DA ESCURIDÃO À CEGUEIRA DA LUZ: ENSAIOS SOBRE A CEGUEIRA EM ANDRÉ CARNEIRO E JOSÉ SARAMAGO
Em 1963, o escritor brasileiro André Carneiro publica seu conto A escuridão, que traz a história de um fenômeno que desafia a ciência: toda fonte de luz, natural ou artificial, não ilumina mais. Sol, fósforos, lanternas se mostram inúteis; assim recai sobre a terra uma escuridão sem precedentes. Mais de trinta anos depois, o escritor português José Saramago lança seu Ensaio sobre a cegueira, romance que traz o drama de um mundo repentinamente afligido por uma epidemia referenciada como “cegueira branca”. Sobre estes semelhantes motes, os autores contemporâneos abrem seus universos ficcionais refletindo sobre a condição humana e como a sua natureza é revelada ao ruir das convenções político-sociais. O presente artigo tem como objetivo analisar os pontos de convergência e divergência entre as obras A escuridão e Ensaio sobre a cegueira, a partir da perspectiva da obra Dialética do esclarecimento (1944) de Adorno e Horkheimer, bem como das discussões acerca da Ficção Científica apresentadas pela crítica literária Elizabeth Ginway. Serão consultadas também os apontamentos do sociólogo Zygmunt Bauman (2003). Palavras-chave: André Carneiro. José Saramago. Cegueira. Dialética do esclarecimento.