scholarly journals Infecção natural de pequenos mamíferos por Schistosoma mansoni, na represa de Americana (São Paulo, Brasil)

1978 ◽  
Vol 12 (2) ◽  
pp. 200-208 ◽  
Author(s):  
Urara Kawazoe ◽  
Luiz Candido de Souza Dias ◽  
José de Toledo Piza

No período de janeiro de 1972 a agosto de 1975, nas margens da Represa de Americana (= Represa de Salto Grande), Brasil, em locais onde foi constatada a infecção por Schistosoma mansoni no homem e em Biomphalaria tenagophila, foram capturados 124 pequenos mamíferos: 44 exemplares de Cavia aperea aperea; 9 de Didelphis albiventris; 7 de Holochilus brasiliensis leucogaster; 39 de Lutreolina crassicaudata; 3 de Mus musculus brevirostris; 14 de Oryzomys nigripes eliurus; 1 de Oryzomys subflavus; 4 de Rattus rattus e 3 de Zygodontomys brachyurus. Verificou-se a infecção natural por S. mansoni em 2 exemplares de D. albiventris, em 3 de H. b. leucogaster e em 5 de L. crassicaudata. Estudou-se nestes animais a presença de elementos esquistossomóticos nas fezes e no intestino, bem como a distribuição e sexo de vermes adultos no sistema porta. Nas fezes de L. crassicuadata e de D. albiventris raramente foram observados ovos maduros do trematódeo. Em H. b. leucogaster era comum a presença destes elementos nas fezes. Devido a pequena abundância de H. b. leucogaster na área estudada, é provável que este roedor pouco contribua na disseminação de ovos de S. mansoni. Parece que a fauna de pequenos mamíferos estudada nesta região não desempenha papel relevante na manutenção do ciclo de S. mansoni.

2012 ◽  
Vol 12 (1) ◽  
pp. 261-266 ◽  
Author(s):  
Fernando Marques Quintela ◽  
Maurício Beux Santos ◽  
Alexandre Uarth Christoff ◽  
Adriana Gava

As matas de restinga representam formações vegetais originais na Planície Costeira do estado do Rio Grande do Sul. O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição de espécies de pequenos mamíferos não-voadores em dois fragmentos de matas de restinga (mata palustre e mata arenosa ciliar) no município de Rio Grande, região sul da Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Um total de 234 indivíduos pertencentes a três espécies de marsupiais (Didelphidae: Cryptonanus guahybae, Didelphis albiventris, Lutreolina crassicaudata) e oito espécies de roedores (Cricetidae: Deltamys kempi, Holochilus brasiliensis, Oligoryzomys flavescens, O. nigripes, Oxymycterus nasutus, Scapteromys tumidus; Muridae: Mus musculus, Rattus rattus) foi capturado. As espécies C. guahybae, D. albiventris, D. kempi, H. brasiliensis, O. nigripes, S. tumidus e M. musculus foram registradas no fragmento de mata palustre, enquanto que C. guahybae, D. albiventris, Lutreolina crassicaudata, D. kempi, O. flavescens, O. nigripes, S. tumidus e R. rattus ocorreram no fragmento de mata arenosa ciliar. Oligoryzomys nigripes e S. tumidus foram as espécies mais abundantes no fragmento de mata palustre, representando respectivamente 40,4 e 22,1% do total de indivíduos capturados. No fragmento de mata arenosa ciliar, as espécies mais abundantes foram O. nigripes e D. albiventris, representando respectivamente 63,4 e 12,4% do total de indivíduos capturados. Indivíduos de C. guahybae e O. nigripes foram capturados em estrato arbóreo (alturas entre 0,50 e 1,65 m) enquanto que todos os indivíduos das demais espécies foram capturados no solo.


