scholarly journals Sociedade e crise(s)

2020 ◽  
Author(s):  
Madalena Oliveira ◽  
Helena Machado ◽  
João Sarmento ◽  
Maria do Carmo Ribeiro

O conceito de crise é particularmente caro às Ciências Sociais. E é-o não apenas no domínio da Ciência Económica ou Política, mas também da Sociologia, da História, da Antropologia, da Educação, da Geografia e da Comunicação. Ao procurarem explicar as dinâmicas sociais como processos sujeitos à mudança e à transformação, estas ciências têm desenvolvido a ideia de que as crises são, não apenas momentos de depressão dos valores instituídos, mas também pontos de viragem histórica e civilizacional. Cada capítulo deste livro é um convite à reflexão da diversidade de experiências e problemáticas sociais da crise. Assumindo-a como noção plural, este volume encara a noção de crise(s) como central à análise crítica das sociedades.

Mana ◽  
2017 ◽  
Vol 23 (3) ◽  
pp. 473-509 ◽  
Author(s):  
Manuel Ferreira Lima Filho

Resumo O artigo versa sobre a construção da “Coleção Karajá William Lipkind” composta por 527 (454 localizados) artefatos do acervo do Setor de Etnologia e Etnografia do Museu Nacional, realizada pelo antropólogo estadunidense William Lipkind. Filho de emigrantes judeus-russos, Lipkind chega ao Brasil num período de eminência da Segunda Guerra Mundial, quando permanece por 14 meses, de 1938 a 1939, entre os Karajá do vale do Araguaia. Sua pesquisa é mediada pela diretora do Museu Nacional, Heloísa Alberto Torres que recebe igualmente outros estudantes da Universidade de Columbia, como Buell Quain, Ruth Landes e Charles Wagley. O estudo dos itinerários da coleção de William Lipkind, entre outros atores e instituições no Brasil e nos Estados Unidos, traz conhecimento novo a respeito da qualificação da própria coleção, da história da antropologia no Brasil e nos Estados Unidos.


Author(s):  
Sandra Maria C. T. Lacerda Campos

Este artigo busca contribuir para o debate acerca da Antropologia Visual, refletindo sobre aspectos da história da antropologia brasileira relacionados à adoção da imagem como método de investigação


2019 ◽  
Vol 19 (3) ◽  
pp. 659
Author(s):  
Amurabi Oliveira

Arthur Ramos (1903-1949) foi um dos mais relevantes antropólogos brasileiros do século 20, não apenas devido à sua inestimável contribuição ao debate acerca das culturas afro-brasileiras, como também pelo seu papel no processo de institucionalização da Antropologia no Brasil, com destaque para a fundação em 1941 da Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia (SBAE). Apesar do crescente interesse pelo seu legado intelectual, os esforços de revisita a seu trabalho pouco têm se dedicado ao processo de rotinização do conhecimento antropológico por ele desempenhado, principalmente a partir de sua atuação na Faculdade Nacional de Filosofia. Proponho-me neste trabalho analisar a rotinização do conhecimento antropológico a partir da atuação de Arthur Ramos como docente, partindo do exame de seus planos de curso, orientações para alunos etc., disponíveis para consulta no acervo da Biblioteca Nacional (BN). Trata-se de uma abordagem sobre a história da Antropologia brasileira que visa compreendê-la a partir de seu ensino, e não simplesmente a partir dos resultados das pesquisas desenvolvidas e das publicações daí resultantes.


1986 ◽  
Vol 20 (2) ◽  
pp. 152-164 ◽  
Author(s):  
Marcos de Souza Queiroz ◽  
Ana Maria Canesqui

Foi feita revisão e análise da literatura antropológica mais importantes sobre representações de saúde e doença e práticas de cura, tendo a Inglaterra, os Estados Unidos da América e a França como referência. Tendo representantes nas principais escolas dentro do pensamento antropológico (tais como o funcionalismo, o funcional-estruturalismo, o estruturalismo, a teoria do rótulo, o interacionismo simbólico, a etnometodologia, o criticismo cultural), a história da antropologia da medicina se confunde com a própria história da antropologia. Além de analisar a contribuição que essas várias escolas fizeram para esse campo de estudo, aponta-se o impasse atual que se está nele verificando. Atribui-se como principal razão para esse impasse à ausência de uma teoria capaz de explicar como os processos sociais de pequena escala (apropriados à metodologia antropológica) subordinam-se aos processos sociais recorrentes na sociedade capitalista.


