scholarly journals RECONHECIMENTO: UMA FORMA DE JUSTIÇA OU DE AUTORREALIZAÇÃO?

2020 ◽  
Vol 8 (14) ◽  
pp. 179-196
Author(s):  
Sergio Baptista Dos Santos

O objetivo deste artigo é analisar e comparar os modelos de reconhecimento dos filósofos Charles Taylor (1931), Axel Honneth (1949) e da cientista política Nancy Fraser (1947), a fim de avaliar os limites e as possibilidades de cada uma dessas visões sobre esse modelo de justiça. As lutas por reconhecimento, diferentemente das lutas por “redistribuição”, não têm como orientação normativa, em primeiro plano, a eliminação das desigualdades econômicas, mas o combate ao preconceito e a discriminação de determinados grupos e indivíduos, tendo em vista que a negação do reconhecimento causa danos subjetivos, constituindo-se numa forma eficaz de opressão. Para Fraser (2007), o reconhecimento concebido como autorrealização das identidades de indivíduos ou grupos tende a inviabilizar a construção de um paradigma de justiça que englobe, simultaneamente, reconhecimento e redistribuição. Por isso, elabora um modelo de reconhecimento que tende a promover a paridade participativa sem estar baseado na autorrealização. No entanto, contrariando Fraser (2007), apesar dos modelos de reconhecimento de Taylor (2000) e Honneth (2003) estarem baseados ao processo de formação das identidades, eles não são incompatíveis com luta por redistribuição.

2016 ◽  
Vol 1 (2) ◽  
pp. 89
Author(s):  
Italo Moreira Reis ◽  
Maíra Neiva Gomes

O Direito do Trabalho é fruto das lutas sociais do final do século XIX e início do século XX. Lutas que a filosofia política classifica como reivindicações da justiça redistributiva, pois buscam a implementação da igualdade substancial, sob a perspectiva da distribuição dos bens materiais e do acesso igualitário a oportunidades. De fato, tanto as ideias marxistas, que inspiraram  os  movimentos  por  redistribuição  de  bens  materiais,  especialmente  o sindicalismo, quanto o próprio Direito do Trabalho, tendem a encerrar suas análises e propostas, no ideal de combate à desigualdade econômica. No entanto, a partir da década de 60 do século passado, eclodiram novos movimentos sociais que contém reivindicações que extrapolam a questão redistributiva e requerem o reconhecimento da identidade de indivíduos e de novos agrupamentos sociais. No século XXI, - momento em que a falta de legitimidade dos movimentos sociais tradicionais, em especial aqueles que se organizam em torno da busca da justiça distributiva, como o sindicalismo, se revela acentuada -, os movimentos pautados pelo desejo de reconhecimento se apresentam com roupagem inovadora: as pautas mosaico.  O  tecido  social  se  apresenta,  no  século  XXI,  recheado  de  complexidades  e singularidades  que  vindicam  reconhecimento  e  as  lutas  meramente  distributivas,  que homogenizam as reivindicações, encontram, a cada dia, mais dificuldades para se legitimar perante esse. A intenção do presente trabalho é elaborar um diálogo entre os principais teóricos do Princípio do Reconhecimento  Charles Taylor, Axel Honneth e Nancy Fraser  e buscar construir um conceito de justiça, que englobe as dimensões da necessidade de redistribuição de bens materiais e do reconhecimento das diferenças. A partir de tal análise, pretende-se oferecer instrumentos que possam auxiliar o sindicato, principal fonte material do Direito do Trabalho, a edificar um conceito interpretativo da dignidade, capaz de atender os anseios das minorias sociais, hoje invisíveis às teorias homogeneizadoras, que construíram os princípios norteadores deste ramo das ciências jurídicas.


Plural ◽  
2011 ◽  
Vol 18 (1) ◽  
pp. 65
Author(s):  
Jean Carlo De Carvalho Costa ◽  
Maíra Lewtchuk Espindola

<p>Este trabalho analisa o discurso do ProJovem a partir de seu Projeto Político Pedagógico. Seu objetivo é desenvolver o protagonismo juvenil por meio da escolarização, da orientação ao mundo do trabalho e do desenvolvimento de ações comunitárias. Do ponto de vista teórico-metodológico, este trabalho está situado, na esteira da recente teoria social, nos desdobramentos da categoria do reconhecimento social, cuja utilização está associada à teoria pós-crítica, de Charles Taylor, Nancy Fraser e Axel Honneth. Essa abordagem permite a configuração de profícuo instrumento no entendimento da formação discursiva de políticas públicas, particularmente o ProJovem, cujo objetivo ressalta, por um lado, o reconhecimento simbólico, pela ênfase no protagonismo juvenil e na participação paritária da comunidade e, por outro lado, no reconhecimento distributivo, via escolarização e iniciação ao trabalho.</p>


2020 ◽  
Vol 19 (1) ◽  
pp. 23-48
Author(s):  
Ana Carolina Goulart Barboza da Silva ◽  
Fernando Aguiar Camargo

A profissão de Secretariado foi historicamente impactada com as mudanças ocorridas na sociedade, que sempre se adapta às adversidades. Entretanto, qual seria o olhar do profissional sobre a implicação de suas atividades no âmbito corporativo? Qual seria a visão do profissional frente ao reconhecimento pelo mercado de trabalho? O reconhecimento não é natural e espontâneo, ele alude a uma luta constante e significativa, sendo de enorme relevância para a atualidade por proporcionar uma base argumentativa para a luta do indivíduo em sociedade. Este estudo tem como objetivo explorar as bases do reconhecimento do profissional de secretariado, além de realizar uma análise social da profissão em sua maioria feminina, de forma a ser marcada por estereótipo, preconceito e dificuldades – como apontam os pensadores do Reconhecimento, em que Axel Honneth é o principal teórico, com as esferas: amor, solidariedade e direito; Charles Taylor com as fases honra, autenticidade e direito; e, finalmente, Nancy Fraser com as dimensões: redistribuição, reconhecimento e representação. Trata-se de uma pesquisa exploratória, com abordagem quantitativa e metodologia de Survey. Houve a elaboração de questionário aplicado aos alunos dos 2º, 4º e 6º semestres do curso de Secretariado Executivo Trilíngue da Fecap. Como resultado, constatou-se a percepção dos profissionais sobre a existência do reconhecimento no âmbito corporativo, a importância da opinião da família, o preconceito social e de seus amigos e a necessidade de mudança da postura do próprio profissional para a conquista do reconhecimento em sociedade.


