Entextualizações criativas de discursos sobre raça em práticas discursivas multissituadas na periferia brasileira
Este artigo tem como foco investigativo as performances de raça de Luan nas interações da web e na sala de aula. Luan é um garoto negro, que se identifica como gay. O estudo é parte de uma pesquisa etnográfica multissituada realizada com um grupo de jovens, estudantes do ensino médio de uma escola pública da periferia das Baixadas Litorâneas do Estado do Rio de Janeiro. O trabalho é guiado pelos pressupostos teóricos da performance e da entextualização. Na análise empreendida, investiga-se a circulação dos signos identitários de raça, em intersecção com significados de gênero/sexualidade, dando atenção ao que chamamos de entextualizações criativas, ou seja, às brechas que Luan encontra para reorganizar os sentidos referentes às práticas discursivas em que se engaja. As análises apontam que posicionamentos e performances identitárias inovadoras surgem em conjunto com visões essencializadas e sempre perceptíveis em meio a lutas e disputas. Por dar atenção às vidas móveis na “periferia”, pode-se dizer que este estudo explode as tradicionais fronteiras entre o “centro” e a “periferia”.