1986 ◽  
Vol 28 (5) ◽  
pp. 287-292 ◽  
Author(s):  
Cecília Pereira de Souza

Caramujos do gênero Biomphalaria das espécies B. tenagophila e B. straminea, descendentes de exemplares coletados em oito municípios mineiros, foram infectados com Schistosoma, mansoni das cepas LE e SJ. As taxas de infecção experimenta] variaram de 0 a 28% para B. tenagophila e de 0 a 21% para B. straminea. Esses resultados foram confrontados com os obtidos anteriormente por vários autores, mostrando que mais de 70% dentre 32 populações (doze de B. tenagophila e vinte de B. straminea) de Minas Gerais, foram suscetíveis experimentalmente a S. mansoni. Os dados experimentais, aliados a relatos de encontro de B. tenagophila e B. straminea com infecção natural por S. mansoni em quatro localidades a partir de 1982, parecem indicar que nessas regiões existem condições favoráveis de pré-adaptação ao parasitismo, a exemplo do que ocorreu no nordeste brasileiro e em São Paulo, pois, anteriormente moluscos dessas espécies não foram encontrados com infecção natural pelo trematúdeo em Minas Gerais. Estes dados são importantes para o controle da disseminação da esquistossomose em áreas indenes, tendo em vista a vasta distribuição das duas espécies no Brasil.


2021 ◽  
Vol 26 (2) ◽  
pp. 427-437
Author(s):  
Rafael Quirino Moreira ◽  
Vanessa Do Nascimento Ramos ◽  
Adriane Suzin ◽  
Diego Garcia Ramirez ◽  
Paulo Ricardo De Oliveira Roth ◽  
...  

We evaluated the role of communities of small mammals from three distinct areas in a region of Cerrado mixed with Atlantic Forest remains for maintenance of tick fauna. Thirty-nine marsupials (Gracilinanus agilis, n = 34; Marmosa paraguaiana, n = 4; Didelphis albiventris, n = 1) and 33 rodents (Oecomys cleberi, n = 10; Nectomys squamipes, n = 4; Calomys tener, n = 4; Hylaeamys megacephalus, n = 4; Akodon sp., n = 3; Rattus rattus, n = 3; Cerradomys subflavus, n = 2; Mus musculus, n = 2; Rhipidomys macrurus, n = 1) were captured. Solely G. agilis and the four rodent species (N. squamipes, R. macrurus, C. subflavus and Akodon sp.) were infested. Four tick species were collected (Amblyomma dubitatum, Amblyomma sculptum, Ixodes loricatus and Ornithodoros mimon). A. dubitatum was the most abundant tick species on hosts. Capture success was higher in the dry season, but the infestation was similar in both seasons. Forested habitats, particularly riparian forests, resulted in higher number of hosts and ticks collected (from hosts and from vegetation), compared to pastures and anthropized sites. The association between C. subflavus and I. loricatus and between A. dubitatum and N. squamipes observed here is the first recorded in Cerrado biome. Areas with more patches of forest, including the Atlantic Forest fragments, tend to present a richest community of small mammals and associated ticks.


1973 ◽  
Vol 7 (3) ◽  
pp. 295-297 ◽  
Author(s):  
Luiz A. Magalhães ◽  
Luiz Candido de Souza Dias

Foi estudada a suscetibilidade da Biomphalaria glabrata de um foco de Schistosoma mansoni no município de Ourinhos, (SP, Brasil). Concluiu-se pela alta capacidade desses moluscos à infecção pelas cepas de S. mansoni de Belo Horizonte, Minas Gerais e de São José dos Campos, São Paulo.


1982 ◽  
Vol 16 (5) ◽  
pp. 292-298 ◽  
Author(s):  
Othon de Carvalho Bastos ◽  
Argélia Maria Andrade Silva ◽  
Eliane Pires de Souza ◽  
Raimundo Carlos Lemos Neto ◽  
Aquiles Eugenico Piedrabuena

