O GRITO DA GAIVOTA: REVERBERAÇÃO DA CULTURA SURDA

Escrever sobre si, mais que uma revelação do íntimo, possibilita a evidenciação de aspectos culturais e históricos de uma determinada comunidade. Nesse ponto de vista, este trabalho propõe elucidar os elementos culturais do povo surdo presentes na obra autoficcional O grito da gaivota (1994), da autora surda Emmanuelle Laborit, por meio de reflexões a respeito dos artefatos culturais propostos pela autora surda Karin Strobel (2008), para tanto, utiliza-se como metodologia a pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo. Na autoficção, a personagem evidencia a trajetória de vida de uma mulher surda e a luta pelo reconhecimento das especificidades do povo surdo, nesse contexto, evidenciam-se as especificidades que permeiam a Cultura Surda e a militância da Comunidade Surda na busca pelo reconhecimento da sua história e sua cultura. Dessa forma, esse trabalho propõe uma reflexão acerca dos artefatos culturais do povo surdo, que emergiram a partir de sua forma de expressar e perceber o mundo, possibilitando-lhe, assim, ser o autor da sua própria história.

PERCEPÇÕES SOBRE O ENSINO DE GEOGRAFIA ATRAVÉS DA MODALIDADE REMOTA: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE FRANCISCO BELTRÃO/PR

Este trabalho buscou analisar como está acontecendo os desdobramentos do ensino remoto, na disciplina de Geografia, em algumas escolas de Francisco Beltrão/PR. Para isso, três escolas foram eleitas (como amostragem do estudo de caso), a fim de viabilizar a presente pesquisa. As escolas designadas são as seguintes: Colégio Estadual Mário de Andrade, Colégio Estadual Cristo Rei e Colégio Estadual Professor Léo Flach. Como contextualização e embasamento teórico utilizou-se, principalmente, dos decorrentes pensadores: Callai (2011, 2012), Castellar (1999, 2012), Cavalcanti (1998, 2012) e Straforini (2004). A partir destes, discorreu sobre o Ensino de Geografia, vinculando tais reflexões teóricas com o ensino remoto, que vem sendo implementado em decorrência da pandemia de Coronavírus. Na sequência, foi disponibilizado para as turmas de 9º e 3º anos, dos Ensino Fundamental e Médio, respectivamente, das escolas supramencionadas, um questionário visando identificar os benefícios e malefícios do ensino remoto no componente curricular de Geografia. Este estudo de caso, como contributo principal, permitiu constatar que o ensino remoto tem sim seus proveitos, entretanto, sem sombra de dúvidas, nunca substituirá a qualidade do ensino presencial. Para além, este artigo almejou ser um registro qualificado (acadêmico), deste momento atípico que estamos vivenciando, principalmente no que diz respeito às questões escolares/pedagógicas.

NADA DIGO DE TI, QUE EM TI NÃO VEJA

Resenha do livro da escritora carioca Eliane Alves Cruz, Nada digo de ti, que em ti não veja, pulicado em 2020, pela editora Pallas.

GÊNERO E SEXUALIDADE EM DEBATE: UMA ANÁLISE A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO PIBID – INTERDISCIPLINAR

Este artigo apresenta e discute os “pontos de tensão” desencadeados pelos processos pedagógicos do projeto “Precisamos falar sobre gênero e Sexualidade”, desenvolvido por acadêmicos bolsistas do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Metodologicamente, o material empírico foi produzido a partir de observações participantes que foram registradas em diário de campo. Além disso, documentos pedagógicos (Projeto e Planos de Aula), que subsidiaram a execução do projeto, também foram utilizados. O conjunto dos dados produzidos foi tratado a partir dos procedimentos da “Análise de Conteúdo” propostos por Bardin (2009). Do processo analítico empreendido, foi possível identificar duas categorias, as quais: “A ‘caixa de gênero’ e a necessidade de se refinar as propostas pedagógicas” e “Sobre resistências e a tentativa de manutenção do status quo”. Assim, foi possível perceber que as propostas pedagógicas nem sempre estiveram adequadas às demandas dos alunos e às suas vivências no campo de gênero e sexualidade. Por outro lado, o conjunto das aulas permitiu aos alunos e alunas perceberem de outros modos concepções de gênero naturalizadas e pouco problematizadas por eles/as. Além disso, a organização de grupos de meninos que passaram a resistir às propostas pedagógicas também se fez notar, o que demandou ajuste nos procedimentos pedagógicos, bem como maior apropriação dos conceitos que sustentavam a prática. Por fim, pode-se dizer que o projeto foi de extrema importância para a experiência dos acadêmicos/bolsistas Pibidianos, bem como para a comunidade escolar, que em alguma medida se mobilizou em torno da proposta.

