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Published By Universidade De Sao Paulo Sistema Integrado De Bibliotecas - Sibiusp

2525-8133, 2177-3815

Opiniães ◽  
2021 ◽  
pp. 356-370
Author(s):  
Tassia Nascimento

O objetivo deste artigo é analisar os elementos que permitem identificar o corpus da poética afrofeminina, estabelecendo uma discussão a respeito do conceito de escrevivência, cunhado pela escritora mineira Conceição Evaristo, e o processo de ressignificação da noção de identidade da mulher negra no Brasil por meio da literatura. A compreensão dos paradigmas e da perspectiva epistemológica negra presentes na materialidade textual desta poética pautou-se nos três temas estabelecidos pela teórica Patricia Hill Collins (2016), quais sejam: 1) a autodefinição e autoavaliação, que permitem uma autonomia de pensamento e resistência à objetificação inerente aos sistemas de dominação; 2) a intersecção entre múltiplas estruturas de dominação, que permite ao sujeito negro identificar o entroncamento e as nuances de um jogo estabelecido arbitrariamente pelo discurso hegemônico; 3) a redefinição e explicação da importância da cultura da mulher negra. A partir deles, estas mulheres exploram suas próprias vivências, identificando áreas concretas de relações sociais onde são criadas e transmitidas autodefinições e autoavaliações. A contrapelo, personagens e toda uma semântica irrompem, conduzindo um fio de memórias e revelando especificidades identitárias.


Opiniães ◽  
2021 ◽  
pp. 335-355
Author(s):  
Thamiris Yuri Silveira Pellizzari

Este artigo anseia focalizar, por meio de reflexões a respeito do romance Duas iguais, de Cíntia Moscovich, as imposições sociais de comportamento e a padronização da sexualidade heteronormativa, pensando o complexo processo de construção e desenvolvimento das identidades das personagens Clara e Ana, diante da autoidentificação com a homossexualidade em uma sociedade que preza e define como natural apenas a heterossexualidade. Para além dessa discussão, este artigo também desenvolve reflexões a respeito de ser mulher em uma sociedade patriarcal, em correspondência com os enfrentamentos da literatura de autoria feminina.


Opiniães ◽  
2021 ◽  
pp. 604-623
Author(s):  
Adonai da Silva de Medeiros ◽  
Elielson de Souza Figueiredo

O presente trabalho tem por objetivo apresentar um breve resultado da fundamentação e aplicação da categoria, de cunho ontofenomenológica, intitulada “apreensão-dos-afetos”, a qual teve sua origem a partir da leitura de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa (2015). Para tanto, concentraremos nossa atenção em um momento específico do romance, o qual se refere à travessia primeira de Riobaldo, tendo no Menino-Diadorim o ponto de iniciação de sua jornada. A categoria em questão teve sua fundamentação teórica, principalmente, pautada nos estudos ontológicos de Sartre (2002), porém, neste trabalho em especial, teremos os ensaios de Benedito Nunes (1992, 2013a) como guia, de vez que o filósofo representa um dos principais elos entre teoria filosófica e interpretação literária. A apreensão-dos-afetos revela-se a partir dos vestígios linguísticos que Riobaldo deixa durante o ato de narrar os afetos apreendidos quando menino, registrados a partir dos acontecimentos do início de sua travessia ao demonstrar suas impressões, percepções, reflexões sofridas/realizadas e o modo como comportou-se diante do menino-Diadorim. Travaremos o diálogo com Benedito Nunes sobre três perspectivas: a busca de Riobaldo pela Unidade primeira; um norte para a fundamentação da categoria; a aplicação da categoria ao romance, tendo como guia a interpretação de Benedito Nunes (2013a).


Opiniães ◽  
2021 ◽  
pp. 430-447
Author(s):  
Ana Carolina Pedrosa Pontes

Através do poema “Linhas”, de Naidna de Souza (2015), nossa leitura é guiada para pensarmos na sua poesia e produção de discurso, interseccionada por exclusões de gênero, raça, classe, e, sobretudo, pela experiência de sofrimento mental. Naidna é poeta, performer e pintora, frequenta o dispositivo Centro de Convivência da Rede de Saúde Mental, substitutiva aos manicômios, que se estabelece enquanto política pública no município de Belo Horizonte/ MG. Mesmo depois da Lei da Reforma Psiquiátrica e da consolidação do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, retrocessos importantes têm se imposto às garantias de direitos nacionais no campo da saúde mental. Pensamos na poesia como produção de devir, enquanto agenciamento de vidas (DELEUZE, 1977) e narrativas que se vulnerabilizam historicamente a partir da ideologia eugênica, da necropolítica (MBEMBE, 2016) e dos biopoderes (FOUCAULT, 1979), que se reorganizam sistemicamente como projeto de Estado. A vivência da arte e linguagem se fazem na tentativa de rasurar as violências e violações. A poesia de Naidna de Souza se estabelece enquanto portal de enunciação, que opera através da reexistência (SOUZA, 2009), no sentido discursivo coletivo e comunitário, afirmando a vida de um grupo narrativo que se encontra na ressignificação da encruzilhada (PONTES, 2019).


