scholarly journals Rompendo o silêncio e suas barreiras: um inquérito domiciliar sobre a violência doméstica contra idosos em área de abrangência do Programa Médico de Família de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil

2008 ◽  
Vol 24 (10) ◽  
pp. 2289-2300 ◽  
Author(s):  
Claudia Leite de Moraes ◽  
Paulo Cavalcante Apratto Júnior ◽  
Michael Eduardo Reichenheim

O objetivo do estudo é estimar a prevalência da violência física contra idosos no ambiente doméstico em população adstrita ao Programa Médico de Família de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Por meio de um inquérito de base populacional, foram entrevistados 322 indivíduos com 60 anos ou mais, selecionados através de amostragem aleatória simples a partir do censo de idosos adstritos a seis equipes de saúde da família. Para detecção de violência física contra idosos, utilizou-se a versão em português da Conflict Tactics Scales (CTS1). A violência física de qualquer gravidade foi relatada por 10,1% (IC95%: 6,7; 13,4) dos entrevistados, enquanto que 7,9% (IC95%: 4,9; 10,8) referiram ter sido vítimas de violência física grave no ano anterior à entrevista. A violência esteve mais presente entre os mais novos, os que moram com maior número de indivíduos, os com história de diabetes e/ou doença articular. A grande magnitude do evento, sua maior prevalência entre indivíduos que apresentam outras vulnerabilidades e suas conseqüências negativas à saúde impõem que a Estratégia Saúde da Família incorpore ações para o enfrentamento da violência física contra idosos às suas atividades de rotina.

2005 ◽  
Vol 21 (4) ◽  
pp. 1124-1133 ◽  
Author(s):  
Anna Tereza M. Soares de Moura ◽  
Michael E. Reichenheim

A violência familiar é considerada uma questão prioritária em saúde pública, sendo o problema ainda mais marcante na infância. Informações referentes à morbidade deste agravo podem estar subdimensionadas devido a entraves na detecção de casos. O objetivo deste estudo é contrastar a magnitude da violência contra a criança, aferida ativamente em um ambulatório, com a casuística espontânea do serviço. Foram realizadas 245 entrevistas entre abril e junho de 2001, utilizando-se as Conflict Tactics Scales: Parent-Child Version (CTSPC) e a Revised Conflict Tactics Scales (CTS2) para aferir os eventos violentos. Os casos encaminhados ao Serviço Social representaram a casuística do serviço no período da busca ativa (12 meses). Encontrou-se uma elevada prevalência de violência física entre o casal, com eventos graves ocorrendo em 17,0% das famílias. Em relação à criança, agressões físicas "menores" foram referidas em 46,0% de famílias, porquanto a forma grave, em 9,9%. A prevalência identificada espontaneamente foi de 3,3%. Este estudo de caso mostra as oportunidades perdidas de detecção e chama-se a atenção para a necessidade de rever a abordagem da violência familiar em serviços de saúde.


2010 ◽  
Vol 44 (4) ◽  
pp. 667-676 ◽  
Author(s):  
Claudia Leite Moraes ◽  
Flávia Dias Nogueira Arana ◽  
Michael Eduardo Reichenheim

OBJETIVO: Avaliar a violência física entre parceiros íntimos durante a gestação como fator de risco independente para a má qualidade da assistência pré-natal. MÉTODOS: Estudo transversal realizado em três maternidades públicas do município do Rio de Janeiro, RJ. As 528 puérperas incluídas no estudo foram selecionadas em processo de amostragem aleatória simples dentre o conjunto de nascidos vivos a termo em 2000. As informações sobre a assistência pré-natal foram obtidas a partir do cartão da gestante e por meio de entrevistas face a face. Para a avaliação da qualidade da assistência pré-natal utilizou-se o índice de Kotelchuck. Para a identificação das situações de violência, foi utilizada a versão brasileira do instrumento Revised Conflict Tactics Scales. Utilizou-se a regressão logística não condicional para avaliar o efeito da exposição, após controle de variáveis de confusão. RESULTADOS: Mesmo após o ajuste por variáveis socioeconômicas, demográficas, reprodutivas e relativas aos hábitos de vida do casal, a violência física entre parceiros íntimos durante a gestação permaneceu associada à má qualidade da assistência pré-natal. Mulheres que relataram ter sido vítimas de abuso físico durante a gestação possuíam 2,2 vezes mais chance de apresentar uma assistência pré-natal inadequada do que as sem história de violência física. CONCLUSÕES: Os resultados indicam a necessidade do rastreamento de situações de conflito familiar desde o início do pré-natal visando o seu enfrentamento e uma maior adesão das gestantes vitimizadas ao acompanhamento.


