Pintura de paisagem no século XIX

O desempoderamento da natureza é um fenômeno cultural baseado no pressuposto de que os seres humanos possuem total controle sobre o meio ambiente. O presente estudo investiga como tal fenômeno se apresenta na pintura, e sugere que na arte o chamado “fim da natureza” está enraizado nas representações de céu, não no “nominalismo” de Duchamp, onde os historiadores da arte costumam apressadamente apontá-lo. Analisando o desenrolar do processo que levou a malfadada morte da natureza, a investigação tenta iluminar a relação entre nosso contato com o mundo natural e a qualidade de nossos afetos.

Quand un peuple réputé pour sa culture attaque des œuvres d’art

Les représentations artistiques en France ont traversé jusqu’à présent trois phases principales d’iconoclasme: les destructions d’images saintes par les Huguenots entre 1530 et 1600; les destructions d’œuvres d’art et d’églises réalisées pendant la Révolution française, notamment vers 1793–1795 ; et l’enlèvement d’une partie de la statuaire de bronze mené par la France de Vichy de 1941 à 1944. C’est à cette dernière phase de l’iconoclasme français, moins connue que les deux précédentes, qu’est consacré l’essentiel de cet article. Contrairement à d’autres pays occupés, la France choisit de faire fondre des statues laïques au lieu des cloches d’église pour répondre aux réquisitions de l’industrie de l’armement allemande. Leur destruction visait surtout les monuments républicains, les plus contraires à l’idéologie installée par le maréchal Pétain. Cet article offre un panorama de l’enlèvement de ces statues en zones libre et occupée, mais analyse surtout le cas particulier de la ville d’Auxerre, où les monuments consacrés à Paul Bert (1833–1886) et à Nicolas Davout (1770–1823) firent l’objet des disputes des autorités locales face à l’iconoclasme des autorités de l’État.

Considerações sobre a I Bienal de São Paulo

Este artigo tem como objetivo a discussão de alguns aspectos apontados na correspondência enviada pelo crítico de arte Marco Valsecchi ao secretário da Biennale di Venezia, Rodolfo Pallucchini, em novembro de 1951, a propósito de suas impressões acerca da primeira Bienal de São Paulo. Esta correspondência localizada no Arquivo da Biennale di Venezia é bastante relevante na medida em que ilumina não somente a opinião e expectativas dos italianos sobre a mostra brasileira, mas também os bastidores de sua realização.

A reserva de pintura da FBAUL

Este artigo apresenta uma visão historiográfica da coleção de Pintura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL) e dos vários prêmios pictóricos instituídos pela Academia de Belas-Artes de Lisboa (ABAL) aos seus estudantes no final do século XIX, início do século XX. O objetivo desta investigação é destacar as normas do concurso dos vários prémios encontrados na propriedade da FBAUL, a saber: Prémio Anunciação, Prémio Lupi e Prémio Ferreira Chaves. Como este estudo é preliminar apenas iremos indicar a lista de participantes e o nome do artista vencedor, assim como, o ano e a execução do concurso. Para finalizar, esta pesquisa permitirá reconstruir e identificar as várias obras premiadas existentes na FBAUL, até 1930.

O valor dos estudos iconográficos para o conhecimento arqueológico

Os padrões arqueológicos Anasazi, Mogollon e Casas Grandes floresceram na atual região sudoeste dos EUA entre aproximadamente 500 d.C. e 1500 d.C. Por meio de pesquisas realizadas entre 2010 e 2015, voltadas principalmente à análise da iconografia expressa em suportes cerâmicos, foi verificada a existência de um “código pictórico” em comum, compartilhado pelos diferentes grupos humanos associados a estes padrões. Sendo que foi constatado que este “código” foi amplamente expresso ao longo de extensos territórios, e também mantido por um longo período, foi considerado oportuno verificar também a ocorrência de alguns de seus “símbolos principais” na iconografia produzida em épocas concomitantes por grupos de regiões vizinhas, tais como as áreas norte e central da Mesoamérica.

Entre art, dévotion et réforme catholique

Parcourir l’ample bibliographie bigarrée, consacrée à l’un des tableaux les plus fascinants de la Renaissance italienne, la Lamentation sur le Christ mort peinte par Rosso Fiorentino pour une compagnie de laïcs à Borgo Sansepolcro, suffit à démontrer combien l’interprétation de certaines iconographies religieuses a suscité – et suscite encore – des doutes. Articulant histoire sociale, questions théologiques et études de style, cet article se propose d’analyser le contenu et la signification du retable de Sansepolcro à l’intérieur d’un vaste mouvement de regain de spiritualité qui traversa tout le XVIe siècle italien.

Luz e ação nos manuscritos do Brasil

O presente artigo versa sobre as origens, características e difusão o ornato rococó dos manuscritos do Brasil no século VIII. Apesar dos avanços nos estudos sobre o tema, as particularidades do desenvolvimento do Rococó merecem, ainda hoje, análise mais pormenorizada, de modo a se entender melhor a influência da gravura francesa na ornamentação de manuscritos do Brasil setecentista. O foco no aspecto gráfico embasa a análise de singularidades do estilo Rococó, e permite entendimento sobre o significado do desenho na história da arte brasileira.

The Biota of the Florentine Tondo

This paper describes and identifies the biological elements depicted in Virgin with Child, Young St. John the Baptist and an Angel by Piero di Cosimo (1462-1522) from the permanent collection of the Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, which include a bird, an insect, a mushroom and 10 vegetables, seven of which in flowering. Starting with an analysis of the probable symbolic roles of each biological element based on individual natural and biological properties then proceeding to interpret the presence of each vis-à-vis its relation to the others, this article shows the undeniable convergence of each object’s meaning: birth, death and regeneration (or reproduction) likened to the birth, death and resurrection of Christ.

Desenhos de figurinos de Alexandra Exter para Aelita, rainha de Marte

Este artigo abarca os figurinos elaborados pela artista russa Alexandra Exter (1882-1949) para o filme de ficção científica Aelita, Rainha de Marte e busca compreender as soluções visuais elaboradas por ela para os personagens extraterrestres, sobretudo a figura feminina que protagoniza o filme. Por meio da análise comparativa de imagens, observamos que os trajes elaborados para Aelita apresentam tanto características inovadoras e preceitos vanguardistas quanto fórmulas visuais convencionais e orientalistas. Nossa postura metodológica se pauta nas práticas de Aby Warburg.