Manuel Gamio e seu projeto indigenista para o México e a América Latina através dos periódicos Ethnos e América Indígena (1920-1960)
Manuel Gamio é uma figura bastante conhecida do cenário intelectual latino-americano, tendo sido um dos principais construtores ideológicos do indigenismo mexicano pós-revolucionário. Os estudos sobre seu pensamento se baseiam, em geral, em sua obra Forjando patria, publicada em 1916, e envolvem apenas o contexto mexicano. A atuação de Gamio como editor de revistas – papel cumprido por ele durante boa parte de sua trajetória – e a faceta latino-americanista de seu projeto indigenista são questões pouco estudadas. Este artigo explora ambas as dimensões a partir da análise dos editoriais produzidos por Gamio à frente das revistas Ethnos, entre 1920 e 1925, quando encabeçava a Dirección de Antropología no México; e América Indígena, entre 1942 e 1960, durante sua gestão como diretor do Instituto Indigenista Interamericano. O caráter específico da “forma revista” (SARLO, 1992) a torna uma fonte privilegiada para resgatar a atuação político-intelectual de Gamio nesses dois contextos e nos cenários nacional e continental.