Author(s):  
Signe Engelbreth Larsen

Religion og religiøse problemstillinger diskuteres intensivt i de danske medier, og politikere tager stadigt mere del i denne debat. Ikke desto mindre synes det overordnede politiske budskab stadig at være, at religionen skal holdes ude af det offentlige og politiske rum. I denne artikel argumenteres for, at denne udbredte sekularistiske sondring mellem religion og politik reelt medfører en asymmetrisk positionering af religiøse individer, som afholdes fra at deltage i og præge den offentlige debat på lige vilkår med alle andre borgere. Ved hjælp at teoretikere som William E. Connolly, Charles Taylor, Axel Honneth og Nancy Fraser problematiserer artiklen således sekularismens udgrænsning af religionen, og afsøger i hvilket omfang et demokratisk samfund bør anerkende sine religiøse borgere.


2017 ◽  
Vol 16 (35) ◽  
pp. 242
Author(s):  
Javier Amadeo

http://dx.doi.org/10.5007/2175-7984.2017v16n35p242A política de identidade e o conceito de reconhecimento têm se transformado em questões dominantes da teoria política contemporânea. Como conceito, o reconhecimento significa que um indivíduo ou grupo social reivindica o direito a ter sua identidade reconhecida, de forma direta ou através da mediação de um conjunto de instituições. As teorias que tem problematizado estas questões abordam tanto temas teóricos importantes como questões políticas centrais do nosso tempo, como a definição de direitos das minorias, reivindicações de autodeterminação nacional ou os desafios colocados por nossas sociedades cada dia mais multiculturais. Dessa forma, o objetivo central do presente artigo é apresentar e discutir os argumentos centrais de Charles Taylor, Axel Honneth e Nancy Fraser que têm se transformando em essenciais para esta discussão, enfatizando o debate em torno da relação entre reconhecimento e redistribuição, e mais especificamente entre o problema da injustiça baseada na questão da identidade e o problema da injustiça econômica. Por último, tentaremos entender algumas das implicações teóricas e políticas do discurso da diferença e das teorias do reconhecimento dentro de uma perspectiva conceptual mais ampla.


2016 ◽  
Vol 31 (spe) ◽  
pp. 1071-1092
Author(s):  
Celi Regina Jardim Pinto

Resumo Este artigo tem como objetivo discutir as teorias do reconhecimento como instrumental para a análise das manifestações de rua ocorridas no Brasil em junho de 2013. Examina três autores: Nancy Fraser, Axel Honneth e Judith Butler, descrevendo os pontos centrais da teoria do reconhecimento de cada um deles, para assim apontar as possibilidades e os limites de sua aplicação no estudo em pauta. A hipótese que norteia o artigo é a seguinte: nas manifestações de rua de 2013, a ausência de sujeitos coletivos organizados caracterizou uma condição de dispersão e fragmentação, resultando em uma demanda por reconhecimento antipolítica e individualizada. Tendo em vista esse cenário, chegou-se à conclusão de que as teses de Judith Butler sobre reconhecimento foram as que se mostraram mais apropriadas à análise dos eventos.


2009 ◽  
Vol 1 (1) ◽  
pp. 209
Author(s):  
Nathalie De Almeida Bressiani

Axel Honneth recorre a uma teoria do reconhecimento, segundo a qual o desenvolvimento do capitalismo e das instituições sociais é o resultado de processos de comunicação nos quais conflitos sociais são determinantes. Nancy Fraser, por sua vez, desenvolve um modelo teórico dual, de acordo com o qual a desigualdade econômica tem parte de suas origens em mecanismos sistêmicos, cujo funcionamento seria relativamente independente de normas e conflitos sociais. Embora ambos vinculem os conflitos sociais a normas sociais, somente Honneth busca atrelar o próprio funcionamento da economia aos desenvolvimentos desses mesmos conflitos. Tendo isso em vista, este artigo tem como objetivo explicitar em Fraser e Honneth, a relação que se estabelece entre confl itos sociais e a economia, com vistas a entender neles a influência de normas sociais no processo de reprodução material da sociedade


2019 ◽  
Vol 2 (49) ◽  
pp. 193-205
Author(s):  
Facundo Nahuel Martín
Keyword(s):  

En este trabajo voy a intentar una crítica inmanente del “monismo moral” de Axel Honneth desde el punto de vista de la lectura categorial del capital reconstruida por Moishe Postone. Críticos de Honneth como Nancy Fraser han señalado que los mercados modernos no podrían reconstruirse exhaustivamente en términos morales. Recuperando la crítica inmanente de la sociedad capitalista de Postone, sostendré que puede reconstruirse el cómo los mercados capitalistas presuponen principios normativos, cuya realización no distorsionada obturan sistemáticamente. La lógica del capital, por lo tanto, permite construir un cuestionamiento de la neutralización sistemática de las pretensiones morales en el capitalismo y su dinámica social.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document