scholarly journals Conflitos pela água no Brasil

2021 ◽  
Vol 34 (1) ◽  
Author(s):  
Filipe da Silva Peixoto ◽  
Jamilson Azevedo Soares ◽  
Victor Sales Ribeiro

A gestão de recursos hídricos é a forma com o qual se busca resolver problemas de escassez relativa da água. Entretanto, a forma como os recursos hídricos estão sendo geridos no Brasil não tem mitigado ou resolvido os conflitos decorrentes; muito pelo contrário, as estruturas hierárquicas ligadas ao sistema de gestão de recursos hídricos têm fortalecido a atuação de grupos hegemônicos. Esse artigo busca entender os conflitos gerados a partir da apropriação dos recursos hídricos e sua relação com o modelo econômico mineral-agroexportador, consolidando o Brasil em uma situação desprivilegiada no contexto de subdesenvolvimento na divisão mundial do trabalho. Para isso, foram realizadas a descrição e a cartografia dos conflitos pela água no Brasil, disponibilizados pela Comissão Pastoral da Terra – CPT. A água tem sido alvo de enormes demandas para a produção de grãos e pecuária no Centro Oeste, fruticultura irrigada em vales úmidos no Nordeste semiárido, expansão do setor hidrelétrico na Região Norte do País e atividades de mineração na Bahia e Minas Gerais. Torna-se necessário promover a discussão em torno de alternativas a um modelo de crescimento que induz ao aumento da escassez hídrica e dos conflitos, e que em breve, pode resultar em graves consequências, tolhendo o direito à água limpa e a um custo acessível para parte significativa dos brasileiros.

2020 ◽  
Vol 9 (10) ◽  
pp. e6869108863
Author(s):  
Hayanne Araujo da Costa ◽  
Monica Maria Pereira da Silva

O objetivo deste trabalho foi avaliar os impactos provocados pelo rompimento da Barragem de Fundão em Mariana, Minas Gerais, Brasil, sob a ótica da mídia nacional. Para identificar os impactos, optou-se por uma pesquisa qualitativa, do tipo documental.  Os dados foram coletados a partir de reportagens publicadas na mídia falada e escrita, de outubro de 2015 a março de 2016 e documentos publicados sobre o tema, no mesmo período.  Foram analisadas  16 reportagens e 04 documentos oficiais a partir de checklist e matrizes. Nas condições estudadas, foram identificados 16 impactos. Destes, apenas um foi positivo, a solidariedade entre os moradores. Dentre os impactos negativos identificados, prevaleceram os sociais, seguidos de econômicos e ambientais.  Segundo a mídia nacional, a tragédia foi gerada por negligência da empresa Samarco que não realizou a devida manutenção na barragem. Nos documentos estudados, verificou-se que a culpa não foi apenas da empresa, os órgãos responsáveis pela fiscalização também tiveram a sua colaboração.  Os moradores afirmaram que a culpa é da empresa que não realizou a manutenção e que não os avisou sobre a enxurrada de lama. Constatou-se que os noticiários foram centrados na visão antropocêntrica que tem como modelo econômico o capitalismo, todavia, os impactos mais graves estão relacionados ao meio ambiente, pois envolvem o bem estar e a manutenção da própria espécie Homo sapiens. Ponderando o efeito dominó, vários ecossistemas foram prejudicados, demandando novos nichos ecológicos, embora, os destaques da mídia nacional foram direcionados ao meio social, de caráter econômico.


