scholarly journals Conhecimentos sobre a doença de Chagas e seus vetores em habitantes de área endêmica do Rio Grande do Sul, Brasil

2020 ◽  
Vol 28 (3) ◽  
pp. 345-352
Author(s):  
Luciane d’Avila Rosenthal ◽  
Juliana Nunes Vieira ◽  
Marcos Marreiro Villela ◽  
Tanise Freitas Bianchi ◽  
Sabrina Jeske

Resumo Introdução A doença de Chagas (DC) é uma endemia relevante na América Latina, contudo poucas pesquisas são realizadas sobre os conhecimentos que a população possui sobre o tema. Objetivo Verificar o conhecimento que uma população de origem rural do sul do Rio Grande do Sul possui acerca da DC e seus vetores. Método O estudo foi realizado com a população atendida em um Hospital-Escola de Pelotas, a partir de questionário semiestruturado, no qual foi verificado se as pessoas conseguiam identificar os triatomíneos, se já encontraram “barbeiros” na residência, quais órgãos a DC acomete, entre outras questões. As associações entre as variáveis foram analisadas pelos testes do qui-quadrado e odds ratio (OR). Resultados Dos 132 participantes, 58,3% identificaram os vetores, e as variáveis que se mostraram significativas foram morar ou ter morado no município de Canguçu e possuir galinheiro ou chiqueiro no peridomicílio. Já as variáveis residir ou ter residido em casa de pau a pique/torrão/barro (p = 0,0038; OR = 3,18) e ser proveniente de Canguçu (p = 0,004; OR = 3,4) foram significativamente associadas ao ato de já ter encontrado vetores na residência. Sobre os órgãos que a DC acomete, somente 25 pessoas reportaram o coração (18,9%). Conclusão Esta investigação ressalta a necessidade de campanhas educativas, pois foi realizada em região com importantes índices de DC em estudos recentes.

2018 ◽  
Vol 36 (2) ◽  
pp. 123-131
Author(s):  
Patricia Gomes de Souza ◽  
Andrey Moreira Cardoso ◽  
Clemax Couto Sant’Anna ◽  
Maria de Fátima Bazhuni Pombo March

RESUMO Objetivo: Descrever o perfil clínico e o tratamento realizado nas crianças da etnia Guarani menores de cinco anos hospitalizadas por infecção respiratória aguda baixa (IRAB), residentes em aldeias nos estados do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul. Métodos: Das 234 crianças, 23 foram excluídas (dados incompletos), sendo analisadas 211. Os dados foram extraídos dos prontuários por meio de formulário. Com base no registro de sibilância e padrão radiológico, a IRAB foi classificada em: bacteriana, viral e viral-bacteriana. Foi utilizada regressão multinomial para análise bivariada. Resultados: A mediana de idade foi de 11 meses. Do total da amostra, os casos de IRAB foram assim distribuídos: viral (40,8%), bacteriana (35,1%) e viral-bacteriana (24,1%). Verificou-se que 53,1% das hospitalizações não possuíam evidências clínico-radiológico-laboratoriais que as justificassem. Na análise de regressão multinomial, ao comparar a IRAB bacteriana com a viral-bacteriana, a chance de ter tosse foi 3,1 vezes maior na primeira (intervalos de 95% de confiança - IC95% 1,11-8,70) e de ter tiragem 61,0% menor (Odds Ratio - OR 0,39, IC95% 0,16-0,92). Na comparação da IRAB viral com a viral-bacteriana, a chance de ser do sexo masculino foi 2,2 vezes maior na viral (IC95% 1,05-4,69) e de ter taquipneia, 58,0% menor (OR 0,42, IC95% 0,19-0,92) na mesma categoria. Conclusões: Identificou-se maior proporção de processos virais do que processos bacterianos, bem como a presença de infecção viral-bacteriana. A tosse foi um sintoma indicativo de infecção bacteriana, enquanto a tiragem e a taquipneia apontaram infecção viral-bacteriana. Parte da resolubilidade da IRAB não grave ocorreu em âmbito hospitalar; portanto, propõe-se que os serviços priorizem ações que visem à melhoria da assistência à saúde indígena na atenção primária.


2019 ◽  
Vol 35 (11) ◽  
Author(s):  
Danúbia Hillesheim ◽  
Karina Mary de Paiva ◽  
Cassiano Ricardo Rech ◽  
Júlio Celso Borello Vargas ◽  
Ingrid Luiza Neto ◽  
...  

