scholarly journals Perfil hematológico e bioquímico sérico de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) de vida livre nos biomas Mata Atlântica e Caatinga

2020 ◽  
Vol 72 (2) ◽  
pp. 461-470
Author(s):  
D.S. Souza ◽  
S.G.N.S. Yang ◽  
A.C.A. Alves ◽  
R.M. Pontes ◽  
C.C.D. Carvalho ◽  
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RESUMO Devido à ausência de estudos sobre capivaras na região Nordeste do Brasil, o objetivo deste estudo foi avaliar a sanidade desses roedores de vida livre em três áreas dos biomas Mata Atlântica (2) e Caatinga (1) do estado de Pernambuco, por meio da determinação de parâmetros da hematologia e bioquímica sérica. De novembro de 2016 a dezembro de 2017, foram capturados 21 animais, dos quais foram coletadas amostras de sangue para avaliação hematológica (eritrograma, leucograma e plaquetometria) e bioquímica sérica (atividade enzimática, perfil proteico, energético e mineral). A maioria dos parâmetros esteve dentro dos valores de normalidade para a espécie, embora alguns apresentassem diferenças estatisticamente significativas de acordo com a área de estudo (hemoglobina, hematócrito, VCM, CHCM, eosinófilos, fosfatase alcalina, proteína total, albumina, ácido úrico, creatinina, lactato, sódio e magnésio) e o sexo dos animais (ácido úrico). Os parâmetros obtidos são apresentados como referência e atestam a sanidade e o bom estado nutricional de populações de capivaras nos biomas Mata Atlântica e Caatinga da região Nordeste do Brasil. As informações aportadas neste estudo pioneiro na região Nordeste contribuem para aumentar o conhecimento sobre a ecofisiologia e a conservação in situ de capivaras.

2019 ◽  
Vol 29 (1) ◽  
pp. 63 ◽  
Author(s):  
Ricardo Bittencourt ◽  
Felipe Steiner ◽  
Cristina Silva Sant'Anna ◽  
Tiago Montagna ◽  
Caio Darós Fernandes ◽  
...  

Podocarpus lambertii (Podocarpaceae) é conhecido popularmente como pinheiro-bravo. Ocorre em várias formações florestais da Mata Atlântica, principalmente na Floresta Ombrófila Mista. Devido à intensa exploração madeireira sofrida pela espécie, ela está presente na categoria “Quase ameaçada” da Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da IUCN. Diante disso, este estudo teve por objetivo caracterizar a diversidade e estrutura genética de 12 populações no Estado de Santa Catarina, a fim de gerar informações para fundamentar estratégias de conservação para a espécie. Foram coletadas folhas de 50 indivíduos adultos em cada população. Para acessar os níveis e a distribuição da diversidade genética, utilizaram-se 10 sistemas enzimáticos. As frequências alélicas, a porcentagem de locos polimórficos (P100%), as heterozigosidades observada (HO) e esperada (HE), o índice de fixação (f) e a divergência genética (FST) foram calculados com auxílio do programa FSTAT. Os 10 sistemas enzimáticos analisados revelaram 11 locos com um total de 32 alelos (A= 1,8). As populações de Podocarpus lambertii apresentaram baixa diversidade genética (P100% = 52,7; HO = 0,049; HE = 0,079). As frequências alélicas das populações apresentaram desvios significativos das esperadas em Equilíbrio de Hardy-Weinberg, evidenciando um deficit de heterozigotos (f = 0,374). A presença de alelos raros nas populações e uma divergência genética significativa (FST = 0,303) evidenciam um baixo fluxo gênico histórico e um grande risco de perda de diversidade. Os resultados obtidos indicam a necessidade de conservação in situ das várias populações de Podocarpus lambertii e de um aumento da conectividade entre as populações remanescentes.