2008 ◽  
Vol 24 (12) ◽  
pp. 2926-2936 ◽  
Author(s):  
Anna Tereza Miranda Soares de Moura ◽  
Claudia Leite Moraes ◽  
Michael Eduardo Reichenheim

O enfrentamento da violência contra a criança é considerado um desafio nos serviços de emergência, onde a rotina atribulada pode dificultar a detecção dos casos. O presente estudo estimou a magnitude da violência contra crianças atendidas em dois hospitais de emergência no Rio de Janeiro, Brasil. Também avaliou o grau de sub-registro de casos, comparando a casuística notificada pelas equipes com aquela estimada pelo estudo. Para aferição da violência foi utilizado o instrumento Conflict Tactics Scales: Parent-Child (CTSPC), aplicado em 524 acompanhantes de crianças atendidas nos hospitais entre janeiro e março de 2005. Foram avaliadas todas as notificações originadas da identificação de casos pelas equipes em 2004. De acordo com a CTSPC, a prevalência de violência psicológica, negligência e violência física foi de 94,8% (IC95%: 92,9-96,2), 60,3% (IC95%: 55,9-64,7) e 47,2% (IC95%: 42,7-51,8), respectivamente. Já estas estimativas segundo as notificações foram de 0,007% (IC95%: 0,003-0,013), 0,24% (IC95%: 0,22-0,27) e 0,03% (IC95%: 0,02-0,04). Essa considerável diferença entre as estimativas do estudo e as relativas aos casos notificados sugere que as estratégias de identificação e notificação de casos de violência contra a criança nos serviços de emergência sejam reavaliadas.


2021 ◽  
Vol 26 (5) ◽  
pp. 1955-1964
Author(s):  
Raquel de Souza Mezzavilla ◽  
Gabriela Vasconcellos de Barros Vianna ◽  
Ana Cristina Lindsay ◽  
Maria Helena Hasselmann

Resumo O objetivo deste artigo é investigar a relação da violência física entre parceiros íntimos (VFPI) e a oferta de leite materno (LM), os substitutos do leite materno (SLM) e o uso de mamadeiras entre crianças entre 12 e 15 meses. Estudo transversal com mães em unidades de saúde do município do Rio de Janeiro, realizado entre junho de 2005 e dezembro de 2009. A VFPI foi identificada pela versão brasileira da Conflict Tactics Scales 1- Form R e as práticas de alimentação foram identificadas por recordatório de 24 horas. As associações foram verificadas por regressão logística mediante estimativas de razão de chances (RC) e intervalos de confiança de 95%. O leite materno foi ofertado a 58,5% das crianças e os substitutos do leite materno a 88,5%, e 70,5% das crianças usavam mamadeira. A violência física foi observada em 26,7% dos casais. Em lares onde os casais se agridem fisicamente há uma maior chance de não ofertar leite materno, maior chance de ofertar substitutos do leite materno e de usar mamadeira comparado aos lares onde não existe violência física. Os resultados chamam atenção para a necessidade de se investigar as relações intrafamiliares em casos que são identificadas práticas inadequadas de aleitamento, e de capacitar os profissionais de saúde para apoiar as famílias em situações de conflito.


Circulation ◽  
2012 ◽  
Vol 125 (suppl_10) ◽  
Author(s):  
Cari J Clark ◽  
Susan A Everson-Rose ◽  
Resnick Michael ◽  
Iris Borowsky ◽  
Sonya S Brady ◽  
...  