Resumo: O objetivo deste estudo foi estimar a associação entre perda auditiva e mobilidade urbana ativa (a pé e/ou de bicicleta), segundo a percepção sobre o ambiente em adultos de três capitais brasileiras. Trata-se de um estudo transversal com 2.350 adultos (18-59 anos) residentes das cidades de Brasília (Distrito Federal), Florianópolis (Santa Catarina) e Porto Alegre (Rio Grande do Sul), avaliados pelo estudo multicêntrico Mobilidade Urbana Saudável (MUS), em 2017 e 2018. A variável de desfecho foi a mobilidade urbana ativa (≥ 10 minutos/semana), e a exposição principal foi a perda auditiva autorreferida. As análises foram estratificadas pela variável percepção do ambiente - percepção dos lugares para caminhar e andar de bicicleta (negativa; positiva). Utilizou-se a análise de regressão logística, estimando-se as odds ratio (OR) brutas e ajustadas, com intervalos de 95% de confiança (IC95%). A prevalência de perda auditiva autorreferida e de mobilidade urbana ativa foi de 17% (IC95%: 15,4; 18,4) e 55,4% (IC95%: 53,4; 57,4), respectivamente. Adultos com perda auditiva e que percebiam o ambiente de forma negativa para caminhar e andar de bicicleta possuíam 34% menos chance de realizar mobilidade urbana ativa ≥ 10 minutos/semana (OR = 0,66; IC95%: 0,45; 0,97). Conclui-se que houve associação entre perda auditiva e mobilidade urbana ativa dos adultos das três capitais brasileiras, segundo a percepção negativa sobre o ambiente. Pessoas com perda auditiva que percebem negativamente o bairro tendem a se deslocar menos por meios de transportes ativos.


Geosul ◽  
2019 ◽  
Vol 34 (70) ◽  
pp. 239-260
Author(s):  
Ricardo Borges da Cunha ◽  
Aldomar Arnoldo Rückert

A formação do Polo Naval Offshore de Rio Grande envolve um conjunto de processos, políticos econômicos e sociais. A elaboração de programas de expansão da frota de apoio às operações da Petrobras foi fundamental para o lançamento das políticas nacionais para o setor naval. Entretanto foi a descoberta do pré-sal que a indústria naval expandiu para diferentes regiões do país, como nos município de Rio Grande e São José do Norte. A instalação de 4 estaleiros, destinados a construção e manutenção de plataformas de petróleo  e navios de apoio naval, impactaram em todo estado do Rio Grande do Sul. A construção do maior dique-seco da América-latina consolidou a região no cenário nacional de produção naval. Entretanto alterações nas políticas do setor decretou a falência da construção naval na região, gerando a imediata redação na mão de obra e abandono das estruturas construídas.


2018 ◽  
Vol 48 (1) ◽  
pp. 122
Author(s):  
Renato Ferreira Machado

Em nosso artigo analisamos algumas aproximações entre teologia e música nativista gaúcha, tendo como enfoque a produção teológica na América Latina à época do florescimento do Movimento Nativista. Inicialmente, contextualizamos essa cena musical no ciclo das canções de protesto latino-americanas, ocorrido entre a década de 60 e a década de 80 do Século XX, buscando, ao mesmo tempo, caracterizar o específico do cancioneiro nativista do Rio Grande do Sul. Prosseguimos com os aportes teológicos predominantes na América Latina no contexto estudado e concluímos com a análise de uma canção produzida neste cenário musical.


2009 ◽  
Vol 61 (suppl 1) ◽  
pp. 93-102 ◽  
Author(s):  
M.F.V. Marvulo ◽  
F. Ferreira ◽  
R.A. Dias ◽  
M. Amaku ◽  
A.C.M. Groff ◽  
...  

