Revista de Literatura, História e Memória
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Published By Universidade Estadual Do Oeste Do Parana - UNIOESTE

1983-1498

2021 ◽  
Vol 17 (29) ◽  
pp. 371-400
Author(s):  
Vanessa Massoni da Rocha
Keyword(s):  

Este artigo analisa o romance Histoire de la femme cannibale, de 2003, da escritora do arquipélago caribenho de Guadalupe Maryse Condé a partir das premissas do feminismo negro (Djamila Ribeiro) e do feminismo decolonial (Françoise Vergès). Trata-se de observar como a protagonista do romance, Rosélie, tem a trajetória transpassada pela tríade invisibilidade, parasitismo e canibalismo. De origem antilhana, a personagem possui um casamento misto e experiencia um exílio africano, na Cidade do Cabo pós-apartheid. Estas condições lhe impõem a invisibilidade social, a xenofobia e a segregação que ainda vigoram no país sulafricano. Diante do olhar excludente e depreciativo do outro, Rosélie desenvolve uma dinâmica de sobrevivência baseada em ‘parasitar’ o marido, um professor branco de origem irlandesa especialista em literatura. A partir de sua verve de pintora, a personagem aposta nas metáforas do canibalismo – e sua interface com o movimento antropofágico brasileiro – para superar o trauma de viuvez inesperada que lhe força a assumir o protagonismo de sua vida. Análises de entrevistas de Condé e de textos de Evaristo, Adichie, Benjamin, Berry, Andrade, Tremblay, Sourieau, Viala, Migraine-Georges, Glissant, Schœlcher e Figueiredo, entre outros, nos permitirão observar a composição de personagens que aludem à autorrepresentação feminina na contemporaneidade.


2021 ◽  
Vol 17 (29) ◽  
pp. 210-231
Author(s):  
Leandro Antônio Dos Santos
Keyword(s):  

Este artigo procura abordar as interferências religiosas no teatro de Nelson Rodrigues, em duas peças teatrais (Anjo Negro - 1948 e Dorotéia - 1950), ambas o dramaturgo envolve as personagens dentro de uma estrutura familiar conservadora que determina os sujeitos da casa. Essa, por sua vez, marcada por forte influência da religião católica no processo de construção das subjetividades e afetos presentes nas narrativas dramáticas. Percebe-se que as relações amorosas estão circunscritas por todo o tempo, sob a égide da religião, como controladora dos corpos e dos discursos, aspecto muito forte na sociedade republicana no início do século XX. Nelson Rodrigues projeta a influência religiosa em suas peças como uma forma de irrupção da memória, nostalgia da infância e juventude na zona norte do Rio de Janeiro, quando chegou na cidade, em 1916, marcando o seu teatro com dilemas morais oriundos da formação familiar carioca, emergindo um clima de tensões e conflitos, em suas representações teatrais em torno do pecado e da salvação.Palavras - chave: Teatro; Religião; Moralidade; Pecado; Memória. 


2021 ◽  
Vol 17 (29) ◽  
pp. 352-370
Author(s):  
Marcos Paulo Torres Pereira

O presente artigo tem por objetivo analisar a constituição do campo simbólico empregado por Ariano Suassuna à ilustração de suas obras, principalmente aquelas que compõem o Romance d’A Pedra do Reino, no que tange à presença de um caráter ameríndio cosmogônico ressignificado pela interpretação mítica cariri que se instaurara em seu discurso, constituído por resíduos de memória e de mentalidades redivivos em rastros significativos que integralizam obras plásticas (eruditas e populares) e sinais rupestres em sua obra literária. Objetiva-se, ainda, debater a forma como esses rastros são constituídos num todo partilhado, distinto de sua origem, em marcador residual de presença de mentalidade ameríndia canibalizada em sua obra literária.


