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Published By Pontificia Universidade Catolica De Minas Gerais

2358-3428, 1516-4039

Scripta ◽  
2021 ◽  
Vol 25 (54) ◽  
pp. 68-95
Author(s):  
Gabriel Guimarães Alexandre

A pandemia de Covid-19 trouxe-nos um contexto de exceção. Restrições impostas à sociedade foram aplicadas por governos de diferentes partes do mundo, gerando dificuldades, por exemplo, de escolha entre ter privacidade de dados ou saúde prometida por vigilância biométrica (HARARI, 2020). Como “resposta” à disseminação de fake news – não só sobre a doença, mas também sobre outros temas – as agências de fact-checking (PANGRAZIO, 2018; SPINELLI, SANTOS, 2018) surgem com o objetivo de verificá-las, classificando-as em “verdadeiras” ou “falsas”, segundo gradação. Quando publicam a checagem realizada, as agências utilizam manchetes que desmentem as notícias. Entre os padrões linguísticos observados, a negação é bastante frequente nas manchetes verificadas em mídias sociais. Por ser um índice de implícito, está presente no enunciado para produzir sentido: a memória discursiva é, pois, um modo de compreender o estatuto dos implícitos (ACHARD, 1999; PÊCHEUX, 1999). Logo, partimos da hipótese de que a prática de estruturar a negação, nas manchetes analisadas, pode fazer emergir questões interlocutivas via evocação de certa memória discursiva. Com base em pressupostos teórico-metodológicos dos estudos de letramentos (New Literacy Studies) e da Análise do discurso francesa, este trabalho objetivou analisar o papel da memória discursiva em 68 manchetes, publicadas em março de 2020 por duas agências (“Chequeado” e “Agência Lupa), as quais desmentem notícias sobre Covid-19 em mídias sociais. Os resultados obtidos permitiram identificar três estruturas de negação frequentes nas manchetes e parecem confirmar a hipótese de partida, contribuindo com os estudos de letramentos, quanto à formação do leitor em tempos de pandemia.


Scripta ◽  
2021 ◽  
Vol 25 (54) ◽  
pp. 190-206
Author(s):  
Sérgio Luiz Bellei
Keyword(s):  

Embora visível principalmente na esfera política, o que veio a ser conhecido como pós-verdade, ou seja, o conceito que aponta para circunstâncias em que a fronteira entre fato e ficção se torna intensamente porosa e em que crenças pessoais adquirem valor igual ou superior a fatos considerados objetivos, atinge também os estudos literários no meio acadêmico. É o que se pode verificar exemplarmente em interpretações recentes do conto “Bartleby, o escrevente”, escrito por Herman Melville  em 1853. Enquanto a hermenêutica tradicional definia a validade interpretativa em termos de uma contextualização rigorosa do texto em seu momento histórico e cultural, interpretações recentes associadas ao momento pós-moderno possibilitam a revalidação interpretativa em termos de escolhas idiossincráticas do sujeito leitor ou de sistemas arbitrários de pensamento.


Scripta ◽  
2021 ◽  
Vol 25 (54) ◽  
pp. 360-372
Author(s):  
Andréia Teixeira

Scripta ◽  
2021 ◽  
Vol 25 (54) ◽  
pp. 40-67
Author(s):  
Débora Liberato Arruda Hissa
Keyword(s):  

Neste artigo, discuto o fenômeno da desmediatização (HAN, 2017; 2018) e sua relação direta com pandemia de informação (Infodemia) e a antiquíssima prática social, com base política e econômica, de divulgação de notícias falsas (modernamente conhecidas como fake news) como consequência da vulgarização de opiniões disruptivas propagadas pela cultura digital. Com base na abordagem antagonística de Mouffe (2015) – que reconhece a inerradicabilidade da dimensão conflituosa da vida social, proponho olhar a disseminação de fake news, tanto na mídia como nas redes sociais, a partir de uma dimensão ideológica de forças pulsionais que mobiliza paixões e crenças; cria mitos e fantasias apoiada em uma moralidade forjada na narrativa antitética do nós/eles. Para isso, analiso dois contextos enunciativos distintos: o primeiro se refere à divulgação pela mídia, em 2011, primeiro ano de mandato de Dilma Rousseff (PT), da notícia de que o MEC chancelou a distribuição de material didático que defende e estimula erros de concordância verbal no ensino de Língua Portuguesa; o segundo, dez anos depois, em 2021, na gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), a notícia da proposta de reforma eleitoral, apresentada pela câmara dos deputados, que dificulta as plataformas digitais de punirem candidatos que divulguem fake news nas eleições de 2022. Tais eventos explicam como narrativas desmediatizadas sustentam e recriam o antagonismo estrutural como ponto fundante das sociedades modernas e se potencializam na cultural digital.