Foram isoladas na região da Baixada Maranhense (Brasil), linhagens humana (H) e silvestre(S) de Schistosoma mansoni a partir de miracídios eclodidos de ovos encontrados em fezes de doentes humanos autóctones da Região e de fígados de roedores silvestres naturalmente infectados. Biomphalaria glabrata, descentes de caramujos coletados no campo, foram expostos, isoladamente, aos miracídios H e S, mantidos isolados em moluscário e observados durante 100 dias. Moluscos normais foram mantidos nas mesmas condições de ambiente em que foram submetidos os infectados e tomados como controle da experiência. Foram anotados os indices de infecção dos moluscos, as datas da eliminação de cercárias, quantidade de larvas eliminadas e mortalidade dos moluscos. Os dados sugeriram melhor adaptação do esquistossomo da linhagem H à B. glabrata. A linhagem S, por sua vez, foi três vezes mais virulenta do que a linhagem H. Estes dados foram comparados com os encontrados na literatura especializada e verificado diversidades nos comportamentos parasitológicos das linhagens em estudo, quando comparados com os encontrados nas linhagens H e S oriundas do Vale do Rio Paraíba do Sul, no Estado de São Paulo (Brasil).


2008 ◽  
Vol 24 (2) ◽  
pp. 373-379 ◽  
Author(s):  
Cybele Gargioni ◽  
Rita Maria da Silva ◽  
Célia Maria Thomé ◽  
Celma Maria da Silva Quadros ◽  
Hermínia Yohko Kanamura

O presente estudo teve como objetivo avaliar a incorporação da reação de imunofluorescência indireta para pesquisa de anticorpos IgM (RIF-IgM) como método diagnóstico no programa de controle da esquistossomose do Município de Holambra, Estado de São Paulo, Brasil. O município foi selecionado para este estudo considerando-se a notificação dos primeiros casos de esquistossomose a partir de 1993 e a necessidade do município de implementar o programa com técnicas diagnósticas mais sensíveis, tendo em vista ser caracteristicamente área de baixa endemicidade. Duzentos e dois indivíduos foram submetidos à RIF-IgM, dos quais 48 apresentaram-se positivos, sendo 28 destes submetidos à técnica de Kato-Katz, examinando-se três amostras de fezes. Ovos de Schistosoma mansoni foram encontrados em 14, com carga parasitária variando de 2,7 a 224,0 ovos por grama de fezes. Os resultados indicam a potencialidade da RIF-IgM como método de triagem, para posterior confirmação exaustiva por método parasitológico, em áreas de baixa endemicidade.


1983 ◽  
Vol 17 (5) ◽  
pp. 345-366 ◽  
Author(s):  
Urara Kawazoe ◽  
Antonio Carlos Mattos Pinto
Keyword(s):  

Com o intuito de averiguar a importância de alguns roedores como possíveis reservatórios do S. mansoni, na ausência do homem parasitado, foi realizada pesquisa, visando contribuir para o esclarecimento de aspectos ligados à cadeia epidemiológica da esquistossomose, bem como conhecer alguns parâmetros da biologia de certos roedores, em seu habitat semi-natural. O experimento foi realizado num viveiro de 952 m², no município de Taubaté, São Paulo (Brasil), numa área endêmica de esquistossomose mansônica humana, e teve a duração de três anos e seis meses (agosto de 1973 a dezembro de 1976). Foram utilizados como hospedeiros definitivos, Holochilus brasiliensis leucogaster, Zygodontomys lasiurus, Oryzomys nigripes eliurus e Cavia aperea aperea; como hospeideiro intermediário, Biomphalaria tenagophila e posteriormente B. glabrata. Entre agosto de 1973 e janeiro de 1976, não houve encontro de B. tenagophila eliminando cercárias de S. mansoni; não se verificou, também, infecção natural de roedores. Em agosto de 1975, houve introdução acidental de desovas da B. glabrata, cujos adultos, em 1976, apresentaram infecção por S. mansoni em três ocasiões, com índices de 2,0; 1,6 e 0,8%. No mesmo ano de 1976, dois Holochilus, nascidos no Viveiro, eliminaram ovos viáveis de S. mansoni. Foi possível obter dados de 41 H. b. leucogaster, 28 introduzidos e 14 nascidos no local. O exemplar que sobreviveu mais tempo completou 346 dias. Os animais nascidos no Viveiro e capturados pela primeira vez pesavam, em média, 20 a 50 g. Notou-se que o peso corporal aumentou com o tempo e parece não estacionar até a morte do animal. Z. lasiurus e C. a aperea não procriaram e nem adquiriram infecção ao S. mansoni. O. n. eliurus, procriou e permaneceu vivo, em média, menos de 100 dias; não foi observada eliminação de ovos do parasita. É pouco provável que H. b. leucogaster e B. tenagophila mantenham o ciclo da esquistossomose na ausência da contaminação humana, na natureza. Porém, é possível que, futuramente, H. b. leucogaster na presença de B. glabrata, possa servir de reservatório da esquistossomose, na natureza, quando encontrados em abundância e desde que adaptados com cepas adequadas do parasita.


