A cegueira de Saramago para além da literatura em sala de aula

A primeira reação que temos ao nos depararmos com uma situação atípica é a negação. Estar completamente vulnerável e fora da nossa zona de conforto pode ser uma oportunidade de aprendermos a lidar com nós mesmos, embora este não seja o pensamento à priori. Ressignificar nosso lugar no mundo é uma tarefa árdua, mas quando se está disposto a tirar as amarras da cegueira, o processo pode ser menos angustiante do que se imagina. Por isso, o propósito deste trabalho é promover o desenvolvimento das competências socioemocionais a partir da obra Ensaio sobre a cegueira, do escritor português José Saramago. A Experiência aqui desenvolvida com os alunos do ensino médio da Etec de Cotia, no Estado de São Paulo, conduz a um novo olhar sobre o papel da literatura em sala de aula, além de seu poder transformador em cada um de nós. Palavras-chave: José Saramago; Competências Socioemocionais; Literatura.

The colour of time

A presente resenha trata de discussões contemporâneas sobre a convergência entre a História Cultural, imagem e culturas visual e digital na Pós-Modernidade. A obra "The Colour of Time: a new history of the world", do historiador e jornalista Dan Jones e da artista e especialista em imagens históricas Marina Amaral, é um produto da cultura de convergência, possibilitada pela Revolução da Informação e pela criação da Internet. A coloração das fotografias em preto e branco resgata o trabalho dos daguerreotipistas do final do século XIX e início do século XX, em uma releitura da prática de aproximação da imagem do real com recursos da cultura visual e digital.

História e ficção

O artigo busca aprofundar as relações entre História e ficção a partir do cruzamento entre categorias de funcionamento dos dois campos, jogando luz a aspectos poucas vezes refletidos sobre o campo historiográfico. Conjugando elementos de teóricos da História − como Hayden White e Frank Ankersmit – com autores que buscam refletir sobre o ficcional – Wolfgang Iser, Luiz Costa Lima e Jacques Rancière −, desemboca-se em uma reflexão sobre a História e a ficção que dialoga com concepções contemporâneas da ciência. A partir de um resgate do ficcional, recusa-se tanto uma abordagem exclusivamente cientificista da História, bem como uma perspectiva demasiado relativista.

Rastros de Resistência

Resenha da obra SANTOS, Ale. Rastros de Resistência: histórias de luta e liberdade do povo negro. São Paulo: Panda Books, 2019. 136 p.

A vida como arte

O projeto Fluxus (1962-1978) instituiu e fundamentou uma modalidade artística antiautoritária pouco afeita a hierarquias prévias baseadas em preceitos românticos como gênio e originalidade. Pretende-se, neste artigo, demonstrar as afinidades entre este projeto e os princípios anarquistas, defendidos por alguns de seus participantes e respaldados na ideia de que qualquer indivíduo seria capaz de experienciar o fazer artístico. Palavras-chave: Fluxus; John Cage; Mac Low; Anarquismo.

Um breve histórico sobre o ensino de História no Brasil

Na constituição do sistema escolar brasileiro, é possível perceber que a educação popular, via de regra, não foi considerada como assunto primordial. Neste sentido, a disciplina de História foi integrada ao currículo escolar como forma de fortalecer e confirmar uma versão positivista e elitista da história, onde a classe trabalhadora não atua como protagonista dos processos sociais. Tal fator, pode ser comprovado ao ser observada tanto nas Diretrizes Curriculares da Educação como nos Parâmetros Curriculares, uma preferência pela História Universal e Nacional e detrimento da História Local. A partir de revisão bibliográfica objetiva-se apresentar uma breve reflexão sobre o panorama em que foi implantado e se desenvolveu o ensino de História no Brasil na Educação Básica, do período colonial até o tempo presente.

Presença Demoníaca

Os pentecostais e neopentecostais estão se afirmando como uma camada relevante politicamente no Brasil, com uma tendencia maior de crescimento nos próximos anos. Devido a relevância de tais indivíduos no país atual, se faz necessário entender como a sua fé se manifesta e se mantem, e isso deve ser feito a partir da compreensão das bases dessa fé. O presente artigo analisa uma das bases da crença pentecostal e neopentecostal: A controversa presença demoníaca, e busca perceber de que forma a mesma influencia nas práticas oficiais e na teologia de tais igrejas.

Plínio, o jovem, e seu epistolário

Plínio, o jovem, é autor de dez livros de cartas, sendo nove livros de cartas pessoais e um outro de epístolas que trocou com o imperador Trajano. Foram publicadas provavelmente entre 100 e 110 d.C., e englobam período histórico situado nas décadas finais do primeiro século depois de Cristo. Várias informações que temos sobre Plínio, o jovem, ele próprio nos fornece por meio dos dados elencados em suas missivas. Esse autor está situado entre a segunda metade do século primeiro e início do século segundo, e deixou também para a posteridade o Panegírico a Trajano, obra que exalta esse imperador e seus feitos, como deixou, já supracitado, dez livros de cartas. Apresenta-se nesta tradução proposta pequena amostra do arcabouço deixado por Plínio, cartas ainda inéditas em língua portuguesa que são objeto de nossa pesquisa, em andamento, de pós-doutorado. De inegável importância, o epistolário de Plínio aborda, como já citado, as mais variadas temáticas, com estilo que vai da simplicidade à elegância.

O Gerente e a Recepcionista

Publicado em 1965, O Caso do Hotel Bertram reúne algumas das caracterizações mais importantes, dentre os romances protagonizados por Miss Jane Marple. Neste ensaio, discutem-se os métodos empregados por Agatha Christie ao representar as diferentes classes sociais das personagens no romance, com ênfase nos retratos do gerente e da recepcionista do estabelecimento em que os crimes acontecem.