Afagar a terra é uma atitude a ser potencializada para habitar a Terra; uma transição necessária para a vida neste planeta. Transição que resulta de movimento e, consequentemente, mudança de uma etapa, uma fase, um estado para outras configurações possíveis. Etimologicamente, carrega o sentido de alteração, trânsito, troca, transferência, passagem... Epistemologicamente, demanda engajamento e comprometimento frente a fluxos e processos que envolvam articulações coletivas. No campo da pesquisa e, esta, realizada em Instituições públicas de ensino, cumpre dar relevo ao trânsito das informações, à troca de saberes, transferência de tecnologias, passagens com caminhos construídos coletivamente e de modo horizontal entre quem produz o conhecimento científico sistematizado, em respeito e alinhamento ao conhecimento empírico, forjado no campo da prática. A trajetória dos/as pesquisadores/as que apresentam seus textos neste livro, intitulado Transições Agroecológicas - evoluindo em sistemas produtivos, traz o percurso de cada um/a e suas implicações com a Agroecologia no Semiárido brasileiro, notadamente, na região circunvizinha da cidade de Juazeiro/BA. Os textos, aqui apresentados, são resultados de pesquisas realizadas por professores/as e estudantes que têm sua inserção profissional em uma Universidade pública, multicampi e, por isto, diversa, pois está em todos os Territórios de Identidade do nosso Estado – a Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Inserção esta que se dá, também, na articulação com a sociedade, seus setores e movimentos sociais. Assim, a produção científica, aqui apresentada, resulta de compromisso público com a responsabilidade social de envolver atores em atos de pesquisa, com vistas a uma organização social referenciada. Atos estes que traduzem concepções de educação para a formação do sujeito. Humberto Maturana, neurobiólogo chileno, criador da teoria da autopoiese e da biologia do conhecer, nos provoca a pensar que, ... não se pode refletir sobre a educação sem antes, ou simultaneamente, refletir sobre essa coisa tão fundamental no viver cotidiano que é o projeto de país no qual estão inseridas nossas reflexões sobre a educação. Temos um projeto de país? (MATURANA, 2002, p. 12). Certamente, temos um projeto de país, mas como temos participado desse projeto, e de que país podemos falar? No campo da agroecologia, expressões como processos socioeducativos; abordagens sustentáveis; sistemas biodiversos; agricultura orgânica; cultivo sustentável; segurança alimentar e ambiental, dentre outras que lemos nos textos, aqui, nos são caras, pois se vinculam a um projeto de país que nos provoca a pensar sobre práticas sociais para habitar nosso Planeta, sustentadas em produção ambientalmente correta e socialmente justa (ARAÚJO, BARROS, BOMFIM, 2021), segundo abordagens conceituais apresentadas neste livro. Assim, Transições agroecológicas são fundamentais para que possamos, Debulhar o trigo Recolher cada bago do trigo Forjar no trigo o milagre do pão E se fartar de pão (Milton Nascimento e Chico Buarque, 1979) Que assim seja! Que pesquisadores/as e produtores agrícolas tenham a devida força e coragem para este feito, e possamos todos/as nos fartar de pão!