Revista Eletrônica de Ciência Administrativa
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Published By Ibepes (Instituto Brasileiro De Estudos E Pesquisas Sociais)

1677-7387

2021 ◽  
Vol 20 (4) ◽  
pp. 621-647
Author(s):  
Hellen Cordeiro Alves Marquezini ◽  
Ludmila De Vasconcelos Machado Guimarães ◽  
Flávia Pereira Dias Menezes

A raça negra no Brasil é historicamente marcada pela discriminação, desvalorização e desrespeito. Tal realidade é reforçada por produtos culturais midiáticos que definem os estereótipos que depreciam o negro e o seu lugar na sociedade. Na literatura, é possível perceber que se por um lado existem autores que tentam dar voz a esses sujeitos, por outro reforçam e reverberam preconceitos. Compreendendo a possibilidade da utilização da literatura para se promover discussões de temas sensíveis, em especial no campo dos Estudos Organizacionais, o objetivo deste artigo é compreender como a obra de Monteiro Lobato, O Presidente Negro, contribui para a construção de imaginários sociodiscursivos e interdiscursivos racistas, que ainda hoje reverberam dentro das organizações. Para tanto, recorremos à Análise do Discurso, particularmente ao arcabouço teórico-metodológico dos linguistas franceses Charaudeau e Maingueneau, com os conceitos da Semiolinguística de Imaginários Sociais e de Interdiscurso, respectivamente. Conforme apresentado na análise, os imaginários e interdiscursos aqui analisados se apresentam como representações que permeiam a memória coletiva e acabam por evidenciar uma problemática estrutural. Além disso, foi possível observar que a obra é marcada por outros discursos como a filosofia iluminista, teorias racistas e teoria do darwinismo social que reforçam a ideia dos posicionamentos preconceituosos com relação à raça.


2021 ◽  
Vol 20 (4) ◽  
pp. 764-765
Author(s):  
Renata Couto de Azevedo de Oliveira

A imagem criada para essa edição é uma colagem digital que mostra uma pequena equilibrista andando numa corda na qual estão penduradas imagens que remetem aos exemplares literários usados nos artigos da chamada “Verso, prosa, drama e ficção: literatura e organizações”. A inspiração veio da literatura de cordel, gênero que combina literatura e arte e cujos livretos são normalmente presos à uma corda com pregadores. As chaminés entre as quais a corda se estende são da usina termoelétrica de Battersea, em Londres (Reino Unido), hoje desativada. A imagem da usina tem valor sentimental e faz parte da cultura popular. É ela que aparece na capa do álbum “Animals”, da banda inglesa Pink Floyd. Ao que parece o porco que flutua entre as torres da usina na capa do álbum, originalmente concebida pelo guitarrista da banda, Roger Waters, remete ao clássico literário “A Revolução dos Bichos”, do também inglês George Orwell. Tanto o álbum, quanto o livro tecem críticas aos sistemas políticos e às condições sociais em diferentes momentos da história.


2021 ◽  
Vol 20 (4) ◽  
pp. 648-682
Author(s):  
Marina Dantas de Figueiredo ◽  
Juliana Cristina Teixeira ◽  
Luciana Bandeira de Oliveira Feitoza
Keyword(s):  
De Se ◽  

O direito à fala, como direito de se expressar e ter sua narrativa e interpretação da realidade vivida considerada, tem sido historicamente negado ou dificultado a determinados grupos sociais. As mulheres sertanejas, sobre as quais interseccionam categorias de opressão, seguem lutando contra heranças da desigualdade estrutural de gênero,  que colocam o sertão brasileiro em condições estruturais subalternizadas. Nosso objetivo neste estudo é propor a ideia de ‘espaços de fala’ para analisar a busca por legitimação de formas de produção de conhecimento no âmbito das práticas cotidianas de enfrentamento de mulheres sertanejas cordelistas, na forma de expressões subjetivas coletivas ou individualizadas, especificamente no contexto da literatura de cordel. Para tanto, realizamos pesquisa qualitativa baseada em análise documental de cordéis e observação não participante para compreender como a prática literária de mulheres cordelistas se constitui enquanto espaço de fala.  Numa contribuição à teoria sobre lugar de fala, concluímos que a organização da literatura de cordel como ‘espaço de fala’ passa pela (1) apropriação feminina do cordel como meio de reivindicação, que assume a função de representação escrita da fala das mulheres sertanejas; (2) busca por reconhecimento das cordelistas, individualmente, na cena literária do cordel; e (3) relação com o ativismo político em torno das questões femininas e do vocabulário feminista.