Scripta ◽  
2021 ◽  
Vol 25 (54) ◽  
pp. 335-358
Author(s):  
Fernando Miranda Arraz ◽  
Fagner Ribeiro Sena

Este artigo tem como propósito refletir sobre os conceitos de Formação Discursiva e Memória Discursiva, na perspectiva da Análise do Discurso de linha francesa, daqui por diante AD, por meio da análise do discurso do Presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, realizado na manifestação do dia do Exército. A proposta do artigo consiste em analisar uma das manifestações, ocorrida no dia 19 de Abril de 2020, sendo o dia do Exército, na cidade de Brasília, e que contou com a participação do Presidente Jair Bolsonaro que, diante de uma unidade militar do exército, fez um discurso aos manifestantes presentes. As manifestações a favor do Presidente foram caracterizadas por alguns veículos da imprensa como “antidemocráticas” tendo em vista que têm como bandeiras o fechamento do Supremo Tribunal Federal - STF e do Congresso Nacional. A partir de elementos linguísticos presentes no corpus analisado foi possível constatar, através da memória discursiva, filiações de sentidos entre o discurso presidencial daquele período com o discurso presidencial atual. Tais filiações de sentido puderam também ser percebidas quando postas em análise o funcionamento discursivo de democracia, liberdade e povo, que mudam de sentido de acordo com a FD que se encontra em funcionamento.


Scripta ◽  
2021 ◽  
Vol 25 (54) ◽  
pp. 158-189
Author(s):  
Maria Angela Paulino Teixeira Lopes ◽  
Fernanda Santana Gomes

Sob a retórica da pós-verdade, a infodemia e a desinformação atingiram grandes proporções, com impactos negativos na esfera social (KALIL; SANTINI, 2020; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2020), gerando um cenário de instabilidade, marcado por imprecisão, medo, marginalização e preconceitos. Visando contribuir para as práticas de letramento em leitura nas instâncias formativas, especialmente, as educacionais, neste artigo iremos explorar o fenômeno da desinformação (ALLCOTT; GENTZKOW, 2017; WARDLE; DERAKHSHAN, 2017), tomando como objeto analítico o discurso de abertura do presidente Jair Messias Bolsonaro, na 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, proferido em setembro de 2020. Grande parte desse discurso consiste em informações imprecisas e desprovidas de argumentos fundamentados, sobretudo, no que se refere ao contexto da pandemia pela Covid-19 no Brasil e à destruição de biomas brasileiros de extrema relevância para o ecossistema mundial. Considerando o evento enunciativo em análise, buscamos compreender e problematizar como as posições avaliativas do enunciador, atravessadas pelos valores ideológicos do(s) lugar(es) que ocupa no contexto sócio-histórico, podem ser capazes de afetar a interlocução com a sociedade. Com a pretensão de atingir o objetivo proposto, recorremos ao aporte teórico desenvolvido pelo círculo bakhtiniano, especialmente, os conceitos de responsividade, posicionamento axiológico e refração (BAKHTIN, 2011; 2017; VOLÓCHINOV, 2013; 2017), e a considerações acerca do discurso polêmico construído sob o viés do dissenso (AMOSSY, 2015; 2017).