Opiniães ◽  
2021 ◽  
pp. 388-409
Author(s):  
Yasmin Bidim Pereira dos Santos

Este artigo parte do conceito deleuziano de imagem-movimento para pensar a obra da poeta brasileira Marília Garcia. Parte-se do princípio que o cinema, enquanto arte industrial, trouxe um novo paradigma para o pensamento e para as artes no século XX. Tendo em vista esta mudança, pretende-se compreender brevemente como uma determinada poesia contemporânea se relaciona com conceitos como fora de campo, plano e montagem, partindo da premissa de que o regime da imagem-movimento não se manifesta exclusivamente no cinema e pode ser observado em outras artes, especialmente na poesia, arte que, assim como o cinema, opera a criação de imagens. Serão abordados poemas dos livros Engano Geográfico (2012) e Um teste de resistores (2014) levando em conta como conceitos predominantes do campo cinematográfico ou que foram observados por Deleuze por meio da análise cinematográfica podem ser, agora, observados numa determinada produção poética contemporânea.


Opiniães ◽  
2021 ◽  
pp. 245-262
Author(s):  
Julia Côrtes Rodrigues
Keyword(s):  

Vermelho-vida, de Mariana Paiva (2018), se constrói em diálogo com a obra de Hilda Hilst. Escrito a partir da residência de Paiva na Casa do Sol ­– onde Hilst viveu e escreveu –, o livro é um misto de diário da vivência, leituras de Hilst e criação própria. Há uma interlocução particularmente estreita com Júbilo, memória, noviciado da paixão (1974), livro em que Hilst emula de maneira cifrada uma paixão clandestina que vivera. Uma epígrafe dessa obra é de Sylvia Plath, poeta associada à poesia confessional. Nessa leitura – baseada nos comentários de Janet Malcolm, W. D. Snodgrass e Diane Middlebrook –, o confessional se baseia menos na inclusão de dados biográficos no poema e mais num jogo que perturba limites entre público e privado. Hilst, embora se diferencie dos confessionais, adota estratégias semelhantes para codificar o biográfico. Em Vermelho-vida, por sua vez, Paiva nos apresenta seu encontro com Hilst, enquanto reflete criticamente sobre a dedução da intimidade. Assim, nossa leitura se debruça sobre esse duplo retrato, simultaneamente pessoal e político, social e íntimo: acompanhamos a jornada de Paiva e Hilst, duas mulheres escritoras, em sua reflexão crítica a respeito do vínculo entre poesia e vida nesse modo lírico moderno.


Opiniães ◽  
2021 ◽  
pp. 531-532
Author(s):  
Dheyne de Souza

Texto de criação literária.


Opiniães ◽  
2021 ◽  
pp. 485-503
Author(s):  
Luísa Nunes Galvão Caron de Oliveira ◽  
Helena Capriglione Zelic

Esse artigo propõe uma breve investigação sobre a forma como o corpo lésbico se inscreve na poesia de Maria Isabel Iorio, especificamente em sua obra mais recente, Aos outros só atiro meu corpo (2019). Para isso, observamos como os procedimentos poéticos atuam na construção de um corpo lésbico e, em seguida, como esse corpo, ao encontro com outros corpos, conduz a uma leitura política de seu entorno. Desse modo, partimos da análise detida de cinco poemas das seções "todos os meus corpos o corpo" e "o corpo querendo 1 corpo a mais", à luz de referências da crítica literária feminista e lésbica.


Opiniães ◽  
2021 ◽  
pp. 183-197
Author(s):  
Mariana Silva Bijotti

Motivado, principalmente, pelo breve encontro entre Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus, e o diálogo que esse encontro entre as duas proporcionou, este artigo tem como propósito comparar brevemente duas narrativas: A paixão segundo G.H. e Quarto de despejo. A partir do viés da metalinguagem nas duas autoras, é possível notar como a atividade da escrita serve para salvar essas duas vidas (de G.H. e até de Clarice, como ela afirma na crônica “Escrever”, e também de Carolina). As narrativas dessas duas mulheres parecem ser essenciais para sua sobrevivência em meio à experiência e descoberta do cotidiano desigual, ora a partir do conhecimento do outro, o desvalido (em G.H.), ora a partir da sua própria vivência nas classes mais pobres da sociedade (nos diários de Carolina). Desta forma, partindo do reconhecimento de suas diferenças (principalmente sociais), o que se quer aqui mostrar é como as duas obras parecem ter um eixo temático comum: a da escrita como necessária à sobrevivência das experiências.


Opiniães ◽  
2021 ◽  
pp. 410-429
Author(s):  
Luana dos Santos Claro

Angélica Freitas, poeta brasileira, possui uma obra poética repetidamente marcada pela questão da condição feminina. Ao observar Um útero é do tamanho de um punho (2012), constata-se um paralelo entre a figura feminina e os animais, na medida em que algumas das mencionadas mulheres apresentam elementos animalescos. A partir dessa observação e dos conceitos aristotélicos de logos e phoné, é possível perceber como se articula uma grande oposição dentro da obra: entre o que pode ser considerado racional, superior, representado por uma voz masculina, paradoxalmente tautológica, e o que é considerado inferior ou irracional, representado pelo elemento feminino, referido como mulher que ladra, é suja e que tem patas.


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