Revista Linguíʃtica
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Published By Revista Linguistica

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2020 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 103-127
Author(s):  
Cristiano Pimentel Cruz ◽  
Bruno Gonçalves Carneiro ◽  
Karylleila Dos Santos Andrade

Este artigo é uma pesquisa sobre o uso de gírias por um grupo de surdos, na cidade de Palmas - TO, que interage através da rede social WhatsApp. Nesta pesquisa, fizemos o levantamento de dezenove gírias e descrevemos o perfil dos participantes, as regras de manutenção do grupo e o processo de criação dos sinais. O suporte teórico e metodológico utilizado para este estudo foi dos autores Preti (2000a; 2000b; 2003; 2013) e Murata (2008), sobre as gírias enquanto prática de linguagem de resistência, oposição e proteção. No grupo, a troca de informações acontece em libras (vídeo) e não há participação de ouvintes. Segundo os participantes, as gírias surgem como formas: (i) de entretenimento e humor, em um ambiente em que estão à vontade em relação à língua e aos temas abordados, (ii) de resistência, numa oposição às experiências negativas frente à sociedade majoritária e (iii) de proteção e sigilo, frente aos ouvintes sinalizantes e a outros surdos membros da comunidade surda. As gírias são categorizadas em: (i) sinais inéditos, (ii) sinais com parâmetros modificados (configuração de mão) para expressar intensidade, (iii) sinais com parâmetros modificados (orientação da palma) para indicar ironia e (iv) sinais com parâmetros modificados (ponto de articulação) para evidenciar a modalidade gestual-visual das línguas de sinais. Os resultados da pesquisa também indicam que o processo de criação das gírias envolve a lexicalização de ações gestuais, originando sinais altamente icônicos, e a alteração de unidades sub-lexicais, caracterizando os parâmetros como fonomorfemas.


2020 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 404-424
Author(s):  
Gabriele Cristine Rech

A Onomástica é uma vertente da Lexicologia que estuda os nomes próprios de pessoas (antropônimos), bem como os nomes próprios de lugares (topônimos). Enquanto campo científico, dialoga com outras áreas do conhecimento, por exemplo, os Estudos da Tradução. As línguas de sinais, tal qual as demais línguas orais, também nomeiam os nomes próprios, em consonância às suas características visuais-espaciais, por meio do que chamamos de “sinais de nome”. A partir de uma vertente exploratória (GIL, 2008), analisaremos 92 sinais de nomes de personagens bíblicas, extraídos do Manual do Clamor do Silêncio (1991), com o objetivo de evidenciar como foram traduzidos para a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Como referencial teórico recorre aos estudos de: Nord (2003), que investiga a tradução de nomes próprios; Bailey (2007),com estudos voltados à tradução de nomes bíblicos; Barros (2018), que propõe uma taxonomia para os sinais de nome na Libras e do antropólogo Assis-Silva (2012), que analisa as práticas religiosas e suas interferências na história da Língua Brasileira de Sinais. A partir das constatações feitas por Barros (2018), a qual identificou uma preferência em atribuir um sinal de nome motivado pelo nome na Língua Portuguesa, acrescido de outra característica física, buscouse verificar se na tradução dos sinais bíblicos o mesmo aconteceria. Como resultado constatou-se que praticamente todos os sinais de nome utilizam a primeira letra do nome em Língua Portuguesa seguidos de outras motivações como acontecimentos que marcaram a biografia ou o papel/profissão desempenhado pelas personagens analisadas.


2020 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 146-169
Author(s):  
Roberto De Freitas Junior ◽  
Lia Antunes Soares Abrantes ◽  
João Paulo Da Silva Nascimento ◽  
Ruan Sousa Diniz