Scripta ◽  
2021 ◽  
Vol 25 (54) ◽  
pp. 235-264
Author(s):  
Ana Cláudia Bertini Ciencia

Este artigo objetiva discutir competências de alunos de Ensino Médio em práticas sociais de leitura e escrita mediadas por mídias digitais, no contexto da desordem informacional e no tocante à identificação de informação falsa. O estudo ancora-se nos pressupostos dos Novos Estudos de Letramentos (New Literacy Studies), especificamente no que se refere à formação do leitor, a partir dos quais se descrevem e discutem orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O conjunto do material é formado por 105 produções textuais coletadas em uma escola pública de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, no primeiro semestre de 2019. Embora tanto a coleta do material quanto a BNCC sejam anteriores à pandemia da covid-19, faz-se pertinente problematizar também essa crise sanitária, a qual potencializou um contexto de “infodemia” e evidenciou desigualdades no acesso à educação. A análise dos dados demonstra que os estudantes de Ensino Médio são competentes em reconhecer informação falsa com base em critérios relacionados ao uso de norma culta. No entanto, parecem desconhecer questões não relacionadas diretamente a aspectos linguísticos e ignorar o atravessamento de vozes e crenças particulares no processo da desordem informacional. O trabalho aponta para o confronto entre as expectativas e orientações da BNCC e os letramentos que precisam ser discutidos e trabalhados pela instituição escolar, pensando, principalmente (mas não apenas) numa vida pós-pandemia.


Scripta ◽  
2021 ◽  
Vol 25 (54) ◽  
pp. 207-234
Author(s):  
Natália Coêlho Bagagim ◽  
Marcelo Silva de Souza Ribeiro ◽  
Lucinalva de Almeida Silva
Keyword(s):  

Em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a explosão de informações nas mídias a respeito da doença tem intensificado a produção e disseminação de notícias falsas. Dessa forma, este trabalho, apoiado na abordagem qualitativa de pesquisa, objetivou analisar a formação crítica do leitor à reflexão dos fatores pragmáticos da textualidade na produção de fake news sobre a Covid-19. São objetos de análise três publicações sobre a cura do coronavírus mediante insumos caseiros. Essas publicações foram checadas pelo site do Ministério da Saúde e comprovadas como fake news. A pesquisa foi embasada na Linguística Textual sob os fundamentos teóricos de Costa Val (1991; 2008), Koch e Travaglia (1993; 2015), Marcuschi (2008), Koch (2014), Koch e Elias (2008), Rodrigues et al. (2009); Santaella (2018), Leite (2019) e Galhardi et al. (2020), Bauman (2001) sobre fake news e sua intensificação. Constatou-se que a formação crítica dos leitores ainda é limitada, pois os produtores de fake news se valem dos fatores pragmáticos da textualidade para atribuir sentidos ao que se enuncia sobre a Covid-19 e ganham à cooperação do leitor na aceitação dos seus conteúdos. Logo, essa interação autor/texto/leitor dificulta o combate à crise sanitária no Brasil.


Scripta ◽  
2021 ◽  
Vol 25 (54) ◽  
pp. 265-295
Author(s):  
Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin ◽  
Chloé Leurquin
Keyword(s):  

Este artigo apresenta uma discussão sobre fake news e desinformação, considerando efeitos desses fenômenos na sociedade contemporânea e atentando para a necessidade de formar leitores críticos, conscientes da exigência de conhecer a origem das informações. Nosso objetivo é mostrar como as fake news e a desinformação se originam, se constituem e propagam seus efeitos na sociedade. Os dados analisados estão situados em dois momentos importantes no país: o período das eleições a Presidente da República do Brasil, em 2018, e o segundo ano da pandemia decorrente da Covid-19, em 2021. Analisamos o contexto de produção das fake news e da desinformação, considerando o contexto de produção, o mundo físico e o sociossubjetivo, bem como os mecanismos enunciativos (BRONCKART, 1999, 2019), buscando argumentar a favor da formação de leitores críticos (KLEIMAN; SANTOSMARQUES, 2020; LEURQUIN, 2001, 2014; LEURQUIN; LEURQUIN, 2021; BRASIL, 2017).  


Scripta ◽  
2021 ◽  
Vol 25 (54) ◽  
pp. 9-38
Author(s):  
Juliana Alves Assis ◽  
Fabiana Komesu ◽  
Marie-Christine Pollet
Keyword(s):  

Resumo


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