os mortos de Ruy Guerra. Considerando as particulares relações deste movimento com a questão social brasileira, busca mostrar como o realizador subverte não apenas as regras do gênero, mas a figura do herói, num período já marcado pelas famosas intervenções desconstrutivas de Akira Kurosawa e Sergio Leone, aqui também considerados.

Sergio Leone

Spectacle, myth, fable. These are the main categories that have traditionally defined Sergio Leone’s cinematic production, but it is necessary to underline how much they are fueled by a profound, layered political interest. Leone’s cinema bears witness to a critical outlook both on the subjects it showcases and on its representational means. Far from any militancy and escaping ideological classifications, Leone’s perspective is problematic and unreconciled: it is grounded in the coexistence of different elements in a state of perennial productive tension and instability. The adjective “political” takes on a deeper meaning when it is used to denote the director’s ability to narrate and interpret key aspects of Italian national identity and history. The abstract quality of his production relies on an original use of different genres, particularly sword-and-sandal and the Spaghetti Western, which allowed Leone to insert frequent symbolic references to both history and then-current events. On the stylistic level, his constant disobedience to classical models and his need to revolutionize forms were motivated by an authorial desire to make films politically, though still within a conception of cinema as an industrial spectacle.

Uma pausa para o cigarro: as interações com o cigarro no Spaghetti Western de Sergio Leone

O silêncio no cinema possui diferentes nuances e peculiaridades o que o torna uma estrutura de difícil padronização. Seus potenciais semântico e dramático, entre outras características, permitem que a presença da imagem seja reforçada e elementos como o cigarro – o qual interessa a esta pesquisa – sejam sublinhados na estrutura narrativa. Em sua história, o cinema apropriou-se da imagem do cigarro construída pela publicidade e utilizou-a para compor seus diferentes personagens. Sergio Leone, um dos percursores do Spaghetti Western, foi um dos diretores que construiu seu cinema utilizando as interações de seus personagens com o cigarro através do silêncio cinematográfico, porém observa-se também a produção de subjetividades como resultados dessas interações. Nesse contexto, esta pesquisa busca discutir a presença do cigarro (cigarrilha) nos personagens do diretor e identificar a produção de significados, sentimentos e sensações a partir das interações comentadas. Esta análise utiliza os filmes da Trilogia dos Dólares de Leone:Por um Punhado de Dólares(1964), Por uns Dólares a Mais (1965) e Três Homens em Conflito(1966).

'Desenterrando Sad Hill' con Guillermo de Oliveira

Guillermo de Oliveira era realizador de publicidad y cortometrajes, viajero y cinéfilo amante de las localizaciones más emblemáticas de la historia del cine. En la actualidad ha dirigido su primer largometraje documental, ha contribuido a desenterrar un cementerio y ha sido nominado a los Goya. Esto último, gracias a Desenterrando Sad Hill, un filme que empezó a grabar en 2015 cuando conoció a un grupo de fans de El bueno, el feo y el malo (Sergio Leone, 1966) dispuestos a devolver a la vida el mítico cementerio de la escena final de la película medio siglo después del rodaje.

O Estilo Sergio Leone no faroeste italiano

Resenha de: CARREIRO, Rodrigo. Era uma vez no spaghetti western - O estilo de Sergio Leone. São José dos Pinhais, PR: Editora Estronho, 2014, 304 p.

Era uma vez... a revolução: a trajetória de Sergio Leone nas páginas da Cahiers du Cinéma

A maior parte dos críticos cinematográficos dos anos 1960-70 minimizou ou despre- zou o valor estético dos filmes vinculados ao ciclo de spaghetti westerns, produzidos naquela época no eixo Itália-Espanha. No entanto, Sergio Leone, principal cineasta a emergir do ciclo, rompeu essa barreira ao longo dos anos e se tornou um diretor respeitado pela crítica. Mapear como ocorreu essa trajetória e avaliar os motivos que levaram a essa mudança no estatuto de valor associado ao trabalho de Leone são os objetivos deste artigo, que toma como estudo de caso a coleção de todos os textos sobre os filmes do diretor publicados, a partir de 1964, na revista Cahiers du Cinéma, referência obrigatória na crítica cinematográfica internacional.