scholarly journals Leituras, tempos, convulsões: o romance Machado, de Silviano Santiago

2021 ◽  
Vol 43 (1) ◽  
pp. e55645
Author(s):  
Helder Santos Rocha

Este artigo apresenta uma análise do romance Machado (2016), de Silviano Santiago, com foco na problematização do gesto de leitura que o autor, e personagem-escritor, propõe para ficcionalizar e ressignificar a personagem Machado de Assis no rol da historiografia literária. Como um leitor desdobrado em autor, Silviano Santiago ressignifica a cena literária que produz sobre personas, lugares e tempos do passado, fazendo uma curadoria de documentos, imagens e anais. Após uma discussão de proposições de gestos de leitura ficcionalizados no romance, a abordagem adotada permite o recorte e o aprofundamento da relação temporal da personagem-escritor Machado com o presente da escrita de Silviano, a partir da desorganização arquivística operada por este sobre as ruínas do tempo social, a Belle Époque carioca, mas também sobre as ruínas pessoais daquele, do fundador da Academia Brasileira de Letras, como a sua doença e o seu fim de vida. Na espiral armada pelo crítico e ficcionista contemporâneo, o gesto de leitura encenado na diegese performatiza o ideal de leitura na sua recepção, da continuidade da literatura a partir de uma sinalização para os leitores do século XXI emanciparem-se e ocuparem outros lugares. Nesse sentido, a leitura literária é o potencial estético e político do romance e desse trabalho.

2014 ◽  
Vol 7 (14) ◽  
pp. 229-239 ◽  
Author(s):  
TEREZINHA V. ZIMBRÃO DA SILVA

O presente trabalho discute o tema Machado de Assis e o mulato de "alma grega". O foco será a história literária brasileira, mostrando o contexto estético e ideológico da belle époque no Brasil: helenismo, europeísmo, racismo científico, mestiçagem e preconceito étnico. Também procurará mostrar que o romance machadiano Esaú e Jacó, publicado em 1904, pode ser interpretado como uma crítica dissimulada e sutil do escritor Machado de Assis ao preconceito étnico do período.


2020 ◽  
Vol 11 (15) ◽  
pp. 144-172
Author(s):  
Hugo Lenes Menezes

O Impressionismo não constitui estilo exclusivo das estéticas plásticas, pois outras manifestações artísticas da etapa finissecular oitocentista e da Modernidade são tocadas pela tendência. Na Belle Époque, praticamente todos os artistas, literários ou não, são-lhe tributários. Entre os literatos lusófonos, destacamos Raul Pompeia, o último Machado de Assis e Eça de Queirós; Graça Aranha e Adelino Magalhães; todos no gênero narrativo. De línguas estrangeiras e mesmo gênero, mencionamos Edmond e Jules Goncourt, a pintar descrições cromático-verbais; Marcel Proust e Thomas Wolfe, num memorialismo das sensações; e Henry James, da perspectiva do impreciso. No teatro, citamos Anton Tchekhov, identificado com uma filosofia do momento. Dessa maneira, no presente artigo, abordamos o gênero dramático, sobretudo na Modernidade, em relação à pintura impressionista, mais exatamente numa visada sobre criações tchekhovianas para representação no palco, e detemo-nos por fim, com mais vagar, numa abordagem da peça As três irmãs (1901), obra-prima universal do Impressionismo cênico.


2020 ◽  
Vol 9 (1) ◽  
pp. 94-125
Author(s):  
Valeria Guimarães

O artigo é um estudo sobre a Revue Franco-Brésilienne publicada em fins do século XIX no Rio de Janeiro e que reuniu nomes expressivos da intelectualidade da época. O objetivo desse artigo é analisar um dos periódicos literários que tinha como proposta explícita a cooperação binacional. A análise está focada no papel de alguns de seus editores e colaboradores na consolidação desses vínculos e na constituição de um campo cultural e literário do início do século XX sob uma perpectiva transnacional.


2004 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 109-120
Author(s):  
Klaus Kreiser
Keyword(s):  

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