Experiências Organizacionais de Resistência ao Processo de Empresariamento Urbano: O Caso da Comunidade Vila Autódromo
Com a aproximação dos Jogos Olímpicos de 2016, acirrou-se no Rio de Janeiro o processo de “empresariamento urbano” (HARVEY, 1996), tendo como uma das consequências o aumento do número absoluto de remoções urbanas (BETIM, 2015). A Vila Autódromo foi uma das comunidades ameaçadas de remoção, porém com ações de oposição a esse processo criaram-se obstáculos significativos aos objetivos traçados pelo poder público, no que diz respeito a essa política, dando notoriedade a tal comunidade. Assim, objetiva-se analisar como movimentos de resistência, por parte de diferentes atores sociais, podem ocorrer em contraposição a fenômenos como o do empresariamento urbano, tendo como pano de fundo o caso da Vila Autódromo. Para alcançar este objetivo, realizou-se um estudo qualitativo por meio da coleta de entrevistas individuais, observações participantes e pesquisa documental. Assim, os dados apontaram que a luta envolveu ações de resistência dos próprios moradores e de outros diferentes aliados, a partir de uma organização plural na comunidade. A Vila Autódromo demonstrou ser o que Parker, Fournier e Reedy (2012) classificam como uma experiência de um modo alternativo de organizar a sociedade, algo para além das leis econômicas inexoráveis que dominam a maior parte do planeta. Assim, concluiu-se, portanto, que as ações de oposição foram parte do organizar construído na Vila Autódromo e a materialização da resistência na comunidade.