“Não existem fatos, só existem histórias": nação e identidade nacional no romance “Viva o povo brasileiro", de João Ubaldo Ribeiro

A partir de uma análise do livro Viva o Povo Brasileiro, do escritor João Ubaldo Ribeiro (1941-2014), entendemos que um diálogo pode ser estabelecido acerca das noções de nação e identidade nacional a partir deste romance publicado em 1984, isto é, ainda no contexto do período militar no Brasil. Neste trabalho, entendemos que problematizar tais noções significa buscar a sua abrangência para além dos significados conferidos pela historiografia e teoria social, propondo uma relação entre história, literatura e conhecimento sociológico presente no desafio de pensar a construção de uma nação a partir da identidade nacional construída junto de personagens, cronologias e ambientes narrativos. Ao entrecruzar estas noções, pensamos tanto nas estruturas narrativas do romance como no modo como estas são trabalhadas, principalmente, a partir de um diálogo com Paul Ricouer, Benedict Anderson, Eric Hobsbawn, Hayden White e Antônio Candido.

Nature in Progress – Tocqueville and the Transformation of Natural Law

Hayden White famously claimed that Tocqueville’s emplotment of history was „tragic” by genre, and his ideological implications were „radical”. The aim of this paper is to argue that this interpretation is correct, but that our arguments will be based on a subject entirely ignored by White: Tocqueville’s meagre scarce remarks on nature and natural law. According to their commonsensical definition, natural laws must „stem from God, nature, or reason”, but this relationship in Tocqueville is highly problematic. As I intend to prove, Tocqueville probably did acknowledge the existence of natural laws, and even intended to describe their resulting obligations (as in the case of what virtuous deeds are, or what humanity is etc.), but the way he defined nature herself suggests that the precise content of such obligations cannot be settled easily. Hence, according to our claim, a disturbing tension can be observed between the way Tocqueville attempted to describe certain natural laws, and the way he defined natural laws in general. Furthermore, this tension is analogous with the aforementioned friction between the author’s personal convictions and his scientific conclusions.

Inventando a Hayden White. Imaginación y narrativas, Norma Durán

Una constante a lo largo de la vida del historiador Hayden White fue que recibió numerosas críticas por parte de sus detractores. Inmediatamente después de la publicación de su polémica Metahistoria en 1973, muchos tomaron la pluma para cuestionar al autor norteamericano. En respuesta, White dedicó gran parte de su producción escrita a continuas reflexiones y, sobre todo, respuestas, más que nada en forma de ensayo, para reformular su postura o contraargumentar

Quando Hayden White encontra Sebald: Austerlitz entre o fardo da história e o passado prático | When Hayden White meets Sebald: Austerlitz between the burden of history and the practical past

O objetivo deste ensaio é promover um encontro entre as ideias sobre a história de Hayden White e os caminhos históricos e traumáticos traçados por Sebald em Austerlitz. Neste sentido, partimos do pressuposto de que o personagem homônimo ao título do livro do escritor alemão funciona como um pêndulo entre o fardo da história e o passado prático, não coincidentemente, dois dos principais textos do historiador norte-americano. Para que possamos chegar minimamente a esse objetivo, abordaremos Austerlitz enquanto uma saga em busca de uma estética da representação do passado e de uma ética do conhecimento histórico, colocando como pano de fundo central em nosso texto os debates teóricos e metodológicos oferecidos pela obra de White.Palavras-chave: Hayden White. Sebald. Austerlitz. Fardo da história. Passado Prático AbstractThe purpose of this essay is to promote a meeting between the ideas about Hayden White's history and the historical and traumatic paths traced by Sebald in Austerlitz. In this sense, we assume that the homonymous character to the title of the German writer's book works as a pendulum between the burden of history and the practical past, not coincidentally, two of the main texts of the American historian. So that we can minimally reach this goal, we will approach Austerlitz as a saga in search of an aesthetics of the representation of the past and an ethics of historical knowledge, placing as a central backdrop in our text the theoretical and methodological debates offered by White's work.Keywords: Hayden White. Sebald. Austerlitz. Burden of History. Pratical Past.