2021 ◽  
Vol 20 (4) ◽  
pp. 683-714
Author(s):  
Ítalo Da Silva ◽  
Pâmela Karolina Dias ◽  
Elisabeth Cavalcante Dos Santos
Keyword(s):  

Diante do contexto assimétrico de poder na produção de conhecimento e na perpetuação institucional da colonialidade na área dos Estudos Organizacionais (EOR), a nossa reflexão neste artigo apresenta duas contribuições gerais a partir da articulação entre os âmbitos da gestão, história e literatura. De início, perguntamos como poderíamos repensar a crítica nos Estudos Organizacionais (EOR) a partir do olhar histórico-decolonial frente à realidade da gestão local que constitui nossas demandas empíricas. Assim, resgatamos a obra literária “Macunaíma, o herói sem nenhum caráter”, escrito por Mário de Andrade, e o conceito de antropofagia, para propormos projetos epistemológicos críticos que compreendam o descompasso epistêmico entre o Norte e o Sul Global. Argumentamos que o constructo de gestão “às avessas e sem caráter” fornece um potencial teórico de interpretação da gestão praticada no Sul Global, a qual compreende elementos de não unicidade identitária, de um “entre lugar” moderno/colonial conflituoso e ambíguo, além de reverberar traços antropofágicos que demarcam a gestão tropical mediante à transculturação, flexibilidade, adaptabilidade e miscibilidade. Ao final, mostramos como nossas experiências anteriores com organizações das culturas populares nos possibilitou apresentar a ambivalência analítica e pluriversal da gestão local através de traços organizacionais derivados da ancestralidade, cotidiano, misticismos e transmissão de saberes pela oralidade.


2021 ◽  
Vol 20 (4) ◽  
pp. 715-738
Author(s):  
Daniel Francisco Bastos Monteiro ◽  
Gabriel Farias Alves Correia ◽  
Alexandre De Pádua Carrieri
Keyword(s):  

O objetivo do artigo é analisar como o humor enquanto estratégia discursiva em charges é capaz de revelar as práticas do Sindicato dos Bancários de São Paulo. O trabalho se torna relevante a partir da possibilidade de evidenciar práticas de resistência, transgressão ou contradição em organizações por meio de charges veiculadas em seus canais oficiais de comunicação. Adotamos a metodologia qualitativa e analisamos, com base na analítica de poder foucaultiana, cinco charges publicadas no jornal sindical Folha Bancária, além de nove reportagens e documentos públicos disponíveis no sítio do sindicato e da Fundação Projeto Travessia. Os resultados sugerem contradições nas práticas do sindicato, revelando incoerências em parcerias com bancos privados, estratégias de sindicalização que enfraquecem as lutas coletivas e a ausência de resultados expressivos em seus canais de denúncias contra o assédio moral.


2021 ◽  
Vol 20 (4) ◽  
pp. 739-763
Author(s):  
Susane Petinelli Souza

Nísia Floresta é reconhecida como a primeira mulher brasileira a escrever sobre os ideais de igualdade desde 1830, e seu trabalho ajudou a constituir o pensamento do século XIX. Em uma época na qual a maioria das mulheres não tinha acesso à educação, essa latino-americana colocou em evidência a invisibilidade feminina. O objetivo do estudo é analisar o uso da literatura feminista de Nísia na formação de administradores. Para isso, realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre a literatura produzida pela escritora. Além disso, foram estabelecidos o contexto sócio-histórico da produção de sua obra e a relação do seu trabalho com outros discursos que circulavam na época. Assim, foi possível apontar alguns temas relevantes que podem ser debatidos com alunos a partir do trabalho de Nísia, como gênero, segregação ocupacional, empreendedorismo feminino, sub-representação feminina, estereótipos de gênero, liderança feminina, dentre outros. Esses temas podem ser discutidos em disciplinas como Teoria das Organizações ou Teoria Geral da Administração, Gestão de Pessoas, Relações de Trabalho, Empreendedorismo, Responsabilidade Social Empresarial e Gestão Pública. Acredita-se que a experiência literária proporcionada pelos escritos de Nísia pode levar ao acesso de novos conhecimentos, produzindo outras percepções e até mudanças na mentalidade de futuros administradores.


