scholarly journals Violência entre parceiros íntimos, oferta de leite materno, substitutos e uso de mamadeiras no primeiro ano de vida

2021 ◽  
Vol 26 (5) ◽  
pp. 1955-1964
Author(s):  
Raquel de Souza Mezzavilla ◽  
Gabriela Vasconcellos de Barros Vianna ◽  
Ana Cristina Lindsay ◽  
Maria Helena Hasselmann

Resumo O objetivo deste artigo é investigar a relação da violência física entre parceiros íntimos (VFPI) e a oferta de leite materno (LM), os substitutos do leite materno (SLM) e o uso de mamadeiras entre crianças entre 12 e 15 meses. Estudo transversal com mães em unidades de saúde do município do Rio de Janeiro, realizado entre junho de 2005 e dezembro de 2009. A VFPI foi identificada pela versão brasileira da Conflict Tactics Scales 1- Form R e as práticas de alimentação foram identificadas por recordatório de 24 horas. As associações foram verificadas por regressão logística mediante estimativas de razão de chances (RC) e intervalos de confiança de 95%. O leite materno foi ofertado a 58,5% das crianças e os substitutos do leite materno a 88,5%, e 70,5% das crianças usavam mamadeira. A violência física foi observada em 26,7% dos casais. Em lares onde os casais se agridem fisicamente há uma maior chance de não ofertar leite materno, maior chance de ofertar substitutos do leite materno e de usar mamadeira comparado aos lares onde não existe violência física. Os resultados chamam atenção para a necessidade de se investigar as relações intrafamiliares em casos que são identificadas práticas inadequadas de aleitamento, e de capacitar os profissionais de saúde para apoiar as famílias em situações de conflito.

2008 ◽  
Vol 24 (10) ◽  
pp. 2289-2300 ◽  
Author(s):  
Claudia Leite de Moraes ◽  
Paulo Cavalcante Apratto Júnior ◽  
Michael Eduardo Reichenheim

O objetivo do estudo é estimar a prevalência da violência física contra idosos no ambiente doméstico em população adstrita ao Programa Médico de Família de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Por meio de um inquérito de base populacional, foram entrevistados 322 indivíduos com 60 anos ou mais, selecionados através de amostragem aleatória simples a partir do censo de idosos adstritos a seis equipes de saúde da família. Para detecção de violência física contra idosos, utilizou-se a versão em português da Conflict Tactics Scales (CTS1). A violência física de qualquer gravidade foi relatada por 10,1% (IC95%: 6,7; 13,4) dos entrevistados, enquanto que 7,9% (IC95%: 4,9; 10,8) referiram ter sido vítimas de violência física grave no ano anterior à entrevista. A violência esteve mais presente entre os mais novos, os que moram com maior número de indivíduos, os com história de diabetes e/ou doença articular. A grande magnitude do evento, sua maior prevalência entre indivíduos que apresentam outras vulnerabilidades e suas conseqüências negativas à saúde impõem que a Estratégia Saúde da Família incorpore ações para o enfrentamento da violência física contra idosos às suas atividades de rotina.


2005 ◽  
Vol 21 (4) ◽  
pp. 1124-1133 ◽  
Author(s):  
Anna Tereza M. Soares de Moura ◽  
Michael E. Reichenheim

A violência familiar é considerada uma questão prioritária em saúde pública, sendo o problema ainda mais marcante na infância. Informações referentes à morbidade deste agravo podem estar subdimensionadas devido a entraves na detecção de casos. O objetivo deste estudo é contrastar a magnitude da violência contra a criança, aferida ativamente em um ambulatório, com a casuística espontânea do serviço. Foram realizadas 245 entrevistas entre abril e junho de 2001, utilizando-se as Conflict Tactics Scales: Parent-Child Version (CTSPC) e a Revised Conflict Tactics Scales (CTS2) para aferir os eventos violentos. Os casos encaminhados ao Serviço Social representaram a casuística do serviço no período da busca ativa (12 meses). Encontrou-se uma elevada prevalência de violência física entre o casal, com eventos graves ocorrendo em 17,0% das famílias. Em relação à criança, agressões físicas "menores" foram referidas em 46,0% de famílias, porquanto a forma grave, em 9,9%. A prevalência identificada espontaneamente foi de 3,3%. Este estudo de caso mostra as oportunidades perdidas de detecção e chama-se a atenção para a necessidade de rever a abordagem da violência familiar em serviços de saúde.