A RELAÇÃO ENTRE HISTÓRIA E FICÇÃO NA PERSPECTIVA DE HAYDEN WHITE A PARTIR DA OBRA OS QUE BEBEM COMO OS CÃES, DE ASSIS BRASIL

A presente pesquisa trava uma discussão entre história e ficção, considerando as ideias de Hayden White, a partir da obra Os que bebem como os cães, do escritor piauiense Assis Brasil. Objetiva-se analisar a aproximação existente entre essas duas áreas do saber, adotando-se como pilar para essa discussão a citada obra do referido escritor. Demonstra-se aqui que, quando o leitor identifica a ligação entre esses dois campos do conhecimento já mencionados, ele consegue enxergar novas abordagens propostas pelo texto ficcional.

Painting historiography: Meleko Mokgosi's Democratic Intuition

This interview focuses particularly on Democratic Intuition (2013-20), Meleko Mokgosi's epic, eight-chapter painting cycle, the title of which references Gayatri Spivak's lecture on the necessary relationship between education and democracy. Education, reflection on theory and practice and engagement with young practitioners are all important parts of Mokgosi's work. The interview discusses the way the chapter format of Democratic Intuition is influenced by film processes, and the research and critical analysis on which his work is based; this includes historiography; the western genre of history painting; narrative tropes and the work of Hayden White; and painting techniques that more accurately construct Black skin tones. It also discusses discourses of race and assumptions about whiteness in the western canon; and whether there is a possibility for the Black subject to inhabit allegorical representational space without being overdetermined by histories of Blackness and race discourse. Stuart Hall's work has been important to Mokgosi because of its analysis of the complexities of the discourses within which cultural production and consumption is located. This has been helpful for reflecting on the location of the western art tradition within discourses of the Enlightenment and western humanism, which provide specific rules of circulation and consumption, and structures of authority. Such discourses assume that the viewer has the necessary tools or literacies to read in order to arrive at the meanings proposed in cultural objects. Mokgosi is engaged in continuous reflection on the extent to which, in spite of this, he, as a particular subject from Botswana, has managed to locate meaning within the narrow practice of painting.

“Essas mentiras, caro doutor, vão tornar-se verdades indiscutíveis”: memórias subterrâneas, violência e legitimidade em O anjo branco, de José Rodrigues dos Santos

O objetivo deste artigo e discutir o romance O anjo branco, de Jose Rodrigues dos Santos, a partir da ideia do campo literário como um arquivo de memorias que se confrontam em disputa por uma autoridade narrativa sobre um tempo e a legitimidade dos seus acontecimentos específicos. O autor se coloca como representante de sua comunidade de memória e teatraliza, no palco de sua narrativa, uma argumentação ideológica interessada muito mais na representação do que chama de “espírito do tempo” do salazarismo do que na reconstituição factual das ocorrências. Esta noção das intenções que sustentam as ações do regime está intimamente relacionada a base das teorias contratualistas que justificam o monopólio e a utilização da violência por parte do poder público quando visam o bem comum. Assim, o artigo discute a relação entre história, memoria, política e literatura a partir de teóricos como Thomas Hobbes, Hayden White, Micheal Pollack, Margarida Calafate Ribeiro e Diana Klinger.

Over Hill and Dale in Pursuit of the Russian Fox

Jeffrey Brooks’ book The Firebird and the Fox presents a synthetic account of Russian cultural history from the middle of the nineteenth century to the middle of the twentieth. Brooks describes culture as an “ecosystem,” persistent across seeming moments of historical rupture such as the revolutions of 1917, animated by certain overarching thematic concerns, and uniting readers and writers across a broad spectrum of levels of social life, from the newly literate popular masses to the educated elites, and forms of media, from prestigious belles lettres to popular illustrated weeklies, satirical journals and children’s literature. Drawing on the theoretical description of historiographical writing offered by Hayden White, this essay examines Brooks’ book in terms of its formal patterning as a comedic narrative and its poetic basis in the trope of synecdoche, which undergird its analytical efforts to integrate material across seeming historical and social divides.