<p><em>Este artigo parte da observação feita por autores envolvidos com
diferentes aspectos das ações públicas, uma vez que o Estado não é sinônimo de assuntos
públicos. Do ponto de vista policêntrico, no qual o público ou públicos são atores-chave e
independentes, questiona-se o papel central que a política pública supostamente assumiu na
articulação da discussão e provisão de bens e serviços públicos. O artigo adota uma
perspectiva histórica da emergência da política pública na língua inglesa em diferentes
momentos e focaliza três períodos reconhecidos como aqueles nos quais as democracias
anglófonas deram passos significativos para a ampliação da agenda de debate dos assuntos
públicos: o New Deal de Roosevelt, 1933; o Governo do Partido Trabalhista britânico, 1945, e
as administrações Johnson (1963-1968). Em todos esses casos, houve inovações muito práticas no
tratamento de questões muito difíceis, mas com muito pouca – se houve – discussão de política
pública. Considerando que fala e ação andam juntas, quais outras linguagens sociais (para usar
o termo de Bakhtin, 1986) estavam disponíveis? Ao apontar que elas eram muitas, das quais a
maior parte continua presente e bastante ativa hoje, o artigo questiona a centralidade e
inevitabilidade da política pública e propõe abordar linguagens de ação pública para o estudo
dos assuntos públicos. </em></p>