2021 ◽  
Vol 20 (4) ◽  
pp. 602-620
Author(s):  
Ana Silvia Rocha Ipiranga ◽  
Luiz Alex Silva Saraiva

Neste texto os editores da edição especial “Verso, Prosa, Drama e Ficção: Literatura e Organizações” se propõem a fazer um breve percurso, levantando de forma não exaustiva a produção relacionada à provocativa intercessão entre Literatura e Estudos Organizacionais. A partir da problematização da arte, que se vê pressionada a lidar com a economia, a discussão evolui para cruzamentos entre estética e organizações, o que precede uma discussão especificamente dedicada à relação entre literatura e estudos organizacionais. Nesta seção a discussão gira em torno das questões da narrativa e da ficção, de diálogos possíveis a partir de charges, da poesia e do romance. Um breve mapeamento da produção nacional e estrangeira é feito e, na última seção, a edição especial é apresentada.


2021 ◽  
Vol 20 (3) ◽  
pp. 463-482
Author(s):  
Camilla Pinto Luna ◽  
Denise Franca Barros
Keyword(s):  

O presente artigo utiliza o arcabouço epistemo-metodológico da ANTi-History (Durepos, 2009; Durepos & Mills, 2012; Quelha-de-Sá & Costa, 2018a) para (re)montar a rede de atores envolvida na realização da primeira cirurgia de redesignação sexual no Brasil, em plena ditadura civil-militar (1964-1985). Durante tal período ocorreram graves violações aos direitos humanos, incluindo perseguição às pessoas LGBTQ+, consideradas ameaças à segurança nacional, à família e à moral. Aproximadamente três décadas após o final desse período, foi instituída uma Comissão Nacional da Verdade, cujos relatórios foram fundamentais para desvelar os crimes e abusos cometidos. No entanto, muitas das agressões contra LGBTQ+ permaneceram turvas, sendo um exemplo o caso de uma cirurgia que passa de uma questão de saúde pública a uma questão de justiça pública. Nesta pesquisa, seguimos vestígios deixados por rede de atores associadas a diferentes instituições da administração pública e que lidam, à época, com um mesmo fenômeno de formas distintas. Assim, este trabalho contribui para estudos históricos em Administração desvelando os momentos de virada (turning points) que definem aspectos inerentes a uma rede de atores em um passado, ao identificar alguns aspectos que ainda se encontram refletidos no momento presente de instituições pertencentes à Administração Pública.


2021 ◽  
Vol 20 (3) ◽  
pp. 586-601
Author(s):  
Ana Carolina Molina ◽  
Valter Afonso Vieira

Este ensaio teórico suEste trabalho sugere um modelo teórico no qual a experiência do gestor e a dispersão da inteligência competitiva possuem efeitos moderadores na inteligência competitiva, alterando a eficiência em vendas. A dispersão da inteligência competitiva consiste em variações e distorções do conhecimento e a experiência do gestor compreende o tempo de empresa que o supervisor está na organização. O trabalho traz as seguintes contribuições: primeiro, quanto mais dispersa é a inteligência competitiva, pior é a eficiência de vendas no nível individual. Segundo, quanto maior é a experiência do gestor, melhor é a relação entre Inteligência Competitiva e eficiência. No mais, sugerem-se oportunidades de futuras pesquisas


2021 ◽  
Vol 20 (3) ◽  
pp. 434-462
Author(s):  
Danuzio Weliton Gomes da Silva ◽  
Gustavo Henrique Carvalho de Castro ◽  
Marcus Vinicius Soares Siqueira

Este trabalho analisa o debate sobre ativismo LGBT nas organizações. Inicialmente, elaborou-se um panorama da produção científica internacional, identificando contribuições, estruturas e objetivos dos ativismos e aspectos teórico-metodológicos. Baseado nisso, formulou-se agenda pautada nas sugestões e discussões. Para tanto, realizou-se levantamento bibliográfico na base Scopus de 2010 a 2019, submetendo artigos coletados a protocolo de revisão sistemática de literatura. Os resultados indicaram que essa pesquisa tem impulso nascente e privilegia, dentre os LGBT, sujeitos gays. Os estudos são amparados em diferentes referenciais teóricos e mais relacionados ao paradigma interpretativista. Prevaleceu o ativismo LGBT classificado como “abordagem informal internamente responsiva” (Githens & Aragon, 2009), com efeitos de bem-estar psicológico e maior possibilidade de ganhos de igualdade de direitos para sexualidades dissidentes em organizações que possuem ativismo. Novos caminhos podem estimular futuros estudos relacionados à temática no Brasil, tais como: mecanismos de voz; impactos na mudança organizacional; aspectos políticos e culturais; e utilização de metodologias mais críticas. A principal contribuição do estudo está em ser pioneiro ao tratar do ativismo LGBT, detectando linhas específicas para sua investigação em estudos organizacionais nacionais.


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