2019 ◽  
Vol 26 (49) ◽  
pp. 45-82
Author(s):  
Cleber Ranieri Ribas De Almeida

Este artigo pretende reconstituir a história da Antropologia Filosófica como disciplina acadêmica e como programa de pesquisa. Tal reconstituição será feita a partir da tese de Odo Marquard, segundo a qual há uma contraposição indissolúvel entre Antropologia Filosófica e Filosofia da História. O propósito é distinguir entre “humanismo” e Antropologia Filosófica. Ambos têm história conceitual, trajetória etimológica e programas disciplinares absolutamente dissociados. O “humanismo” e as filosofias do homem estão ancorados numa Filosofia da História. Em contraposição, a Antropologia Filosófica está ancorada numa Filosofia da Natureza. Portanto, contrariamente ao que afirma parte significativa da bibliografia especializada, “humanismo” e Antropologia Filosófica constituem programas de pesquisa absolutamente antitéticos. Por fim, para provar esta antítese, serão enumerados e caracterizados os princípios antropológicos e os imperativos metodológicos de investigação que definem o programa de pesquisa da Antropologia Filosófica.


Cadernos Pagu ◽  
2018 ◽  
Author(s):  
Guita Grin Debert

Resumo Este artigo é uma homenagem à antropóloga Mariza Corrêa. Com o objetivo principal de realçar a sua contribuição para os estudos de gênero e justiça, o artigo apresenta também seus trabalhos sobre a história antropologia e seu empenho na construção institucional dessa disciplina no Brasil.


Cadernos Pagu ◽  
2018 ◽  
Author(s):  
Luis Felipe Sobral

Resumo Dois pontos destacam-se da leitura de Antropólogas & Antropologia, de Mariza Corrêa, a quem este artigo faz homenagem: primeiro, a importância do gênero como uma categoria para se repensar a história da antropologia; segundo, a capacidade metodológica da anomalia para iluminar as contradições do sistema normativo ao qual se refere. Tais pontos esboçam uma pesquisa em andamento, dedicada ao estudo da posição anômala ocupada pelo antropólogo escocês Sir James G. Frazer na epistemologia da antropologia, a um só tempo denegado por essa disciplina e acolhido pela literatura, e também à circulação de sua obra na França, onde sua esposa, Lady Frazer, desempenhou um papel central. Assim, este artigo busca mostrar o enorme potencial de Antropólogas & Antropologia para estimular novas pesquisas.


2020 ◽  
Vol 22 (2) ◽  
pp. 09-20
Author(s):  
Pere Comellas Casanova

As identidades coletivas sempre foram altamente complexas, apesar da tendência geral à simplificação que nossas categorias lhes tentam impor. O contato intercultural e interlinguístico se constitui num fator ao mesmo tempo clarificador - desde que oferece uma alteridade evidente com a qual se confrontar - e complexificador - no sentido de que possibilita a hibridação e as identificações múltiplas. Talvez não exista uma situação mais prototípica de contato e confronto brusco, violento, cortante, que a colonização moderna. Diversos povos europeus iniciam no século xvi umas invasões legitimadas não só pela força militar como também por um discurso de suposta superioridade cultural e religiosa. Um movimento que impulsa uma nova representação do mundo e de seus habitantes produto das novas experiências tanto quanto das expetativas prévias e das projeções interessadas. Um exemplo paradigmático disso é o próprio conceito (e a própria palavra) de «índio» ou «indígena».A denominação de índio ou indígena responde claramente à criação de uma categoria unificadora de uma alteridade percebida pelos intérpretes europeus como radical e uma respeito da própria autorrepresentação. A imensa diversidade dos povos habitantes da América antes da colonização é assim drasticamente reduzida e condensada em um só conceito que ainda por cima carrega significativamente a expectativa da viagem europeia: afinal a etimologia de «indígena» é nascido na Índia.Essa enorme diversidade unificada sob o conceito de «índio» tem uma retroação lógica, a da necessidade de um conceito complementário, o de «branco», isto é, uma projeção igualmente redutora nas culturas e nos povos europeus. E mais importante ainda, tem também um efeito de estrangeirização dos povos originários americanos. A apropriação dos territórios colonizados exige a despossessão dos seus antigos usufrutuários, acompanhada de um discurso que visa serem percebidos como estranhos, alheios, paradoxalmente estrangeiros à identidade hegemônica comum, que é a «nacional». Os esforços de uma parte da sociologia, da história, da antropologia e até de alguma literatura por enquadrar as identidades pré-coloniais no tronco principal da identidade cultural brasileira têm sido incapazes de alterar substancialmente o pensamento hegemônico da população americana (e nomeadamente brasileira) geral. Deste jeito, as culturas indígenas são quase sempre representadas com estereótipos monolíticos, primitivistas, estáticos e folclorizados.Por esta razão continua a ser imprescindível o estudo tanto das culturas —e no âmbito desta revista, nomeadamente das línguas e das artes da linguagem— ameríndias como das suas representações atuais e pretéritas no imaginário hegemônico.


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