2010 ◽  
Vol 44 (4) ◽  
pp. 667-676 ◽  
Author(s):  
Claudia Leite Moraes ◽  
Flávia Dias Nogueira Arana ◽  
Michael Eduardo Reichenheim

OBJETIVO: Avaliar a violência física entre parceiros íntimos durante a gestação como fator de risco independente para a má qualidade da assistência pré-natal. MÉTODOS: Estudo transversal realizado em três maternidades públicas do município do Rio de Janeiro, RJ. As 528 puérperas incluídas no estudo foram selecionadas em processo de amostragem aleatória simples dentre o conjunto de nascidos vivos a termo em 2000. As informações sobre a assistência pré-natal foram obtidas a partir do cartão da gestante e por meio de entrevistas face a face. Para a avaliação da qualidade da assistência pré-natal utilizou-se o índice de Kotelchuck. Para a identificação das situações de violência, foi utilizada a versão brasileira do instrumento Revised Conflict Tactics Scales. Utilizou-se a regressão logística não condicional para avaliar o efeito da exposição, após controle de variáveis de confusão. RESULTADOS: Mesmo após o ajuste por variáveis socioeconômicas, demográficas, reprodutivas e relativas aos hábitos de vida do casal, a violência física entre parceiros íntimos durante a gestação permaneceu associada à má qualidade da assistência pré-natal. Mulheres que relataram ter sido vítimas de abuso físico durante a gestação possuíam 2,2 vezes mais chance de apresentar uma assistência pré-natal inadequada do que as sem história de violência física. CONCLUSÕES: Os resultados indicam a necessidade do rastreamento de situações de conflito familiar desde o início do pré-natal visando o seu enfrentamento e uma maior adesão das gestantes vitimizadas ao acompanhamento.


2008 ◽  
Vol 24 (12) ◽  
pp. 2926-2936 ◽  
Author(s):  
Anna Tereza Miranda Soares de Moura ◽  
Claudia Leite Moraes ◽  
Michael Eduardo Reichenheim

O enfrentamento da violência contra a criança é considerado um desafio nos serviços de emergência, onde a rotina atribulada pode dificultar a detecção dos casos. O presente estudo estimou a magnitude da violência contra crianças atendidas em dois hospitais de emergência no Rio de Janeiro, Brasil. Também avaliou o grau de sub-registro de casos, comparando a casuística notificada pelas equipes com aquela estimada pelo estudo. Para aferição da violência foi utilizado o instrumento Conflict Tactics Scales: Parent-Child (CTSPC), aplicado em 524 acompanhantes de crianças atendidas nos hospitais entre janeiro e março de 2005. Foram avaliadas todas as notificações originadas da identificação de casos pelas equipes em 2004. De acordo com a CTSPC, a prevalência de violência psicológica, negligência e violência física foi de 94,8% (IC95%: 92,9-96,2), 60,3% (IC95%: 55,9-64,7) e 47,2% (IC95%: 42,7-51,8), respectivamente. Já estas estimativas segundo as notificações foram de 0,007% (IC95%: 0,003-0,013), 0,24% (IC95%: 0,22-0,27) e 0,03% (IC95%: 0,02-0,04). Essa considerável diferença entre as estimativas do estudo e as relativas aos casos notificados sugere que as estratégias de identificação e notificação de casos de violência contra a criança nos serviços de emergência sejam reavaliadas.


