A dor neuropática é uma condição clinicamente definida e provocada por uma lesão ou doença de vias neurológicas somatossensitivas. Ela ocorre em aproximadamente 7% a 10% da população mundial, e resulta em grande impacto econômico e sobre a qualidade de vida dos doentes. Os seus critérios diagnósticos levam em consideração: a história compatível com dor neuropática por uma lesão e/ou doença relevante; distribuição neuroanatomicamente plausível da dor, e testes diagnósticos que confirmem a presença da lesão e/ou doença em questão. Instrumentos de rastreio, como o Douleur Neuropathique en 4 Questions (DN-4) podem auxiliar em sua identificação, especialmente por não especialistas. Cuidados multidisciplinares são parte importante do tratamento destes doentes, porém a farmacoterapia é ainda hoje o seu elemento fundamental. As diretrizes da NeuPSIG (Neuropathic Pain – Special Interest Group) recomendam ligantes da subunidade α2δ de canais de cálcio sensíveis a voltagem (gabapentina e pregabalina), inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (duloxetina e venlataxina) e antidepressivos tricíclicos como primeira linha terapêutica; emplastros de lidocaína 5% e de capsaicina 8%, e tramadol como segunda linha; e onabotulinumtoxina A e opioides fortes (morfina e oxicodona) como terceira linha. A escolha da melhor estratégia terapêutica, no entanto, deve ser individualizada e levar em consideração o tipo de dor neuropática (periférica vs. central), extensão da área acometida, comorbidades e preferências do paciente, riscos de interações farmacológicas e de efeitos colaterais. Casos refratários devem ser conduzidos preferencialmente por médico especialista em dor, e para eles modalidades terapêuticas invasivas e neuromodulação podem ser considerados.
Unitermos: Dor crônica. Dor neuropática. Analgesia, diagnóstico, tratamento.