Realizou-se um estudo para caracterizar a situação epidemiológica da brucelose bovina. O Estado foi dividido em sete regiões. Em cada região foram amostradas aleatoriamente cerca de 300 propriedades, e dentro dessas foi escolhido de forma aleatória um número pré-estabelecido de animais, dos quais foi obtida uma amostra de sangue. No total foram amostrados 16.072 animais, provenientes de 1.957 propriedades. Em cada propriedade amostrada foi aplicado um questionário epidemiológico para verificar o tipo de exploração e as práticas zootécnicas e sanitárias que poderiam estar associadas ao risco de infecção pela doença. O protocolo de testes utilizado foi o da triagem com o teste do antígeno acidificado tamponado e o reteste dos positivos com o teste do 2-mercaptoetanol. O rebanho foi considerado positivo se pelo menos um animal foi reagente às duas provas sorológicas. Para o Estado, as prevalências de focos e de animais infectados foram, respectivamente, 2,1% [1,5-2,6%] e 1,0% [0,60-1,4%]. Para os circuitos, a prevalência de focos e a de animais foram, respectivamente: circuito 1, 3,1% [1,4-5,7%] e 0,95% [0,0-2,0%]; circuito 2, 7,7% [4,9-11,3%] e 1,0% [0,40-1,7%]; circuito 3, 5,7% [3,4-8,8%] e 2,1% [0,41-3,8%]; circuito 4, 0,66% [0,08-2,4%] e 0,66% [0,0-1,8%]; circuito 5, 0,66% [0,08-2,4%] e 0,05% [0,0-0,13%]; circuito 6, 0,0% [0,0-1,3%] e 0,0% [0,0-0,25%]; circuito 7, 5,4% [2,5-10,1%] e 2,9% [0,49-5,3%]. Os fatores de risco (odds ratio, OR) associados à condição de foco foram: exploração de corte (OR= 4,27 [1,82-10,01]) e histórico de aborto (OR= 3,27, [1,71-6,25]).


2015 ◽  
Vol 4 (7) ◽  
pp. 257-267
Author(s):  
Debora Diniz ◽  
Helena Loewenstein ◽  
Paula C. Dentzien-Dias

O acervo do Laboratório de Geologia e Paleontologia (LGP) é formado, em sua maioria, por fósseis da Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS). Estudos vêm sendo desenvolvidos desde meados da década de 1990 sobre este acervo, a despeito dos quais muitos trabalhos ainda devem ser realizados. Para que esta coleção seja internacionalmente conhecida, um amplo trabalho de normatização tem sido desenvolvido a fim de identificar e catalogar os fósseis depositados neste laboratório. Estes fósseis foram distribuídos em 21 classes taxonômicas, cada representada por uma letra. Até o momento 5806 peças/lotes já foram devidamente identificadas e tombadas. Os táxons mais representativos são os invertebrados, principalmente Mollusca e Echinodermata. Outros táxons incluem Teleostei, Chondrichthyes, Toxodontidae, Litopterna, Gomphoteriidae, Artiodactyla, Perissodactyla, Xenarthra, Carnivora, Cetaceae, Testudinata, e Aves. O grande desafio desta coleção é a normatização dos dados, visto que nunca houve uma metodologia de coleta estabelecida. Dados como procedência e data de coleta estão faltando, bem como quem os coletou e identificou. Grande parte destes fósseis foi coletada nas praias do litoral central e sul do Rio Grande do sul. Os fósseis são catalogados, etiquetados e armazenados em condições que garantam a integridade dos espécimes e sua disponibilidade para pesquisadores e estudantes. Para a continuidade do processo de identificação, parcerias dentro da instituição e com grupos da América Latina são de grande importância. Esta coleção possui um grande potencial científico, pois muitos fósseis ainda carecem de estudos aprofundados.


Tecno-Lógica ◽  
2016 ◽  
Vol 20 (2) ◽  
pp. 111 ◽  
Author(s):  
Lourdes Teresinha Kist ◽  
Fernanda Raquel da Rosa ◽  
Ênio Leandro Machado ◽  
Jorge André Ribas Moraes

O gerenciamento impróprio dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) expõe significantes riscos a pacientes, aos trabalhadores da saúde, à comunidade e ao meio ambiente. Este estudo trata de um diagnóstico da RSS em um hospital localizado na mesorregião do centro oriental do estado do Rio Grande do Sul/Brasil. Foi aplicado um questionário para identificar o nível de conhecimento em relação às questões relacionadas ao manejo de resíduos. Os assuntos abordados no questionário tratavam da classificação dos resíduos, da quantificação, dos riscos para os indivíduos e o meio ambiente, dos tratamentos adequados, das formas de disposição final e das responsabilidades dos geradores. Quanto a quantificação, os resultados demonstraram uma média de 0,470 kg/leito/dia o que é uma estimativa próxima da realidade na América Latina. Em geral os funcionários possuem alguma informação sobre o manejo adequado de resíduos, mas deverão ser sensibilizados tanto para as questões dos resíduos gerados nas suas áreas de atuação quanto para o impacto destes no meio ambiente.