2001 ◽  
Vol 5 (3) ◽  
pp. 510-518
Author(s):  
Júlio C. F. de Melo Júnior ◽  
Roberto A. de Faria ◽  
Gilberto C. Sediyama ◽  
Carlos A. Á. S. Ribeiro ◽  
Fernando A. A. Santos

Utilizando-se ferramentas de análise espacial, com o presente trabalho objetivou-se investigar a evolução da lavoura de café no espaço geográfico, em importante região do estado de Minas Gerais, verificando-se a sustentabilidade da produção em diferentes zonas climáticas. Neste sentido, buscou-se uma regionalização do cafeeiro (Coffea arabica L.) para a região do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, MG, comparando-a com os resultados de um modelo econômico de decomposição da variação da área nos efeitos escala e substituição, considerando-se o período 1985 a 1995/96. Observou-se que a tendência crescente da expansão cafeícola do noroeste para o nordeste acompanha a disposição das classes aptas apresentadas pela regionalização e, também, que a fraca expressão do café em Ituiutaba e Frutal tem forte componente climático na justificativa, enquanto em Araxá prevaleceu o fator pedológico. Uberaba é a única região que mesmo apta, apresenta baixo desempenho cafeícola.


2008 ◽  
Vol 17 (2) ◽  
pp. 159-186 ◽  
Author(s):  
Marcelo Magalhães Godoy ◽  
Lidiany Silva Barbosa

Entre 1750 e 1880, Minas Gerais desenvolveu economia com o predomínio de direção não exportadora da produção e relativa independência em relação a mercados externos de outros espaços regionais do Brasil e do exterior do país. Essa singular evolução histórica ensejou específica compreensão e tratamento do problema dos transportes pelos contemporâneos. No século XIX, sobretudo em seu terceiro quartel, estavam postas as condições para que o processo de modernização dos transportes em Minas, sobretudo na forma da aceleração da constituição de sistema integrado, se realizasse fora das determinações da hegemonia de modelo econômico primário-exportador. Neste escrito, são avançadas reflexões em torno da história dos transportes na província de Minas Gerais e apresentadas e analisadas evidências documentais que demonstram o quanto pode ser equivocada apreensão da modernização dos transportes no Brasil que considere modelo único ou que tenda a generalizar para o conjunto do país a experiência histórica da modernização com base no ferroviarismo.


2001 ◽  
Vol 120 (5) ◽  
pp. A128-A128 ◽  
Author(s):  
D QUEIROZ ◽  
G ROCHA ◽  
A SANTOS ◽  
A BOCEWICZ ◽  
A ROCHA ◽  
...  

2016 ◽  
Vol 13 (6) ◽  
Author(s):  
Cláudia Cristina Garcez ◽  
José Vitor Da Silva
Keyword(s):  

Objetivos: A identificação dos significados de ser uma pessoa com traumatismo raquimedular (TRM) com sequelas de paraplegia; os significados de enfrentamento e as ações de resiliência. Material e métodos: Qualitativa e exploratória, a amostra foi constituída por 20 pessoas residentes em quatro municípios do sul de Minas Gerais. Para a coleta de dados, que foi por meio de entrevistas, utilizou-se o roteiro semiestruturado constituído por três perguntas. As entrevistas foram gravadas e transcritas literalmente. Para a análise dos dados, utilizaram-se as diretrizes metodológicas do Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados: Das ideias centrais e as expressões-chave do tema 1: Significado de ser uma pessoa com TRM emergiram as seguintes ideias centrais: Difícil, Normal, Luta, Ruim, Limitação. O tema 2: Significados de enfrentamento foi evidenciado pelas seguintes expressões: Enfrento de forma positiva, com dificuldade social, com apoio familiar, com dificuldade profissional, com dificuldades; O tema 3, referente às Ações de resiliência permitiu as seguintes representações: Atividades religiosas e espirituais, Diversas atividades, Nenhuma, Saindo de casa, Fazendo o que os outros fazem. Conclusão: Os significados de ser portador de TRM e de enfrentamento assumiram representações, sobretudo, negativas. As ações de resiliência foram identificadas pelas atividades religiosas e espirituais e por outras diversas práticas.Palavras-chave: resiliência, traumatismo raquimedular, paraplegia.


