scholarly journals Os indesejados da seca: a imagem do sertanejo desde as narrativas da Revista do Instituto do Ceará ao Campo de Concentração do Alagadiço (1887-1915)

2021 ◽  
pp. 259-280
Author(s):  
Leda Agnes Simões de Melo ◽  
Camila De Sousa Freire
Keyword(s):  

O presente artigo trata das imagens construídas sobre o sertanejo, desde as narrativas do Instituto do Ceará até a criação do campo de concentração do Alagadiço, na seca de 1915. Para isso, analisaremos como o Instituto do Ceará, criado em 1887, através da sua Revista do Instituto do Ceará, vinculou o pioneirismo cearense em relação à abolição da escravatura também ao fato da província ser acometida pela seca. A ideia da natureza ser condicionante da vida da região e ser uma narrativa construída historicamente para retratar o Ceará, fez parte do pensamento da elite que estava à frente do Instituto, e é parte fundamental do que se vai narrar sobre os sertões, os sertanejos, seus costumes, seus modos de ser e agir nos anos posteriores. Nesse sentido, a seca ganha espaço como campo de lutas que também são simbólicas, e justificam medidas segregadoras e excludentes como o campo de concentração do Alagadiço. Por meio de ofícios e relatórios do governo e da Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS), propomos uma reflexão acerca dos discursos que estavam na ordem do dia na seca de 1877 e que fizeram parte da narrativa da própria criação do campo do Alagadiço em 1915.

2008 ◽  
Vol 6 (1) ◽  
Author(s):  
Sueli Maria Ramos Da Silva ◽  
Rafael Dias Minussi
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Este artigo, tendo por fundamentação teórica a semiótica greimasiana e a AD (análise de discurso), ambas de linha francesa, tem por objetivo a realização de um estudo preliminar a respeito do estilo, ou seja, do éthos em "Os sertões". Noções relativas à problemática dos gêneros do discurso, questões referentes à sintaxe e semântica discursiva, noções de textualização, mediante a determinação dos modos específicos de combinação de temas e figuras, bem como o estabelecimento de contextos isotópicos, nos serão propícios para que possamos atingir os objetivos ora propostos. Devemos destacar também o estilo da obra "Os sertões", numa abordagem complexa, com um maior aprofundamento, além do estudo a respeito do gênero do romance que em "Os sertões" adquire um caráter ainda mais complexo do que em outras obras. Este artigo pretende, porém, apenas lançar as bases para o desenvolvimento de estudos posteriores. Palavras-chave: Estilo. Éthos. "Os sertões". Isotopia. Gênero do Discurso.


1996 ◽  
Vol 10 (26) ◽  
pp. 275-291 ◽  
Author(s):  
Roberto Ventura
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A revisão da República é central na obra de Euclides da Cunha, presente em seus artigos de jornal e na maior parte de seus livros. Analisou o regime republicano não só em Os sertões (1902), em que tratou da guerra de Canudos, como em Contrastes e confrontos (1907) e em Á margem da história (1909). Foi testemunha e intérprete dos rumos do novo regime, que ajudara a fundar com artigos de propaganda política no jornal A Província de S. Paulo.


2014 ◽  
Vol 26 (2) ◽  
pp. 253-260
Author(s):  
Edilane Ferreira da Silva ◽  
Érika Maria Asevedo Costa ◽  
Geraldo Jorge Barbosa de Moura
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Em 1902, o jornalista Euclides da Cunha publicou a obra Os Sertões que, além de iniciar o Pré-Modernismo brasileiro, colocou em evidência o sertão baiano, a partir da retratação da Guerra de Canudos. Este trabalho volta-se ao capítulo “A Terra” do livro euclidiano, com o objetivo de analisar, à luz do método de análise do discurso e da perspectiva ecocrítica - que concerne às imbricações entre a literatura e a ecologia -, a visão que o autor traça entre os sertanejos e o sertão, bem como o seu próprio sentimento com relação a esse espaço, tendo em vista os conceitos de topofobia – aversão ao ambiente físico - e topofilia – familiaridade ou apego, propostos pelo geógrafo chinês Yi-Fu Tuan e referentes à geografia humanista. Assim, os discursos presentes na narrativa demonstram a predominância do sentimento de aversão e horror à Caatinga no que diz respeito à subjetividade do escritor e o oikos referenciado por ele.