A construcionalização de sinais soletrados e compostos da Língua Brasileira de Sinais (Libras) é discutida no presente artigo. Para tanto, sob a ótica da Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU), adotamos o arcabouço da Gramática de Construções Baseada no Uso (GOLDBERG, 2006; HILPERT, 2014; PEREK, 2015; BYBEE, 2008, 2010), vertente que considera a construção a menor unidade do conhecimento linguístico, a fim de contemplarmos o modo como novos signos são formados nessa língua, via construcionalização (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013). Discutimos, então, a formação, a fixação e a mudança, ou seja, o modo de incorporação ao sistema, de sinais soletrados e compostos, via construcionalização produto e construcionalização processo, tal como proposto em Cezario e Alonso (2019). Assim, abordamos casos de construcionalização lexical na Libras, por formação abrupta ou gradual, além de aspectos relacionados ao fenômeno, como o papel do empréstimo, das mudanças construcionais, da frequência e dos papéis dimensionais da produtividade, esquematicidade e composicionalidade desses itens. Defendemos, assim, a construcionalização como processo de mudança e de formação de itens e mostramos que ela explica a emergência de novas construções lexicais, advindas da datilologia e do processo morfológico da composição, ao se tornarem novas representações armazenadas no constructicon.


2020 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 128-145
Author(s):  
Leila Rachel Barbosa Alexandre ◽  
Mário Augusto Silva Sousa Júnior ◽  
Geisymeire Pereira do Nascimento

O objetivo deste artigo é analisar as construções simbólicas do sinal “VENCER” em Libras utilizadas em contextos metafóricos por surdos que residem em Teresina-PI. Para tanto, realizamos coleta dos dados a partir de entrevista coletiva, na qual expusemos o sinal “VENCER” a 8 (oito) informantes surdos, fluentes em Libras, e pedimos que nos relatassem e explicassem em quais contextos (ou situações cotidianas de comunicação) utilizavam-no. Os dados foram analisados sob a perspectiva da Semântica Cognitiva, mais especificamente, utilizando a abordagem de Metáforas Conceituais de Lakoff e Johnson (2002 [1980]) e da abordagem de Taub (2001), Sherman Wilcox (2004) e Phyllis Wilcox (2005) sobre o duplo mapeamento nas metáforas em línguas de sinais. Foram identificados oito diferentes contextos metafóricos relacionados à utilização do sinal “VENCER’: Jogos/Campeonatos, Eleição, Discussão/Debate, Convencimento/Conquista, Superação, Superioridade Absoluta, Ejaculação e Utilização de objetos inapropriados. A eles foi relacionada a metáfora COMPETIÇÃO É CORRIDA, com base no duplo mapeamento (icônico e metafórico) observado em cada contexto, evidenciando que, ao mesmo tempo em que são múltiplas as possibilidades de utilização metafórica de “VENCER”, há sistematicidades perceptíveis.


2020 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 352-371
Author(s):  
Humberto Meira Araujo Neto ◽  
Camila Tavares Leite
Keyword(s):  

Este artigo tem o objetivo de compreender o efeito da natureza lexical no processo de reconhecimento de palavras visuais ortográficas e datilológicas por pessoas surdas com restrições no desempenho da oralidade, tomando como base o resultado obtido em testes de nomeação lexical aplicados com o público em questão. As variáveis definidas para investigação foram a modalidade (ortográfica e datilológica) e a natureza lexical (palavra, pseudopalavra e não palavra) dos estímulos. O resultado do desempenho em cada variável (natureza lexical e modalidade) tem o potencial de verificar o grau de atuação da fonologia do Português e do sistema da Libras. Uma comparação com modelos aninhados indicou que a natureza lexical (Chisq: 134.11 p 0.0001) e a modalidade (Chisq: 77.19 p 0.0001) têm efeito significativo na distribuição do conjunto de dados. O número de acertos totais foi maior no teste ortográfico (42,2%) do que no teste datilológico (17,6%), sugerindo um efeito da estaticidade ortográfica na memória na recuperação das partes (bottom-up) ou maior familiaridade com os traços das palavras ortográficas, mais frequentes que as datilológicas. No total de acertos por categoria (palavra – 60,2%; pseudopalavra – 22%; não palavra – 7,56%) houve convergência com os estudos que apontam maior facilidade no reconhecimento de itens em condições palavra, seguida das condições pseudopalavra e não palavra, apontando a categoria palavra como mais produtiva. O choque entre a modalidade datilológica e as categorias pseudopalavra e não palavra pode ter resultado num pior desempenho para esse tipo de modalidade.