Psico ◽  
2017 ◽  
Vol 48 (2) ◽  
pp. 120 ◽  
Author(s):  
Denise Falcke ◽  
Mariana Gonçalves Boeckel ◽  
Adriana Wagner

Os dados sobre violência conjugal costumam ser imprecisos devido a diversos fatores. Entre eles, o fato de retratarem, preponderantemente, a violência visível (física ou sexual), serem obtidos em delegacias e basearem-se na visão de apenas um dos parceiros; sendo que muitos casos não são denunciados. O objetivo deste estudo foi mapear a violência conjugal no Rio Grande do Sul, em relação à presença de coerção sexual, agressão física e psicológica. Participaram 751 casais de distintas regiões do Estado. Os instrumentos foram: questionário de dados sociodemográficos e Revised Conflict Tactics Scales (CTS2). Os resultados evidenciaram índices elevados de violência mútua e simétrica entre os casais, ou seja, cometida por ambos os parceiros. Identificou-se que a idade, a escolaridade, a renda e o tempo de relacionamento estiveram associados aos níveis de violência conjugal em suas diferentes dimensões (p < 0,05). Ressalta-se a necessidade de se repensar as intervenções com casais em situação de violência.


2020 ◽  
Vol 7 (13) ◽  
pp. 124
Author(s):  
Kleyson Bruno Chaves Barbosa
Keyword(s):  

O que era ser nobre nas conquistas portuguesas da América? Existiam aqueles que de fato eram nobres titulados pelo rei e, aqueles que se portavam e se entendiam enquanto nobres, forjando-se como uma nobreza da terra. Estudos sobre Olinda, Rio de Janeiro e São Luís do Maranhão demonstram a vinculação entre a ocupação de cargos camarários, obtenção demercês e postos militares, bem como um discurso de antiguidade, tradição e esforço “à custa de vida, sangue e fazenda” para a composição das chamadas nobrezas da terra. Neste artigo, buscou-se compreender, a partir do contexto político e social da capitania do Rio Grande, sobre como um poder local desta espacialidade também se assemelhava em seumodo de agir observado para outras governanças locais. Dessa forma, questiona-se sobre o que era ser nobre ou as possibilidades de viver ao modo nobre na capitania do Rio Grande, assim como se analisa a formação de uma “conhecida nobreza da terra”, radicada nos postos camarários e de ordenanças e gestada durante os conflitos da Guerra dos Bárbaros, entre a segunda metade do século XVII e a primeira metade do século XVIII. Para isso, realizou-se um trabalho de análise bibliográfica, aliado ao método prosopográfico, a partir da documentação produzida pela Câmara de Natal, como os termos de vereações e os livros de registros de cartas e provisões, bem como as fontes paroquiais, a fim de se entender quem eram essas pessoas, famílias, e a chamada nobreza da terra.


Author(s):  
Rodolfo Noronha
Keyword(s):  

As reflexões trazidas pelos estudos de Bryant Garth e Mauro Cappelletti (GARTH, CAPPELLETTI: 2002) trouxeram profundas mudanças na produção de políticas estatais de prestação jurisdicional pobres no mundo inteiro. A partir das reformas e instituições levantadas pelo “Projeto Florença” puderam nos proporcionar uma profunda visão dos dilemas e desafios de se perseguir um sistema que seja igualmente acessível a todas e também produza resultados que sejam individual e socialmente justos (GARTH, CAPPELLETTI 2002:8). Os autores identificam três ondas, necessidades traduzidas em ações que visam perseguir o acesso à justiça como requisito fundamental-o elemento mais básico dos direitos humanos (Opus cit., 12). São elas: a assistência judiciária universal - para todos, pobres inclusive; a capacidade de proporcionar a defesa e promoção de interesses difusos; e, finalmente, um novo enfoque de acesso à justiça, que permita uma concepção mais ampla da questão. Essa leitura foi ampliada por Kim Economides (1999), que por sua vez desenvolve as linhas até então traçadas e acrescenta ainda a emergência de se perquirir por mais uma nova onda: o acesso à informação jurídica e o papel desempenhado pelas chamadas novas profissões jurídicas.


