VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO DOS INDICADORES OBSERVÁVEIS DA QUALIDADE DO CUIDADO NAS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS
As Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) são uma importante alternativa de cuidado em todo mundo, porém o Brasil ainda não dispõe de instrumento válido para monitorar a qualidade dessas instituições. Nos Estados Unidos, utiliza-se o Observable Indicators of Nursing Home Care Quality Instrument (IOQ) o qual avalia a qualidade do cuidado nas ILPIs por meio de 30 indicadores de estrutura (2 dimensões) e processo (5 dimensões) relacionados à dimensão da qualidade da atenção centrada na pessoa. Objetivou-se, neste estudo, adaptar transculturalmente o IOQ para avaliar a qualidade do cuidado das ILPIs no contexto brasileiro. Realizou-se a equivalência conceitual e de itens para avaliar a pertinência e viabilidade do IOQ à realidade nacional por meio do Índice de Validade do Conteúdo (IVC) junto a um comitê de especialistas formado por dez participantes e diretamente envolvidos com o objeto de estudo. Em seguida, cumpriu-se a equivalência operacional, idiomática e a semântica concomitantemente. Esta constituiu-se em cinco fases: (1) duas traduções e (2) respectivas retraduções; (3) apreciação formal referente ao significado referencial e geral; (4) revisão por um segundo comitê de especialistas; (5) aplicação do pré-teste em três ILPIs por pares de diferentes entes sociais: profissionais de saúde, reguladores da vigilância sanitária e potenciais consumidores. Avaliou-se a equivalência de mensuração empregando o teste de alfa de Cronbach para verificar a consistência interna do instrumento. Para mensurar a concordância entre os pares de avaliadores, utilizou-se o Índice de Concordância Geral (ICG) e o coeficiente Kappa. Estimou-se o cumprimento pontual e Intervalo de Confiança 95% dos indicadores, dimensões e construto total. O IVC apresentou resultados elevados tanto para relevância (95,3%) quanto para viabilidade (94,3%) ao contexto brasileiro. Quanto ao significado referencial, observou-se similaridade, variando entre 90-100% para a primeira retradução e 70-100% para a segunda. Com relação ao significado geral, a versão 1 foi melhor avaliada, recebendo classificação “inalterado” em 80% dos itens, enquanto a versão 2 apresentou apenas 47%. No pré-teste, o IOQ mostrou-se compreensível e de fácil aplicação. Obteve-se um alfa de Cronbach elevado (0,93), ICG satisfatório (75%) e concordância substancial por meio do coeficiente Kappa (0,65) entre os pares de avaliadores: profissionais de saúde, reguladores da Subcoordenadoria da Vigilância Sanitária (Suvisa) e potenciais consumidores. É possível assumir a equivalência operacional realizada, uma vez que se preservou o layout do instrumento original na versão brasileira, por meio da manutenção das características no modo de aplicação, opções de respostas, número de itens, enunciados e pontuações. O desempenho das ILPIs obteve média aproximada de 87 pontos, apresentando uma variação de 55 a 111, considerando uma escala de 30 a 150. Piores resultados estiveram relacionados ao processo (média=2,85), enquanto a estrutura obteve uma média de 3,75, considerando uma escala de 1 a 5. A menor pontuação foi alusiva à dimensão referente à prestação de cuidados (média=2). Identificou-se o IOQ como sendo válido e confiável no contexto brasileiro. Sugere-se o uso para avaliar e monitorar a qualidade do cuidado nas ILPIs por profissionais de saúde, reguladores e potenciais consumidores e evidenciar oportunidades de melhoria. Palavras-chave: Comparação transcultural. Indicadores de qualidade. Instituição de Longa Permanência para Idosos. Confiabilidade e validade. Qualidade dos cuidados de saúde.