2020 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 311-331
Author(s):  
Luciana Sanchez-Mendes ◽  
Rimar Ramalho Segala ◽  
André Nogueira Xavier

Apesar da existência de alguns estudos que descrevem e analisam os recursos fonéticos e morfofonológicos empregados na expressão de intensidade em libras (XAVIER, 2014, 2017; SANTOS; XAVIER, 2019a, 2019b), até o presente a dimensão semântica desse processo não foi explorada formalmente por nenhum trabalho. Objetivando dar um primeiro passo nessa direção, este estudo, com base em dados coletados de um sinalizante surdo nativo de libras, propõe, no âmbito da Semântica Formal, uma análise de 11 predicados verbais dessa língua. Dentre as diferentes formas coletadas desses predicados, focalizamos as produzidas com duas mãos, com movimento simultâneo e sem repetição, por serem interpretáveis como intensas. Precisamente, segundo o mesmo sinalizante surdo nativo, essas formas expressam noções de ênfase, esforço, confirmação e completude. Neste trabalho, apresentamos um tratamento formal unificado para todas essas noções, por meio de uma proposta que leva em conta uma função de mudança de tipos que fornece aos verbos uma variável de grau e uma variável escalar associada a diferentes aspectos de intensidade, como fizeram Caudal e Nicolas (2005) e Sanchez-Mendes (2014).


2020 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 274-310
Author(s):  
David Quinto-Pozos ◽  
Ronice Quadros ◽  
Blake Maynard

Human languages contain a variety of tools for referencing agents, locations, arguments of predicates, and other entities that are introduced, described, and attributed actions within sentences. While there are similarities across modalities, there also exist notable differences. For example, signed languages are articulated with two hands, and sometimes one of them serves referencing functions while the other produces complementary signs. Additionally, signers use role shift and constructed action extensively, whereas there is comparatively less use of reported speech and co-speech enactment in spoken language discourse. Differences across modalities such as these provide areas of focus for studies of interpretation, since a common theoretical premise is that interpreters should disengage from the form of a source-language message in order to provide the meaning in the target language (with its own form). It is open to debate whether an interpretation can achieve complete semantic equivalence, given differences in the grammars, lexical items, and discourse features of the source- and target-languages. We use Libras texts interpreted into Brazilian Portuguese to examine various types of referencing in language and how it occurs in such texts. Our analysis is intended to raise questions about referencing and interpretation that merit in-depth study.-----------------------------------------------------------------------------ALTERNÂNCIA DE REFERÊNCIA NAS LÍNGUAS DE SINAIS E LÍNGUAS FALADAS: CARACTERÍSTICAS GRAMATICAIS E DISCURSIVAS ENTRE MODALIDADES EM INTERPRETAÇÕES DE LIBRAS PARA LÍNGUA PORTUGUESAAs línguas humanas contêm uma variedade de ferramentas para referenciar agentes, locais, argumentos de predicados e outras entidades que são introduzidas, descritas e atribuídas com ações nas sentenças. Embora existam semelhanças entre as modalidades, também existem diferenças notáveis. Por exemplo, as línguas de sinais são articuladas com duas mãos, e às vezes uma delas tem funções de referência enquanto a outra produz sinais complementares. Além disso, o sinalizador usa a alternância de referência e a ação construída extensivamente, enquanto há comparativamente menos uso de cotação e ação construída que co-ocorre com discurso da língua falada. Diferenças entre modalidades como essas fornecem áreas de foco para estudos da interpretação, uma vez que uma premissa teórica comum é que os intérpretes devem se desvincular da forma de uma mensagem na língua de origem a fim de fornecer o significado na língua de destino (com sua própria forma). É possível debater se uma interpretação pode alcançar equivalência semântica completal, dadas as diferenças nas gramáticas, itens lexicais e características do discurso das línguas-fonte e as línguas-alvo. Usamos textos de Libras interpretados para o português brasileiro para examinar vários tipos de referência nessas línguas e como ela ocorre nesses textos. Nossa análise pretende levantar questões sobre referenciação e interpretação que merecem um estudo aprofundado.---Origina em inglês.