2021 ◽  
Vol 17 (29) ◽  
pp. 45-63
Author(s):  
Natan Schmitz Kremer ◽  
Alexandre Fernandez Vaz

Tomando como chave de análise o passado, a memória e a cidade, buscamos discutir a afirmada influência de Sartre na trilogia Velhice, contos do livro de estreia de Salim Miguel, Velhice e Outros Contos (1951), publicado pela série editorial Edições Sul, impresso vinculado a Revista Sul, experimento modernista que se desenvolveu em Florianópolis entre 1948 e 1957. Na leitura dos contos percebemos uma cisão entre público e privado, o primeiro como lugar da angústia, aquele pertencente aos personagens, o segundo como da liberdade, aquele frequentado pelo narrador. Comparando a outros contos do compilado, observamos uma leitura pelo verso do Existencialismo, sem atinar à busca pelo lugar do ser, construindo sua estética sobre uma pergunta pela esfera urbana da cidade moderna; neste caso, o lugar do privado seria uma expressão do desajustamento dos “velhos”, nascidos ainda no século XIX, em detrimento de uma cidade cuja modernização é efervescente. Coloca-se em jogo uma educação dos sentidos na cidade, antes do que se poderia chamar de educação sentimental. No movimento, os contos de Salim Miguel parecem se aproximar mais de questões que envolvem a psicanálise de Freud e a literatura urbana, amalgamando a formação de uma esfera subjetiva moderna na Florianópolis de meados do século XX.


2021 ◽  
Vol 17 (29) ◽  
pp. 78-96
Author(s):  
José Lindomar Da Silva
Keyword(s):  

RESUMO: Este ensaio é o resultado de uma análise do romance Clara dos anjos, de Lima Barreto. A proposta consiste em retratar as raízes da sociedade brasileira entre o final do século XIX e início do século XX, resgatadas pela memória e história literária do referido escritor. O trabalho mostra as contradições pós-abolição da escravidão na Primeira República, destacando o abandono do negro em uma sociedade que principiava a modernizar-se importando receitas da Europa. O resultado é visto com nitidez na Capital da República, um Rio de Janeiro cosmético que enfeita o centro enquanto a população suburbana sofre as mazelas do esquecimento político-econômico. Nesse contexto é que a família dos Anjos, especialmente Clara, sendo mulher, negra e pobre sofre as asperezas da sua condição, numa sociedade preconceituosa, exploradora e autoritária.PALAVRAS-CHAVE: Lima Barreto. Literatura e sociedade. História e memória.


2021 ◽  
Vol 17 (29) ◽  
pp. 401-415
Author(s):  
Débora Cota ◽  
Catiane Da Costa Reas

 Desde a colonização os povos ameríndios têm sofrido com o apagamento ou mesmo a devastação de sua cultura. Lançar luz sobre suas existências é colocar em diálogo passado, presente e futuro. Tendo em mente essa breve e importante consideração, neste trabalho, apresenta-se uma breve análise sobre um texto que foi publicado poucos dias após a morte da escritora Josefina Plá (Espanha 1909 – Paraguai 1999), pelo jornal Correo Semanal de Assunção. La última ofrenda payagua é um texto no qual Plá escreveu sobre os paiaguás, comunidade ameríndia considerada extinta após a guerra do Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. Assim, este estudo tem como finalidade entender a importância e a relação do trabalho de Josefina Plá com a cultura ameríndia. Mais especificamente, o trabalho se concentra em compreender de que maneira a autora recuperou reminiscências (BENJAMIN) da estética paiaguá em seus trabalhos com a serigrafia e a cerâmica e que servem como arquivo (ASSMAN) desta cultura. La última ofrenda payagua (1999) é um dos textos em que se percebe a tentativa de Plá para recuperar uma cultura que é irrecuperável, mas sobre a qual a autora procura afastar a escuridão imposta a ela na contemporaneidade.  


2021 ◽  
Vol 17 (29) ◽  
pp. 111-126
Author(s):  
Wilma Dos Santos Coqueiro

A autora Cristiane Sobral, que fez sua estreia na literatura nos Cadernos Negros, em 2000, já é reconhecida nacionalmente por suas coletâneas de poesias e contos e se insere na vertente literária afro-feminina por meio das temáticas abordadas e dos pontos de vistas em seus textos que buscam a afirmação da identidade negra. Com personagens fortes e resistentes aos valores hegemônicos da cultura europeia transplantada no Brasil, suas personagens priorizam suas raízes étnicas ancestrais. Desse modo, nesse artigo, busca-se analisar no conto “Renascença”, que integra a coletânea O tapete voador, de 2016, a relação da protagonista, cujo nome é Teresa, com sua ancestralidade e sexualidade, ao não se render às convenções impostas que a pressionam para um embranquecimento étnico. A análise respalda em autores como, entre outros, Bonnici (2007), Duarte (2008), Santos e Wielewicki (2009), Lugones (2014) e Ribeiro (2017).