2017 ◽  
Vol 22 (40) ◽  
pp. 844
Author(s):  
Caio Ferreira ◽  
Douglas Pereira Lima Gomes ◽  
Andrea Chaguri ◽  
Nádia Maria Rodrigues De Campos Velho ◽  
Karla Andressa Ruiz Lopes

Os mamíferos desempenham um papel fundamental no ecossistema como o controle populacional e a regeneração de matas. Buscou-se com este trabalho, obter uma amostragem preliminar da mastofauna presente em um remanescente de floresta atlântica, utilizando-se de armadilha fotográfica, contribuindo com maiores informações a respeito do uso de habitat por estes animais na área de estudo, local característico de um corredor ecológico, devido a sua paisagem ser bem semelhante ao mesmo. Foram obtidos registros de seis espécies de mamíferos silvestres pertencentes a quatro famílias e três ordens: quatro Carnivora (Cerdocyon thous, Lontra longicaudis, Galictis cuja, Canis lupus familiaris), um Didelphimorphia (Didelphis aurita) e um Rodentia (Hydrochoerus hydrochaeris), sendo que não foi possível a identificação de uma espécie. Ressalta-se a importância da presença da espécie Lontra longicaudis, que possui o estado de conservação quase ameaçada no estado de São Paulo.


Check List ◽  
2015 ◽  
Vol 11 (6) ◽  
pp. 1802 ◽  
Author(s):  
Ednaldo Cândido Rocha ◽  
Kálita Luis Soares ◽  
Ismael Martins Pereira

The purpose of this study was to carry out an inventory of medium and large-sized mammal species occurring in the Mata Atlântica State Park (MASP). Located in Água Limpa municipality, state of Goiás, the MASP occupies an important area with a seasonal forest remnant, which is considered an enclave of the Atlantic Forest within the Cerrado biome. From October 2012 to December 2013, MASP’s area was randomly surveyed for evidence of mammal presence. Records of 23 species of wild mammals were obtained, seven of them listed as nationally endangered. Medium and large-sized mammal species composition is characteristic of the Cerrado biome, and no endemic species of the Atlantic Forest were recorded. Richness and diversity of the mammal species recorded in MASP show the importance of this protected area for in situ conservation.


2014 ◽  
Vol 27 ◽  
pp. 112
Author(s):  
Bruna Letícia Thomas ◽  
Pedro Augusto Thomas ◽  
Eliane Maria Foleto

<p>Unidades de Conservação (UCs) são áreas definidas geograficamente vinculadas a processos de gestão de seu território, tendo como objetivo principal a proteção ao longo prazo dos atributos ambientais in situ. Assim, visa-se destacar a importância da criação de uma UC no Morro Gaúcho, patrimônio natural dos municípios de Arroio do Meio e Capitão, Rio Grande do Sul, a partir da identificação dos impactos ambientais que ameaçam a sua biodiversidade e paisagem. Desta forma, o trabalho ocorreu a partir de saídas de campo, leitura de pesquisas já realizadas na área e jornais locais e a participação em reuniões de uma organização não-governamental local. Os impactos ambientais reconhecidos foram a ocorrência de espécies exóticas invasoras, o turismo irregular e a presença de uma unidade de transbordo de resíduos sólidos, entre outros, tendo como consequências as agressões à biodiversidade local. A importância da criação de uma UC no local também é destacada pela presença da Reserva da Biosfera e os percentuais de remanescentes de Mata Atlântica nas áreas dos municípios. Portanto, a instituição de uma área protegida no Morro Gaúcho visa garantir a conservação a partir de uma ação concreta de proteção à natureza e seus processos de manejo e gestão vinculados.</p>


2013 ◽  
Vol 37 (1) ◽  
pp. 137-149
Author(s):  
Bruna Treviso Cenci ◽  
Liane Terezinha Dorneles ◽  
Elias Lazzarotto Simioni ◽  
Sidamaia Frizon ◽  
Vitor Hugo Travi