1971 ◽  
Vol 5 (2) ◽  
pp. 263-272 ◽  
Author(s):  
Alberto da Silva Ramos ◽  
José de Toledo Piza

Foi demonstrado que a esquistossomose está em fase de expansão no Estado de São Paulo, o que vem sendo comprovado através da descoberta de novos focos ativos em municípios onde já havia sido assinalada; da verificação de seu recrudescimento a cada ano pelo registro de novos casos autóctones e, ainda pela observação de focos ativos no início de sua instalação, isto é, captura de planorbídeos naturalmente infectados pelas cercárias do Schistosoma mansoni em localidades onde até o momento não se constatou qualquer caso autóctone da endemia. Foram apresentados informes sobre a incidência da helmintose no Estado de São Paulo: casos autóctones registrados de 1951 até 31 de julho de 1970 - 4.499 distribuídos em 30 municípios; casos importados de outras Unidades da Federação, no período de 1958 a agôsto de 1970, o número registrado é de 7.859. Referem-se também aos trabalhos que vêm sendo executados pela Campanha de Combate à Esquistossomose, destacando-se a política sanitária adotada em relação à parasitose. Informa-se ainda sobre os trabalhos de saneamento ambiental, e o que tem sido realizado em relação ao tratamento dos portadores da infecção. No período de 1969 até julho do corrente ano, foi tratada por moluscicidas uma área de 293.247 m². Quanto aos doentes foram tratados 4.276, pelo Etrenol (Hycanthone).


2014 ◽  
Vol 17 (2) ◽  
pp. 531-542 ◽  
Author(s):  
Horacio Manuel Santana Teles ◽  
Cláudio Santos Ferreira ◽  
Maria Esther de Carvalho

The purpose of our study in the municipality of Bananal, state of São Paulo, Brazil, was to stop the transmission of schistosomiasis mansoni. Particular emphasis was given to such items as the active surveillance and eventual treatment of hosts, mapping parasite foci, and increasing the extent of basic sanitation in the municipality. Now, our records indicate that the eradication of schistosomiasis in the municipality of Bananal is attainable. However, as the vector Biomphalaria tenagophila can still be found in some water bodies within this municipality, it remains included in the area where schistosomiasis is endemic, which calls for very strict measures to avoid the human cases of schistososomiasis. The expansion of the coverage of the basic sanitation network and treatment of Schistosoma mansoni cases diagnosed during periodic surveys are part of the plans to eradicate schistosomiasis in Bananal.


1969 ◽  
Vol 3 (1) ◽  
pp. 59-65 ◽  
Author(s):  
Alberto da Silva Ramos ◽  
José de Toledo Piza ◽  
Geraldo Henriques Pinto ◽  
Taminato Tion ◽  
Gilda Corrêa Fleury ◽  
...  

São apresentados os resultados das investigações sobre os focos de esquistossomose nas localidades de Pedro de Toledo e Itariri, com referência especial aos índices de infecção natural obtidos para a espécie Biomphalaria tenagophila. Êste molusco, transmissor de esquistossomose no Vale do Ribeira já foi assinalado nos seguintes municípios daquela região: Eldorado, Iguape, Itariri, Jacupiranga, Juquiá, Miracatu, Pariqueraçu, Pedro de Toledo, Registro e Sete Barras. Os índices cercáricos de 68,1%, 75,0% e 81,3% obtidos em alguns lotes de B. tenagophila, os mais altos já verificados para esta espécie, vem mais uma vez comprovar sua grande suscetibilidade à infecção pelo Schistosoma mansoni.


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