Neste artigo discute-se a aquisição e a mudança da língua como uma consequência da percepção de sua materialidade. Para isso, foram considerados os modelos da family resemblance e do perceptual magnet effect propostos por Elianor Rusch, a partir de Wittgenstein, e por Patricia Kuhl respectivamente, complementados pela hipótese do motherese como estímulo. Tais propostas foram tomadas como ponto de partida para a aquisição. A mudança, por sua vez, partiu dos modelos da Teoria Matemática da Comunicação, de Claude Shannon, tal como foi reformulado por Roman Jakobson e por Niklas Luhmann. Dados do Finlandês e do Alemão foram considerados como argumentos que justificassem a mudança do Latim para o Português como decorrência da percepção segundo os modelos propostos. Com base nesses argumentos, concluiu-se que a mudança decorreria de reações cumulativas, caracterizadas como aquisição pela formação inicial de formas prototípicas que sofreriam mudanças subsequentes conforme o sistema reaja aos estímulos externos.