Laborare ◽  
2020 ◽  
Vol 3 (5) ◽  
pp. 3-6
Author(s):  
Os Editores

A "terra arrasada" é uma estratégia militar em que um exército em retirada destrói suas cidades e recursos para que os inimigos nada encontrem para se aproveitar. Os russos assim fizeram contra Napoleão e Hitler. No Brasil pós-golpe de 2016, a estratégia da "terra arrasada" ganhou novos contornos. Juízes, mídia hegemônica, políticos, empresários e militares passaram a destruir sistematicamente o país como um todo  - da Amazônia às políticas sociais,  empresas de infraestrutura, reservas de petróleo,  empregos, direito à alimentação, renda básica, direitos trabalhistas e previdenciários, SUS, Educação etc. Transformaram nosso país em pária internacional e os brasileiros amargam a vergonha de um governo serviçal dos Estados Unidos e negacionista em relação à Ciência e à História. Até que 2020 termine, o Brasil poderá ter 200 mil mortos em consequência da pandemia de COVID-19 e da irresponsabilidade do governo Bolsonaro, que agiu sempre em favor do vírus, semeando ilusões e mentiras, atrapalhando a ação dos governos estaduais e municipais, atacando a Organização Mundial da Saúde, a desviar o foco das questões essenciais. A estratégia adotada visa aplicar o joelho autoritário sobre o pescoço da Democracia e do nosso povo para que nunca mais se ergam. Mas nosso povo e nosso país vão se reerguer aos poucos. Não há estratégia capaz de vencer para sempre um povo e a Democracia. O processo de reconstrução do país  começará logo após nos libertarmos dessa nau repleta de seres de personalidades desviantes, que pregam o contrário do que fazem na sua vida privada ou pública. Governo das “rachadinhas”, das “flordelis”, do "toma-lá-dá-cá", imoral, genocida, antinacional, antipopular e antidemocrático. Na reconstrução do Brasil, continuaremos a defender a revogação das reformas trabalhista e previdenciária, banir de vez o trabalho infantil e o trabalho escravo, reconstituir as normas de proteção à saúde e segurança do trabalho, combater com firmeza todas as formas de discriminação contra mulheres, negros, índios, idosos, pessoas com deficiência, populações vulneráveis etc. O mundo democrático está de olho e tem esperança que o Brasil ressuscite após este duro período de trevas. A Laborare, veículo de debate científico de iniciativa do Instituto Trabalho Digno, segue seu papel de qualificar a discussão dos temas mais relevantes do mundo do trabalho, sempre convicta que “outro mundo do trabalho” é possível. Nesta edição,  destacamos o primeiro artigo internacional que publicamos  - Maria de Fátima Ferreira Queiróz, Professora Associada da Universidade Federal de São Paulo e Pós-Doutora pela Universidade Nova de Lisboa; João Areosa, Professor da Escola Superior de Ciências Empresariais (ESCE-IPS) e Pesquisador da Universidade Nova de Lisboa; Ricardo Lara, Professor Associado da Universidade Federal de Santa Catarina e Pós-Doutor pela Universidade Nova de Lisboa; e Filipe Gonçalves, Estivador do Porto de Sines – Alentejo - Portugal, nos trazem seu olhar sobre "Estivadores Portugueses - Organização do trabalho e acidentes". Duas operadoras do bom Direito do Trabalho trazem o atualíssimo artigo "Trabalho e Saúde Emocional em tempos de COVID-19". São elas Valdete Souto Severo, pós-doutoranda em Ciências Políticas pela UFRGS/RS e Presidenta da AJD - Associação Juízes para a Democracia; e Isabela Pimentel de Barros, Mestranda em Direito do Trabalho pela UERJ e membra da Comissão Especial de Direito Sindical da OAB/RJ. Valdete Severo é coeditora geral desta revista, mas, ressalte-se, todo o processo editorial do seu artigo se deu sem sua participação, assegurando-se o sistema duplo-cego de avaliação. A questão da violência sexual contra trabalhadora do comércio varejista, enquanto caso de acidente de trabalho de trajeto, é o foco de inquietante artigo das sanitaristas Cátia Andrade Silva de Andrade e Iracema Viterbo Silva, a primeira Doutoranda e a segunda Doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), ambas profissionais da Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador da Secretaria de Saúde da Bahia. A desigualdade de gênero e a discriminação contra a mulher é tema que a aplicação do Direito Internacional ainda não conseguiu dar conta. Luis Paulo Ferraz de Oliveira,  Graduando em Direito pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB, e Luciano de Oliveira Souza Tourinho, Pós-Doutor em Direitos Humanos pela Universidad de Salamanca (Espanha) e Professor Adjunto de Direito Penal e Direito Processual Penal na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, em seu artigo, investigam a condição da mulher, procurando contribuir com um "um pensamento jurídico emancipador". Esta edição traz ainda um artigo instigante e atual sobre a Indústria da Moda e sua responsabilidade civil frente ao Trabalho Escravo: Contemporâneo ou Démodé? É a contribuição de Emerson Victor Hugo Costa de Sá e Suzy Elizabeth Cavalcante Koury, o primeiro Doutorando em Direito na Universidade Federal do Pará e Auditor-Fiscal do Trabalho, enquanto a segunda é Doutora em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais e Desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região. O Trabalho Escravo é também o tema do artigo de Maurício Krepsky Fagundes, abordando o desafio da Inspeção do Trabalho na promoção do trabalho digno em plena pandemia de COVID-19. Maurício é Auditor-fiscal do Trabalho e chefia a Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (DETRAE) e o Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM). A foto da capa desta edição foi cedida pelo autor através do DETRAE e foi feita em recente operação, com a concordância da jovem trabalhadora. Esta é a Laborare a serviço da qualificação do debate científico para promoção do Trabalho Digno. Seguimos em frente semeando aos ventos para colher esperanças. Como diz, o tantas vezes premiado Francisco Buarque de Holanda, o Chico, em sua canção de 1972: “Ouça um bom conselhoQue eu lhe dou de graçaInútil dormir que a dor não passaEspere sentadoOu você se cansaEstá provado, quem espera nunca alcança”. (...) “Eu semeio o ventoNa minha cidadeVou pra rua e bebo a tempestade" Sigamos de cabeça erguida. OS EDITORES