2020 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 372-403
Author(s):  
Ronice Müller de Quadros ◽  
Diane Lillo-Martin ◽  
Marilyn Mafra Klamt ◽  
Karina Tasso Pires

A proposta deste artigo é apresentar aspectos metodológicos envolvidos em pesquisas com participantes bilíngues bimodais, ou seja, aqueles que utilizam duas línguas em diferentes modalidades (uma língua de sinais, visual-espacial e uma língua falada, oral-auditiva). O artigo vai abordar o uso de estudos experimentais considerando-se a elaboração das tarefas, a coleta em si, o registro dos resultados e aspectos a serem levados em consideração na análise dos resultados. Este artigo resulta de pesquisas que foram conduzidas com bilíngues bimodais, em especial, os estudos que temos desenvolvido ao longo dos últimos dez anos (tais como LILLO-MARTIN et al. 2010; 2016; 2020; QUADROS et al. 2015; 2016; QUADROS, 2017). O objetivo do artigo é divulgar o desenvolvimento de ferramentas metodológicas que foram sendo aprimoradas com base nas pesquisas realizadas para servirem de referências nos estudos com bilíngues bimodais. Consideramos isso importante, uma vez que vários estudos precisam ser feitos nesta área, tanto do ponto de vista teórico, como aplicado. Sendo assim, envolve contribuições para as teorias sobre o bilinguismo trazendo novos elementos com base nesta forma peculiar de uso de duas línguas com modalidades diferentes. Este estudo também contribui para o campo da formação de profissionais bilíngues bimodais para atuarem tanto no ensino de Libras, como na educação bilíngue e na tradução e interpretação de língua de sinais.


2020 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 7-14
Author(s):  
Marília Uchôa Cavalcanti Lott de Moraes Costa ◽  
Andrew Nevins ◽  
Anderson Almeida da Silva

Apresentação à Revista Linguíʃtica v.16, n.3.


2020 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 250-273
Author(s):  
Lara Mantovan

Phrase-final lengthening is a quite common prosodic phenomenon, previously accounted for in several spoken and signed languages. This study aims at investigating the prosodic cues produced in correspondence with the final boundary of noun phrases in Italian Sign Language (LIS), analyzing corpus data from both quantitative and qualitative perspectives. The quantitative analysis confirms that noun phrases in LIS are affected by phrase-final lengthening (i.e. in noun phrases including one nominal modifier, on average, postnominal modifiers are longer than prenominal ones) and reveals that the various modifier classes show different degrees of sensitivity to this phenomenon. Building on these results, the qualitative analysis explores in detail those modifier classes that show lengthening effects in the corpus: the main consequences in the phonological makeup of signs are insertion of movement repetition, prolonged path movement, final hold accompanied by head nod, and weak prop. The study also offers possible explanations for the fact that quantifiers, ordinals, and determinerlike pointing signs are less sensitive to lengthening effects in the phrase-final boundary, suggesting that particular morphosyntactic factors may come into play.-----------------------------------------------------------------------------EXPLORANDO OS EFEITOS DO ALONGAMENTO EM FINAL EM SINTAGMAS NOMINAIS DA LÍNGUA DE SINAIS ITALIANA (LIS)O alongamento final é um fenômeno prosódico comum, que já foi observado em diversas línguas orais e de sinais. Este estudo tem por objetivo investigar as pistas prosódicas produzidas em correspondência com os limites do sintagma nominal na língua de sinais italiana (LIS), analisando dados quantitativos e qualitativos oriundos de corpus. A análise quantitativa confirma que os sintagmas nominais em LIS são afetados pelo alongamento final (ex: em sintagmas nominais que incluem um modificador nominal, em média, modificadores pós-nominais são mais longos em comparação com os pré-nominais) e revela que as várias classes de modificadores exibem diferentes graus de sensitividade a este fenômeno. A partir dos resultados, a análise qualitativa explora em detalhes as classes de modificadores que demonstram os efeitos do alongamento no corpus: as principais consequências para a constituição fonológica dos sinais são a adição de uma repetição do movimento, um prolongamento da trajetória do movimento, suspensão final acompanhada por um aceno de cabeça e a sustentação fraca do sinal. O estudo traz também possíveis explicações para o fato de que os sinais quantificadores, ordinais e as apontações com função de determinante são menos sensíveis aos efeitos de alongamento nos limites fronteiriços entre os sintagmas, sugerindo que alguns fatores específicos de ordem morfossintática possam estar também em jogo.---Original em inglês.


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