Entrevista com Silvio Tendler
Silvio Tendler (Rio de Janeiro, RJ, 1950) é cineasta, professor e historiador. Nos anos 1960 o cineclubismo foi a porta de entrada no universo do cinema. No início dos anos 1970 esteve no Chile governado por Allende, registrando em imagens os diferentes projetos populares estraçalhados pelo golpe de 1973. Viaja a Paris em 1972 para estudar cinema, onde participa de coletivo ligado à Chris Marker. Forma-se em História pela Universidade de Paris 7, escrevendo monografi a sobre cinema e história sob a supervisão de Marc Ferro. Obtém o título de mestre em 1976, com dissertação sobre a obra do cineasta holandês Joris Ivens. De volta ao Brasil, realiza, dentre outros trabalhos, Os anos JK, uma trajetória política (1980) e Jango (1984), documentários de grande sucesso de público. Diferentes personagens de nossa história política-cultural foram objeto de sua atenção, como, por exemplo, Carlos Marighella, Glauber Rocha, Milton Santos, Tancredo Neves e Josué de Castro. A articulação entre cinema e história ganha em Utopia e barbárie (2010) um esforço de síntese dos acontecimentos mais importantes ocorridos nos últimos cinquenta anos. Formou ao longo de sua trajetória, com mais de 70 fi lmes de curtas, médias e longas-metragens, um acervo riquíssimo de imagens e depoimentos sobre o mundo contemporâneo, material que cresce na medida em que inúmeros projetos cinematográfi cos e televisivos são concretizados, como é o caso de Militares da democracia: os militares que disseram não e Os advogados contra a ditadura: por uma questão de justiça, ambos de 2014. Recebeu inúmeros prêmios em reconhecimento à sua obra. Em 2011, recebeu o Notório Saber, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, instituição na qual iniciou a docência em 1979.