2017 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 163
Author(s):  
Adriano Parreira ◽  
Thais Gonzaga Sousa ◽  
Daniel Morais Reis
Keyword(s):  

<p>Disponibilidade de água e energia elétrica representa condição fundamental ao desenvolvimento econômico e social de qualquer país, sobretudo naqueles em que há dependência entre aqueles elementos e prevalece a hidroeletricidade, como no caso do Brasil. Associado ao aquecimento global, as práticas de uso irracional dos recursos hídricos tem provocado eventos de escassez e crises de desabastecimento jamais vistos. Neste contexto, faz-se necessário conscientizar a população quanto a importância do uso sustentável da água e da energia elétrica a fim de se garantir segurança no abastecimento e mudanças de hábitos que promovam o uso racional daqueles recursos. O ambiente escolar representa espaço propício a reflexão e implementação de tais propostas, sendo este o escopo do presente trabalho. Percebeu-se o interesse dos discentes quanto a temática assim como a necessidade de se aprofundar a discussão dentro das unidades escolares, onde certamente seus frequentadores atuarão como agentes multiplicadores junto aos familiares, vizinhos e comunidade em geral. Foram avaliadas as diferentes percepções dos estudantes dos anos finais dos ensino fundamental e anos finais do ensino médio de uma escola pública de Divinópolis MG, a partir deste diagnóstico desenvolvido um sítio na web que permite a replicação da proposta a qualquer unidade escolar de ensino fundamental ou médio interessada no tema.</p>


1987 ◽  
Vol 20 (7) ◽  
pp. 446-456 ◽  
Author(s):  
Henry A. Hänni ◽  
D. Schwarz ◽  
M. Fischer
Keyword(s):  

2013 ◽  
Vol 3 (6) ◽  
pp. 73-90
Author(s):  
S.B.L. Oliveira ◽  
C.S. Silva ◽  
N. Nascimento ◽  
S.N. Drumond ◽  
L.M. Guimarães
Keyword(s):  

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