Este estudo teve como objetivo o levantamento florístico e fitossociológico de uma área de 178.000 m², situada nas coordenadas 29º10'38"S e 51º27'16"W, na localidade de Linha Palmeiro, Distrito de São Pedro, no Município de Bento Gonçalves, RS, Brasil, onde se encontra o Jardim Botânico de Bento Gonçalves, o qual se situa numa zona de transição de três formações vegetais distintas: Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Decidual e resquícios de Mata Atlântica. O local é uma área de conservação in situ no Jardim Botânico de Bento Gonçalves. O método de amostragem utilizado foi o de parcelas distribuídas ao acaso. Avaliaram-se 10 parcelas medindo 50 x 50 m cada. Dentro de cada parcela, foram amostrados indivíduos com circunferência à altura do peito (CAP) superior ou igual a 30 cm. Foram amostrados 1.947 indivíduos vivos dentro de 35 famílias botânicas, além de 109 indivíduos mortos ainda em pé. As famílias mais expressivas em número de indivíduos e em espécies foram Sapindaceae, Anacardiaceae, Myrtaceae, Oleaceae e Lauraceae. As espécies com maiores valores de importância foram Matayba elaeagnoides Radlk., Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze, Lithraea brasiliensis Marchand, Ligustrum licidum W. T. Aiton e Sebastiania serrata (Klotzsch) Müll. Arg. O índice de diversidade de Shannon foi de 3,18 nats/indivíduos, enquanto a equabilidade de Pielou (J'), 0,71, valores esses considerados altos se comparados a de outros levantamentos. O número de espécies identificadas evidenciou nível alto de diversidade florística, que se caracterizou pela associação de diferentes contingentes florestais, com predomínio daquelas de ampla distribuição na área.


2021 ◽  
Author(s):  
Inaê Carolina Sfalcin

Introdução: No Rio Grande do Sul, os biomas Pampa e Mata Atlântica abrigam mais de 90 espécies de mamíferos terrestres. Embora ambos sustentem grande diversidade, levantamentos mastofaunísticos nos ecótonos são limitados e pouco se conhece sobre sua ecologia. Esta falta de informações somada à intensa alteração antrópica que esses biomas enfrentam há décadas, abre lacunas importantes na busca pela conservação da biodiversidade desses locais. Objetivo: Realizar um levantamento preliminar de mamíferos terrestres de médio e grande porte em São João das Missões/São Miguel das Missões, RS, Brasil. Materiais e Métodos: Em uma área rural de 155 ha, composta de campo nativo, lavoura cultivada e fragmentos de mata, aplicou-se três métodos de coleta: procura visual ativa, em busca de observações diretas e vestígios de mamíferos; captura viva em armadilhas Tomahawk e coleta de depoimentos de moradores locais. Um esforço amostral de 32 horas foi atingido em oito campanhas de campo, entre agosto e novembro de 2020. Resultados: Obteve-se o registro de 18 espécies de mamíferos distribuídas em sete ordens, quatorze famílias e dezessete gêneros, representando aproximadamente 18,4% das espécies terrestres listadas atualmente para o RS. A ordem mais diversa foi Carnivora (4 famílias; 6 espécies), seguido de Rodentia (4 famílias; 5 espécies). Foram amostradas seis espécies ameaçadas de extinção: Cuniculus paca, Leopardus guttulus, Leopardus pardalis, Mazama gouazoubira, Nasua nasua e Tamandua tetradactyla; duas espécies exóticas, Sus scrofa e Lepus sp., além de Cavia aperea; Coendou spinosus; Conepatus chinga; Dasypus novemcinctus; Didelphis albiventris; Euphractus sexcinctus; Hydrochoerus hydrochaeris; Lycalopex gymnocercus; Myocastor coypus e Procyon cancrivorus. H. hydrochaeris (LC), M. gouazoubira (VU) e N. nasua (VU) estiveram presentes em todas as campanhas. Conclusão: Os resultados demonstraram uma considerável riqueza de mamíferos, dado o curto período de amostragem. Grupos generalistas e de médio porte predominaram, incluindo espécies ameaçadas e de importância ecológica. Os carnívoros representaram um terço dos registros, reforçando a relevância do monitoramento e conservação ambiental local, já que são exigentes quanto à qualidade do habitat. Pesquisas adicionais com métodos de coleta aprimorados e em um período anual podem melhorar o perfil da riqueza e diversidade da mastofauna loco-regional.