GEOgraphia ◽  
2016 ◽  
Vol 18 (36) ◽  
pp. 26
Author(s):  
Iná Elias De Castro

A análise aqui proposta tem como ponto de partida conceitual o fato de que a ocupação do espaço é por definição conflituosa, tendo em vista os interesses diferenciados daqueles que dele se apropriam. Este texto resulta da pesquisa sobre o problema da política de patrimonialização e discute as nuanças do debate sobre o conflito de interesses no espaço urbano do Rio de Janeiro, a partir dos problemas e das ações da política municipal de preservação do patrimônio cultural na cidade. A questão levantada foi como em um espaço urbano historicamente projetado pelos interesses do capital imobiliário e da propriedade privada houve a possibilidade de se realizar uma intervenção que contrariou em grande medida tais interesses. O objeto de análise é a Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC) do bairro do Leblon, pelo caráter paradigmático das questões envolvidas no projeto da Prefeitura.


2011 ◽  
Vol 16 (12) ◽  
pp. 4635-4642 ◽  
Author(s):  
Maria Tavares Cavalcanti ◽  
Maria Cecília de Araújo Carvalho ◽  
Elie Valência ◽  
Catarina Magalhães Dahl ◽  
Flávia Mitkiewicz de Souza

A Reforma Psiquiátrica Brasileira propõe um modelo de atenção baseado na implantação de uma rede comunitária no qual os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) detêm papel fundamental. Neste artigo são apresentados os resultados do estudo piloto que visou adaptar para o contexto brasileiro a "Critical Time Intervention" (CTI) e testar sua viabilidade com pessoas com transtornos do espetro esquizofrênico em tratamento nos CAPS do município do Rio de Janeiro. O desenho da pesquisa incluiu três fases inter-relacionadas. A primeira consistiu em trabalho de campo qualitativo e quantitativo. Esta fase incluiu o mapeamento das características sociodemográficas, clínicas e de utilização de serviços dos usuários dos CAPS, bem como conhecer as necessidades concretas dos participantes do estudo. A segunda fase consistiu na tradução do manual clinico da CTI para incluir as adaptações feitas para o seu uso no Brasil, oriundas dos dados coletados na primeira fase, bem como o treinamento de profissionais de nível médio para atuarem como agenciadores da CTI. A terceira fase consistiu na implementação da intervenção adaptada em um grupo de pacientes com transtornos do espectro esquizofrênicos matriculados nos CAPS, mas com dificuldade de se inserir no tratamento.


2006 ◽  
Vol 6 (1) ◽  
pp. 127-134 ◽  
Author(s):  
Roseane M. S. Barbosa ◽  
Carolina G. do N. Carvalho ◽  
Viviane C. Franco ◽  
Rosana Salles-Costa ◽  
Eliane A. Soares
Keyword(s):  

OBJETIVOS: comparar o consumo alimentar de pré-escolares, pertencentes a uma creche filantrópica, em dois períodos (no ato da matrícula e após seis meses), com base na proposta da Pirâmide Alimentar Infantil Norte-Americana e através do Índice de Alimentação Saudável (IAS). MÉTODOS: relativamente à avaliação dietética, foi utilizada a história alimentar da criança com o responsável, no ato da matrícula; após seis meses de frequência da criança, utilizou-se o método de pesagem de alimentos (na creche) e registro alimentar (na residência). Posteriormente, compararam-se as médias das porções consumidas nos dois períodos, de cada grupo alimentar, utilizando o teste "t" Student, a fim de se verificar a diferença estatística entre os grupos. Considerou-se o nível de significância de 5%. Igualmente, avaliou-se o IAS, nos dois períodos. RESULTADOS: observou-se uma diferença significativa (p<0,05) entre a média das porções de frutas e vegetais, com base na Pirâmide Alimentar Americana, e um escore satisfatório do Índice de Alimentação Saudável, após seis meses de frequência da criança na creche. CONCLUSÕES: a freqüência à creche parece trazer benefícios para a nutrição de crianças pertencentes à estratos socioeconômicos menos favorecidos.


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