A EXCLUSÃO DA MULHER DO CÂNONE LITERÁRIO INGLÊS: O CASO DE CHARLOTTE DACRE

Este artigo tem como objetivo, a partir da trajetória traçada por Virginia Woolf, em seu ensaio-novela, Um teto todo seu (1929), delinear as causas que residem na raiz do apagamento da autora gótica Charlotte Dacre do cânone literário inglês. Dacre, assim como diversas escritoras anteriores ao surgimento do romance no cenário da literatura inglesa no século XVIII, chega à contemporaneidade com um nome obscuro e pouco conhecido. Por trás desse esquecimento parece existir uma força gerada no cerne de uma sociedade patriarcal que ora enclausura a mulher em uma vida doméstica e privada e ora lhe interdita o saber, de modo que os textos que ela poderia produzir deveriam corresponder a essa realidade. Na contramão dessa expectativa, Charlotte Dacre afasta-se de uma escrita considerada feminina quando, em suas obras, dá vida e palco central a mulheres violentas e predadoras sexuais. Consequentemente, os seus textos foram duramente criticados e preteridos por uma crítica especializada de cunho sexista e moralista. A fim de traçar a importante contribuição da autora não somente para a poética gótica, mas também a maneira como alimentou o imaginário de autores por vir, este trabalho se insere na tentativa de lançar luz sobre a sua vida e obra. Assim, aborda, com fins introdutórios, os seus romances e alguns de seus versos, sobretudo aqueles alimentados por mulheres fatais e por inclinações sádicas. Por fim, pretende-se, a partir dessa incursão, redimir o silêncio crítico histórico sobre a autora, de modo a reinscrevê-la nos círculos literários atuais, bem como atualizar a discussão crítica ao redor de suas obras.

Percy Shelley lê Charlotte Dacre: similaridades e divergências entre Zofloya, or the Moor (1806) e Zastrozzi, a romance (1810)

Este artigo destaca a relação presente entre o romance gótico de Charlotte Dacre, Zofloya, or the Moor (1806), e o de Percy Shelley, Zastrozzi: a romance (1810), a fim de constatar a importante contribuição da autora à produção literária da época, sobretudo a de poética gótica, bem como redimir o histórico silêncio crítico que a cerca. Muito é dito sobre as influências góticas na escrita do poeta, de modo que Dacre é ocasionalmente mencionada. Isto, no entanto, limita-se a uma abordagem superficial ou apenas de caráter documental. Assim, torna-se necessário resgatar a autora do obscurantismo que envolve o seu nome, bem como introduzi-la em um cânone literário majoritariamente masculino com o intuito de garantir-lhe mais diversidade.

Women’s Fiction

This essay gives an overview of women’s fiction published between the late 18th and early 19th century, focusing on their interest in sensibility, education, and marriage. Women’s novels during this period were very much influenced by the literary genre called the novel of sensibility, which celebrates emotional concepts such as sentiment, delicacy, and sensibility. In promoting education for women, many female novelists not only vindicated women’s capacity to reason, but also recommended moral feeling for others. Although Mary Wollstonecraft, Maria Edgeworth, and Susan Ferrier believed that women should embrace reason, they knew that domestic affections were necessary. Affectionate ties or compassion are key to understanding the novels of Charlotte Smith and Mary Robinson. Possessing neither was detrimental to the happiness of heroines of this period, and this is typically observed in Elizabeth Inchbald’s A Simple Story (1791) – pursuing one’s desire without restraint would lead to self-destruction. Jane Austen and Mary Shelley were writing their novels when the radical movement connected to Mary Wollstonecraft’s assertion about the need for women’s education had subsided: excessive indulgence of emotions and sexual appetite were cautioned against in their novels. Although in the early 19th-century sexual transgressions were condemned, some novelists such as Charlotte Dacre explored the theme of women’s sexual freedom.

Lord Byron’s Feminist Canon: Notes toward Its Construction

Lord Byron took a highly ambivalent attitude toward female authorship, and yet his poetry, letters, and journals exhibit many proofs of the power of women’s language and perceptions. He responded to, borrowed from, and adapted parts of the works of Maria Edgeworth, Harriet Lee, Madame de Staël, Mary Shelley, Elizabeth Inchbald, Hannah Cowley, Joanna Baillie, Lady Caroline Lamb, Mary Robinson, and Charlotte Dacre. The influence of women writers on his career may also be seen in the development of the female (and male) characters in his narrative poetry and drama. This essay focuses on the influence upon Byron of Lee, Inchbald, Staël, Dacre, and Lamb, and secondarily on Byron’s response to intellectual women like Lady Oxford, Lady Melbourne, as well as the works of male writers, such as Thomas Moore, Percy Shelley, and William Wordsworth, who affected his portrayal of the genders.

Genres for the Prosecution: Pornography and the Gothic

Recent accounts of genre have asserted that all texts participate in multiple genres and that genre works as a kind of contract between writers and readers. In the legal history of eighteenth-century British prosecutions for obscene libel and the reception history of gothic fiction at the turn of the nineteenth century, however, the model of genre as contract breaks down. At the end of the eighteenth century, several texts we now call gothic faced threatened prosecution under existing obscene libel laws. The reception histories of the fiction of Matthew Lewis, Charlotte Dacre, and Charles Robert Maturin demonstrate that public denouncements and threatened prosecution forced gothic texts, even as they theoretically participated in at least one genre, to belong to a legal category (obscenity) for which their writers never intended them.