<p>A apreensão das características gerais, estratégias e delineamentos da produção do perfil como narrativa produzida pelo repórter a partir da apropriação técnica e estética na construção de sentido operadas pelo jornalismo nas especificidades lingüísticas/discursivas é uma questão, por si só, que provoca inquietações de ordem teórica e prática. Compreender a dimensão conceitual do perfil como gênero peculiar no jornalismo e elaborar por meio das técnicas de reportagem essa narrativa demanda problematização que alcance, sobretudo, a instância de produção de sentido, operado pelo repórter-narrador. Neste artigo, o interesse é compreender o perfil como gênero na perspectiva de Mikhail Bakhtin, considerando abordagem teórico-metodológica do teórico russo, a partir da análise do perfil “Frank Sinatra has a cold”, produzido pelo jornalista Gay Talese para a revista Esquire em abril de 1966. Em termos gerais, a compreensão das características de produção do discurso no perfil torna um elemento conceitual para refletir sobre o fazer jornalístico, ética, construção de uma personagem em trânsito com a esfera pública e privada, tomadas de posição – e poder – nas relações entre jornalista e perfilado.</p><p> </p>