Introduction: Women are more likely to experience distress and injury from intimate partner violence (IPV), and may also be at greater risk of higher blood pressure than male victims. However, most prior epidemiologic research has not included men and has not examined perpetation, despite the predominance of mutually violent relationships. Therefore, this study investigates sex differences in the relationship between exposure to IPV victimization and perpetration and systolic blood pressure (SB). Methods: The study included 3447 (52% female; mean(sd) age=22(3)) participants of Waves 3 (2001–2002) and 4 (2007) of the publically-available subset of the National Longitudinal Study of Adolescent Health. Frequency of psychological, physical, sexual IPV and IPV-related injury were ascertained with the Revised Conflict Tactics Scales at Wave 3. Exposure to IPV was categorized as no IPV victimization or perpetration (ref), only low victimization and / or perpetration, high victimization and low/no perpetration, high perpetration and low/no victimization, and both high victimization and perpetration. SBP was measured at Wave 4 using standard procedures. Potential confounders (age, educational attainment, race, history of child abuse) and mediators (depressive symptoms, breakfast consumption, moderate physical exercise, BMI, smoking, alcohol consumption) were recorded at Wave 3. Multivariable weighted linear regression was used to test the relationship between SBP and IPV by adjusting for confounders then by adjusting for the proposed mediators. Analyses were stratified by sex and a multiplicative term was tested. Results: Approximately 30% of the sample reported IPV exposure (n=2050), of which 23% (n=831) experienced low victimization and or perpetration, 5% (n=157) high victimization, 6% (N=203) high perpetration, 6% (n=206) both high victimization and perpetration. Women were slightly more likely to report high perpetration and both high victimization and high perpetration (p<0.01). In separate models controlling for confounders, experiencing both high victimization and perpetration was associated with 4.02 mmHg SBP higher in men (95% CI: 0.32, 7.72) and 2.51 mmHg SBP higher in women (95% CI: 0.18, 4.84) compared to those with no IPV. In addition, reporting high perpetration was associated with 3.83 mmHg higher SBP in men (95% CI: –0.72, 8.38), while high victimization was associated with 2.94 mmHg higher SBP for women (95% CI: –0.61, 6.49). Further adjustment for the hypothesized mediators slightly attenuated the findings. The multiplicative term (IPV X sex) was marginally significant (p=0.09). Conclusions: Exposure to high levels of victimization and perpetration is associated with higher levels of SBP for men and women. High victimization alone is related to higher SBP for women while high perpetration is related to higher SBP for men.


2007 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 53-62 ◽  
Author(s):  
Michael E. Reichenheim ◽  
Ruben Klein ◽  
Claudia Leite Moraes

Although there are psychometric evaluations of the Revised Conflict Tactics Scales (CTS2) when applied to heterosexual relationships, none has used item response theory (IRT). To address this gap, the present paper assesses the instrument's physical violence subscale. The CTS2 was applied to 764 women who also responded for their partners. Single dimensionality assumption was corroborated. A 2-parameter logistic IRT model was used for estimating location and discriminating power of each item. Differential item functioning and item information pattern along the violence continuum were assessed. Gender differences were detected in 3 out of 12 items. Item coverage of the latent trait spectrum indicated little information at the lower ends, while plenty in the middle and upper ranges. Still, depending on gender, some item overlaps and regions with gaps could be detected. Despite some unresolved problems, the analysis shows that the items form a theoretically coherent information set across the continuum. Provided the user is aware of possible drawbacks, using the physical violence subscale of the CTS2 in heterosexual couples is still a sensible option.


2008 ◽  
Vol 11 (2) ◽  
pp. 187-194 ◽  
Author(s):  
Sueli Bulhões da Silva ◽  
Antonio Carlos de Oliveira

Este artigo discute os resultados de uma pesquisa que objetivou mapear a produção discente (dissertações e teses) no âmbito da violência doméstica, entre 1990 e 2006, em programas de pós-graduação em Serviço Social, Psicologia e Saúde Pública de instituições localizadas no estado do Rio de Janeiro. O estudo, centrado na análise de tendências, avanços e lacunas da referida produção, revelou a prevalência de pesquisas voltadas para o segmento infanto-juvenil, a mudança de foco da caracterização do fenômeno para a discussão de sua dinâmica, e o reduzido número de trabalhos sobre idosos.


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