2014 ◽  
Vol 17 (2) ◽  
pp. 1-16 ◽  
Author(s):  
Fernanda Bloise Prado ◽  
Fernanda Carla Wasner Vasconcelos ◽  
Cristina Kistemann Chiodi

O regime jurídico de proteção da Mata Atlântica - estabelecido pela Lei Federal nº 11.428, de 22.12.2006, e por seu regulamento, o Decreto Federal nº 6.660, de 21.11.2008 - prevê a proteção das espécies ameaçadas de extinção. Porém, a aplicação prática de seus dispositivos, nestes casos, tem sido limitada devido à necessidade de um correto entendimento do conceito de "risco à sobrevivência in situ de espécies". O presente contribui para a conservação do bioma e de sua biodiversidade, por meio da compreensão da expressão em foco, que não é estática e pode apresentar acepções diversas. Sua definição depende da avaliação de processos ecológicos em cada caso concreto, considerando a situação da "vulnerabilidade à extinção" de cada espécie ameaçada. Trata-se de pesquisa qualitativa, de caráter analítico, realizada por meio de exame de dados secundários.


2017 ◽  
Vol 6 (3) ◽  
pp. 424
Author(s):  
Sofia Regina Paiva Ribeiro ◽  
Francisco Domiro Ribeiro Filho ◽  
Maria Do Socorro Moura Rufino

O cultivo do café no Brasil despontou no século XVIII. Já no centenário seguinte, o café tornou-se o principal produto da economia nacional. O país destaca-se por ser o maior produtor e exportador mundial do grão. Com clima propício à cultura cafeeira, o plantio espalhou-se por todo território. No Ceará não foi diferente. Em 1824, começa a ser plantado na região serrana de Baturité, que fica a cerca 100 km da capital (Fortaleza). O local é um maciço residual encravado no meio do sertão cearense. A vegetação é composta por uma floresta úmida, que faz parte do Complexo Ambiental da Mata Atlântica, transformada em Área de Proteção Ambiental em 1990. É nesse belo cenário que os cafezais são plantados a pleno sol. Com o desmatamento e desgaste do solo, em pouco tempo a produção diminui drasticamente. A recuperação da atividade cafeeira veio com o cultivo sombreado e o consórcio de plantas, possibilitando a conservação dos  nutriente naturais do solo, a produção  de  húmus e a redução  de  pragas  invasoras. O artigo em apreço tem como escopo principal verificar a relevância do café orgânico e agroflorestal, produzido na região serrana de Baturité-Ceará, bem como, analisar as dimensões sustentáveis, econômicas e socioambientais. Para tanto, foram realizadas visitas in situ e estudos bibliográficos. Constata-se que o café da serra é um produto agrícola que favorece a sustentabilidade ambiental e corresponde ao tripé: ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável.


2021 ◽  
Vol 10 (3) ◽  
Author(s):  
Juliana Garcia Vidal Rodrigues ◽  
Sueli Aparecida Moreira ◽  
Eliza Maria Xavier Freire

A Mata Atlântica brasileira, originalmente com vasta extensão costeira desde o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, está atualmente reduzida a arquipélago de fragmentos florestais, apesar de constituir hotspot mundial em biodiversidade. Essa fragmentação é ainda mais crítica na Mata Atlântica setentrional, sendo imprescindível a criação de corredores ecológicos interligando áreas protegidas. A efetiva conservação do meio ambiente depende também de mecanismos de proteção da natureza como um todo e não somente o "cerco" como forma de proteger essas áreas. Portanto, uma nova racionalidade – de modo a contemplar os grupos sociais e conciliar interesses para preservar o bem natural comum – é fundamental. Então, elaborou-se o presente artigo cujo objetivo compreendeu a proposição de instrumentos e políticas públicas eficazes em viabilizar a criação de corredores ecológicos em áreas remanescentes da Mata Atlântica setentrional, sob perspectiva sustentável. Realizou-se estudo de natureza qualitativa com abordagem de análise legal e de avaliação in situ do Parque Estadual Mata da Pipa (PEMP), Tibau do Sul, RN, como situação emblema. Por meio de análise argumentativa, os argumentos foram construídos a partir de fundamentos socioambientais, desenvolvimento sustentável e princípios jurídico-ambientais. Constatou-se que instrumentos e políticas públicas de incentivo, combinadas a suporte e instrução, constituem-se as melhores formas de coadunar a conservação com desenvolvimento sustentável, proporcionando a efetividade da lei da Mata Atlântica. Quanto aos fundos de recursos, seus gestores devem atentar para a Mata Atlântica setentrional diminuindo as disparidades regionais em investimentos, e os órgãos ambientais devem elaborar projetos para beneficiamento.


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