2015 ◽  
Vol 6 (1) ◽  
Author(s):  
Luciana Cordeiro de Souza

El Sistema Acuífero Guaraní (SAG) es una de las fuentes de aguas subterráneas más importantes de América Latina y abarca un área que comprende partes del territorio de cuatro países: Argentina, Brasil, Paraguay y Uruguay. Su mayor parte se halla en territorio brasileño, en ocho estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina y Rio Grande do Sul. En la cartografía del SAG en el estado de São Paulo se han identificado sus zonas de afloramiento y se han propuesto medidas técnicas y legales para su protección, debido a la interacción entre las aguas subterráneas y las aguas superficiales y sus áreas de recarga. Ello ha llevado a su declaración como áreas vulnerables. En Brasil, es el Estado quién legisla sobre las aguas subterráneas, y los municipios en el uso y manejo del suelo. Por lo tanto, el municipio de Araraquara, en el estado de São Paulo, fue innovador al legislar instituyendo la Zona de Protección del Acuífero Regional y estableciendo las directrices de uso y ocupación del suelo en parte del área de afloramiento en su territorio para protección del SAG. Esta iniciativa legal unió instrumentos del derecho ambiental con instrumentos del derecho urbanístico para promover la protección de la calidad de las aguas subterráneas. 


2013 ◽  
Vol 40 (3) ◽  
pp. 209 ◽  
Author(s):  
Andréia Cardoso Pacheco EVALDT ◽  
Soraia Girardi BAUERMANN ◽  
Paulo A. SOUZA

Apesar de sua área relativamente pequena no extremo oeste do Rio Grande do Sul, a Savana Estépica Parque constitui uma unidade singular na fitogeografia do Estado, com carência de investigação sobre sua história florística e vegetacional. Um perfil sedimentar (30º16’27.9”S e 57º26’33.6”W), com idade basal de 7.660 14C anos AP, foi realizado, com extração de 86 amostras, além de 15 amostras superficiais coletadas, provenientes desta formação vegetacional, no município de Barra do Quaraí, para análises palinológicas. Neste trabalho, são apresentadas descrições e ilustrações de 97 palinomorfos (10 fungos, quatro algas, dois briófitos, seis pteridófitos, uma gimnosperma, 73 angiospermas e um zooclasto) registrados na área de estudo, incluindo gêneros e espécies que caracterizam a vegetação Savana Estépica Parque, tais como Aspidosperma quebracho-blanco Schltdl., Parkinsonia aculeata L., Prosopis L., Tillandsia L. e Vachellia caven (Molina) Seigler & Ebinger, além da macrófita aquática Lemna L., cuja descrição é inédita para América Latina.


Author(s):  
Anayara Fantinel Pedroso ◽  
Antonio José Guimarães Brito

Os Charruas habitavam o Uruguai, Argentina e parte do território do Rio Grande do Sul, no Brasil antes da chegada dos colonizadores europeus, no século XVI. Durante muito tempo foram rotulados como bárbaros e demonizados, por resistir à cultura ocidental colonialista e eurocêntrica. Considerados uma ameaça, sofreram perseguições, principalmente no que diz respeito à formação dos Estados Nacionais, uruguaio e argentino. Entre 1701-1702 houve conflito na banda oriental onde 500 Charruas foram mortos. Tido como infiéis, em 1750 surgiram campanhas militares contra os indígenas, e no ano de 1831, os Charruas foram traídos e massacrados pelas tropas do General Rivera, onde a etnia Charrua foi dizimada, genocídio denominado Massacre de Salsipuedes.Devido às políticas anti-indigenistas instauradas, essa etnia foi dada como desaparecida. Acredita-se que houve uma resistência silenciosa por parte dos indígenas enquanto as condições políticas e sociais não os favoreciam. No Brasil, em 1970 houve o ressurgimento dos direitos indígenas e um fortalecimento das articulações, visando principalmente a questão da demarcação dos territórios, as retomadas, que ganhou força internacionalmente. Examina-se questões como a Identidade, Direito e Resistência dos Charruas na América Latina através de pesquisas bibliográficas, documentais e ida a campo na aldeia Polidoro, localizada em Porto Alegre e Tacuarembó-UY. 


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