2021 ◽  
Vol 17 (29) ◽  
pp. 08-26
Author(s):  
Edson Ribeiro Silva

O presente estudo focaliza o conceito de pacto de leitura, ou contrato, em sua aplicação à autoficção. O pacto ambíguo, de Alberca, que agrupa de modo eficiente as noções de pacto autobiográfico e romanesco, de Lejeune, quando atreladas a uma mesma modalidade de narrativa, pode ser visto a partir do pacto que o autor faz com seu leitor-ideal, conforme Iser. Tais concepções de pacto encontram um respaldo linguístico nas noções de ficção de Searle, que enxerga nela uma suspensão de convenções do discurso que tenciona ser apreendida como narrativa do real. Percebe-se, no entanto, que as concepções de pacto de leitura ora atentam para a configuração da obra como gênero e fazem com que aquele repouse sobre o paratexto, ora atentam para o conteúdo dela e fazem com que ele ocorra no decorrer da leitura. Conclui-se, aqui, que o pacto ambíguo necessita do paratexto, do gênero, para ser estabelecido como ficção, mas a natureza autobiográfica só pode ser percebida através da duração da leitura, ou seja, os dois planos de leitura fixados por Iser constituem uma forma mais segura de compreensão desse pacto, que é forma convencionada de jogo.


2021 ◽  
Vol 17 (29) ◽  
pp. 286-304
Author(s):  
Ana Paula Silva Santos ◽  
Anderson Claytom Ferreira Brettas
Keyword(s):  

Este trabalho objetiva analisar o poema O cão sem plumas, de João Cabral de Melo Neto (1994), tendo em vista as conceituações do filósofo Espinosa, expostas em uma de suas principais obras - Ética (2009) -, bem como as análises de Gilles Deleuze (2002), fundamentadas no livro Espinosa: filosofia prática. Para tanto, elegemos os seguintes objetivos específicos: evidenciar, na perspectiva das afecções, a possível relação de decomposição desencadeada às margens do rio-personagem descrito no poema, assim como caracterizar o modo de vida denunciado nos versos apresentados, por meio do enfoque das paixões e de suas relações com a imagem-palavra rio. Dessa forma, este estudo segue, de acordo com Chizzotti (2005) e Bardin (1977), os parâmetros da pesquisa qualitativa ao aplicar a Análise de Conteúdo como ferramenta de análise. Além disso, apropria-se dos fundamentos da Literatura Comparada (CARVALHAL, 2006), aliando discussões filosóficas a abordagens literárias. Em síntese, há, nesta composição acadêmica, a apresentação das figurações existentes no texto de João Cabral relacionadas às formulações espinosistas sobre o padecimento do(s) corpo(s).


2021 ◽  
Vol 17 (29) ◽  
pp. 305-325
Author(s):  
Rodrigo Valverde Denubila
Keyword(s):  

Focalizando a produção ensaística de Sophia de Mello Breyner Andresen, especificamente, o texto “Poesia e realidade”, bem como as seis artes poéticas, em especial, “Arte poética I” e “Arte poética III”, investiga-se a centralidade do olhar, da natureza e da realidade como mecanismos para evidenciar a “fatalidade do mal”, importante expressão andreseniana presente em “Arte poética III”. A leitura crítica de poemas retirados, em sua maioria, de Poesia e de Dual, mostra como a visibilidade, a natureza e o mal se apresentam enquanto temas-chave tanto da lírica, quanto dos ensaios da poeta. Neste itinerário reflexivo, retoma-se a fortuna crítica pelos textos de Eduardo Lourenço, Eduardo Prado Coelho, Maria Andresen de Sousa Tavares e Eucanaã Ferraz. Em relação ao mal e à realidade, dialoga-se com as ponderações de Étienne Borne, Clément Rosset e Peter Sloterdijk.


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