AFETIVIDADE NA PRÁTICA DO PROFESSOR NA ESCOLA DA INFÂNCIA

Esta pesquisa de caráter qualitativo aborda o conceito da afetividade na prática pedagógica do professor da educação infantil, buscando entender os vínculos que são estabelecidos na relação didática-pedagógica cotidiana no ambiente escolar. Para isso, três unidades de ensino da rede municipal de São Bernardo do Campo, SP, localizadas em pontos geográficos relevantes da cidade, foram selecionadas para a realização de entrevistas com o corpo docente dessas escolas e análise dos projetos político-pedagógicos. O problema de pesquisa se configura na compreensão da afetividade na prática diária dos docentes, embasado nas teorias de Edward John Bowlby, Henri Wallon e Jean Piaget, além dos documentos oficiais do Ministério da Educação para a infância. Os resultados apontam a importância da afetividade na formação humana, nos relacionamentos interpessoais e no impacto à construção respeitosa entre adultos e crianças, contudo, identificada como um aspecto “natural” ao processo de desenvolvimento, sem ênfase à inserção curricular ou metodológica, ou estabelecida como um procedimento a ser planejado e organizado pelo educador e acompanhado pelo gestor das escolas de educação infantil.

“EU FICO EM CASA TRANCADO, SOZINHO”: MODOS DE SOBREVIVÊNCIA TENSIONANDO O CONCEITO DE NEGLIGÊNCIA FAMILIAR

O presente artigo tensiona o conceito de negligência familiar, a partir de relatos de crianças de cinco anos de idade, durante uma pesquisa realizada em uma escola da rede municipal de Educação Infantil, em uma cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. O objetivo central da investigação buscou compreender como as crianças percebiam e interpretavam as violências de gênero vividas no âmbito familiar e/ou no seu entorno. A partir das teorizações propostas pela Sociologia da Infância, foram utilizadas estratégias para promover esse debate com as crianças, através das rodas de conversa e leituras literárias. Os resultados apontaram para o que chamamos de modos de sobrevivência como estratégia que as famílias desassistidas se veem impelidas a criar para estabelecer a segurança das crianças no ambiente doméstico.

O ADOLESCENTE E SUA PERSPECTIVA DE FUTURO EM UMA UNIDADE DE ACOLHIMENTO DE PROTEÇÃO

O estudo tem sua origem numa Unidade de Acolhimento Institucional para Adolescentes, de um município da região do Vale do Rio dos Sinos/RS, do Sistema Único da Assistência Social (SUAS). A investigação foi guiada pela interrogação no âmbito de uma unidade de acolhimento proporcionar espaço para adolescentes abrigados para construções em torno de perspectivas de futuro, no sentido de abrir possibilidades para a produção do vir a ser, sendo esta uma questão crucial para o desenvolvimento e a preparação de saída dos adolescentes da instituição para dar curso para as suas vidas. O referencial teórico foi a teoria de Winnicott (1975), que diz que o ato de imaginar está ligado ao de brincar e esse começa nas fases iniciais do desenvolvimento humano. Utilizou-se como método o trabalho de grupo com atividades lúdicas, trabalhando a imaginação e o protagonismo dos adolescentes frente a escolhas futuras. Houve a imersão no campo, com a criação de um grupo com os adolescentes da instituição que se reuniam em encontros semanais. O material para as discussões de resultados foram trabalhos produzidos pelos jovens e os recortes de falas que emergiram durante as dinâmicas. Concluímos que é importante para os jovens em uma instituição de acolhimento a promoção de espaços que possibilitam uma escuta acolhedora, a fim de contribuir para o processo de estruturação e desenvolvimento dos adolescentes em diferentes aspectos físicos, emocionais/psíquicos, cognitivos e auxiliar o jovem quanto às perspectivas de futuro.

O ENSINO DA ESCRITA NA UNIVERSIDADE: UM ESTUDO SOB AS PERSPECTIVAS LINGUÍSTICA E ANTROPOLÓGICA DA ENUNCIAÇÃO

As constantes pesquisas académico-científicas no campo da didática da escrita que abordam a complexidade desta habilidade produtiva, mostram a necessidade de procurar mudanças significativas nas práticas do ensino da escrita, como um desafio para os profissionais da educação escolar e, em particular, no contexto universitário. Em vista disso, a publicação aqui resenhada, trata-se do livro digital intitulado O ensino da escrita na universidade. Um estudo sob as perspectivas linguística e antropológica da enunciação (2019, 264 páginas), da professora e pesquisadora Silvana Silva, colaboradora do Dicionário de Linguística da Enunciação (2009) e coordenadora da coletânea Atualidade dos Estudos Enunciativos (2016); docente adjunta e orientadora em nível de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Letras, na linha de pesquisa Análises Textuais, Enunciativas e Discursivas da área de Língua Portuguesa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A IDEOLOGIA DO AZUL E DO ROSA: SEXUALIDADE E GÊNERO NA EDUCAÇÃO

Apresentamos como temática a identidade sexual e de gênero no espaço educativo. Este artigo teve como objetivo investigar, através de revisão sistemática, as principais questões de identidade sexual e de gênero na educação. Enquanto metodologia, buscou-se descrever a temática em estudo através do diálogo entre autores. Deste modo, os resultados apresentam – sob específica atenção – o que se diz em respeito à valorização do ser, sujeito de direto e pertencimento aos ambientes sociais. Conclui-se que o espaço educativo, enquanto instituição escolar e na capacidade de despertar a esperança, permite ao discente superar os seus anseios e medos, satisfazendo suas necessidades e aspirações.