Author(s):  
André Heráclio do Rêgo
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Os sertões foram conquistados e ocupados aos poucos, com base em um conheci­mento dividido entre mito e realidade. Criou-se assim uma “geografia imaginária” sobre os ser­tões dos dois lados do Atlântico, que começou a ser superada com mais vigor no século XVIII. Até então, o interior do continente constituía um extenso vazio cartográfico que, a partir daí, começou a ser preenchido. Esse preenchi­mento somente foi possível, a exemplo do que ocorreu com a própria expansão pelos sertões, por uma estreita interpendência entre as ações da Coroa e as dos particulares.


2019 ◽  
Author(s):  
Euclides da Cunha
Keyword(s):  

Author(s):  
Paulo de Tarso Oliva Barreto
Keyword(s):  

2019 ◽  
Vol 20 (1) ◽  
pp. 36-52
Author(s):  
Carlos Henrique Armani
Keyword(s):  

O presente artigo pretende mostrar uma investigação sobre a contribuição que a virada ontológica na antropologia contemporânea pode proporcionar para a história intelectual. Trata-se de pensá-la como uma resposta à virada linguística ao se evocar o primado ontológico conferido aos existentes, incluindo não humanos, o que reforça seu caráter materialista, por vezes antinarrativista e antitextualista. O artigo divide-se em três partes: a primeira apresenta algumas características da história intelectual no interior da virada linguística e para além dela; a segunda apresenta algumas ideias da virada ontológica na antropologia, consubstanciadas na antropologia simétrica, no perspectivismo ameríndio e na antropologia da natureza; por fim, lança mão de um exemplo empírico da história intelectual no Brasil que pode permitir uma leitura da obra como presença de duas ontologias: a naturalista e a animista. Trata-se da obra Os sertões, de Euclides da Cunha.  


Anos 90 ◽  
2018 ◽  
Vol 25 (47) ◽  
Author(s):  
Eduardo Wright Cardoso
Keyword(s):  

Publicada em 1902, a obra Os sertões, de Euclides da Cunha, tornou-se um clássico da reflexão e interpretação da realidade brasileira e, por extensão, ensejou o desenvolvimento de uma extensa fortuna crítica e analítica. O objetivo desse artigo é sugerir, pois, uma chave de leitura adicional que consiste em refletir sobre a produção euclidiana a partir do recurso narrativo da cor local. Embora amiúde associada à questão da construção da nacionalidade, o mecanismo da cor local dispõe igualmente de outras implicações e efeitos textuais que dizem respeito à dimensão imagética da narrativa. A partir dos critérios da nacionalidade e da visibilidade textual, procura-se investigar não somente a produção de Euclides, mas também parte de sua fortuna crítica ao longo do século XX. Como hipótese, então, sugere-se que a cor local é parte constitutiva do campo discursivo que compreende não somente a escrita euclidiana, mas também é perceptível nas avaliações de seus comentadores. Por sua vez, a presença do critério da cor local permite sugerir a importância do investimento imagético na prosa do autor e identificar um topos específico na fortuna crítica relativa à produção euclidiana.


2020 ◽  
Vol 9 (1) ◽  
pp. 236
Author(s):  
LARYSSA DA SILVA MACHADO

ResumoO século XIX capixaba é considerado um divisor de águas para a história do Espírito Santo, uma vez que houve a colonização de terras ainda não desbravadas. Entre essas terras estava o Vale do Rio Itapemirim. Mesmo estando entre as primeiras sesmarias distribuídas por Vasco Fernandes Coutinho, em 1539 e contar com ruínas de         construções desse período, só teve sua colonização consolidada no fim do Setecentos, após os fugitivos das minas de Castelo chegarem a região. A partir de então, a migração de fazendeiros mineiros, fluminenses, paulistas e baianos, junto com seu maquinário e cativos, ocorrida no início do século XIX, alavancou as. Lavouras já existentes na região. durante o Oitocentos, Itapemirim abasteceu a economia do Espírito Santo com suas lavouras de açúcar.Palavras-chave: sertões, Itapemirim, Espírito Santo, colonização.


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