scholarly journals Ação entre amigos: relações entre banqueiros do bicho e milícias nas disputas político-econômicas da contravenção

Author(s):  
Rômulo Bulgarelli Labronici
Keyword(s):  

O mercado de jogos de apostas ilegais no Rio de Janeiro possui diversas formas de ser abordado. Neste trabalho, busca-se compreender e analisar a relação entre dois grupos distintos, porém complementares, denominados de banqueiros do jogo do bicho e milicianos que administram com mãos de ferro o monopólio desse mercado.  Disputas por esse controle envolve a produção de alianças voláteis que se consolidam e se desfazem à medida que os interesses político-econômicos se voltam para a dominação territorial de partes da cidade. Respeitando estruturas hierárquicas e disciplinares, o mercado adquiriu formas empresariais de manter-se lucrativo a partir de valores comuns entre tais os grupos. Além disso, as relações de parentesco e afinidade explicitam o modo com o qual os controles do jogo encontram-se circunscritos entre pequenos grupos inserindo a prática do apadrinhamento como peça inerente a estrutura macropolítica desse mercado.

Author(s):  
Laeticia Jensen Eble
Keyword(s):  
Hip Hop ◽  

Em um texto intitulado O herói anti-herói e o anti-herói anônimo, que escreveu em 1968, Hélio Oiticica justifica a criação de uma série dos bólides-caixa, que produziu entre 1965 e 1966, inspirado pela famosa história de perseguição ao bandido Cara de Cavalo. Entre outras atividades, Cara de Cavalo gerenciava o jogo do bicho no Rio de Janeiro. Em uma emboscada da polícia, em meio a um tiroteio, conseguiu escapar, mas matou o detetive Le Cocq, que integrava o Esquadrão da Morte. Após esseevento, toda a polícia e a imprensa do Rio de Janeiro mobilizaram-se em perseguição a Cara de Cavalo, que virou inimigo no 1 da cidade. Após cerca de um mês, e depois de inocentes terem sido mortos ao serem confundidos com o bandido, Cara de Cavalo foi encontrado em 3 de outubro de 1964, e morto com mais de 120 tiros.


2007 ◽  
Vol 21 (61) ◽  
pp. 139-157 ◽  
Author(s):  
Michel Misse
Keyword(s):  

Ao tratar da variedade de situações criminais que caem sob a qualificação de "Crime Organizado", este artigo apresenta a evolução das principais redes de mercados ilegais no Rio de Janeiro - o jogo do bicho, o tráfico de drogas, as "mercadorias políticas" -, para argumentar que a compra e venda de mercadorias políticas (extorsões e corrupção, venda de proteção, acesso a informações sobre operações policiais etc.) constitui uma das principais chaves para a compreensão da acumulação social da violência no Rio de Janeiro.


2007 ◽  
Vol 39 (3) ◽  
pp. 535-565 ◽  
Author(s):  
AMY CHAZKEL

AbstractAt the beginning of Brazil's First Republic (1889–1930), the clandestine lottery called the jogo do bicho or ‘animal game’, which still exists today, gained enormous popularity in Rio de Janeiro, the city of its origin, and soon in the whole of Brazil. Reconstructing the spread and persecution of the jogo do bicho during its first decades reveals the social process of urbanisation evident in the daily, often informal and quasi-legal, interactions between the state and popular commerce in Latin America. The ambivalent official stance and public sentiment that developed toward this lottery suggest that ‘law and order’ concerns in themselves do not explain the criminalisation of vernacular practices.


2015 ◽  
Vol 41 (1) ◽  
pp. 164
Author(s):  
Erica Sarmiento ◽  
Lená Medeiros de Menezes
Keyword(s):  

A imigração ibérica no Rio de Janeiro do período da Grande Imigração (1880-1930) ocupou lugar de destaque nas principais freguesias da cidade. Nos espaços populares e nas tensões cotidianas que faziam parte do cenário urbano, os espanhóis criaram assentamentos étnicos e concentraram-se em determinados ofícios e profissões, formando redes de solidariedade. Sua participação em atividades consideradas ilícitas, de caráter eminentemente popular, como o jogo do bicho, demonstra o entrosamento desses grupos com a sociedade carioca e a sua inserção e adaptação no cotidiano da cidade. Através de fontes históricas como os processos policiais e os processos de expulsão, esse estudo busca reconstruir algumas histórias de encontros e conflitos, apoio e repulsão, que envolveram os imigrantes ibéricos


2011 ◽  
Vol 19 (40) ◽  
pp. 13-25 ◽  
Author(s):  
Michel Misse
Keyword(s):  

O artigo trata das relações entre "crime organizado" e "crime comum" no Rio de Janeiro. Seu objetivo é definir as condições para responder a questões como quanto o crime organizado explica as lógicas do crime comum ou se estamos subestimando ou superestimando essa relação entre um e outro. A análise foca três atividades criminais violentas organizadas: (i) o "jogo do bicho"; (ii) os "comandos" que controlam e disputam territórios de venda a varejo de drogas e outras mercadorias ilícitas; (iii) as "milícias", que disputam com os "comandos" o controle desses territórios, com vistas a impor a venda de proteção aos seus moradores. Concluímos defendendo que o modelo das milícias, como também ocorreu com o jogo do bicho e com o tráfico de drogas, todos surgidos no Rio de Janeiro, vem sendo adotado em cidades de outros estados brasileiros, nacionalizando formas de organizações criminosas que têm no recurso à violência uma de suas principais características. A dinâmica de funcionamento dessas organizações depende, primordialmente, de sua constituição como mercados ilegais, em que cada mercadoria explorada - jogo, drogas, armas e proteção - possuem diferentes propriedades como capital. A dinâmica social, a atuação e a violência associados a cada uma dessas atividades, por sua vez, estão ligados a essas propriedades.


2019 ◽  
Vol 3 (5) ◽  
pp. 45
Author(s):  
Leonardo Sena do Carmo ◽  
Dhiego Antonio de Medeiros
Keyword(s):  

Surgido no final do século XIX no Parque Jardim Zoológico no Rio de Janeiro, o Jogo do Bicho ficou marcado como uma atividade de alta rentabilidade financeira e por não atender as exigências estabelecidas pela lei. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é compreender como a norma se tornou um elemento fundamental no que concerne a organização do Jogo do Bicho. Visando uma análise geográfica sobre o objeto proposto, faz-se necessário chamar atenção às contribuições de Santos (1996; [1996] 2014) e Antas Jr. (2005) sobre conteúdos normativos e território usado. Já, com relação aos trabalhos que se referem ao Jogo do Bicho, verificou-se as proposituras de Costa ([1938] 2003), Soares (1993), Santos (1995), DaMatta e Soárez (1999), Torcato (2011) e Chazkel (2014). Destarte, com a realização da pesquisa, foi possível trazer à luz o conjunto de normas referentes à política de regulamentação do Jogo do Bicho visando a sua extinção no país, haja vista a significativa redução da renda das loterias da União pela concorrência com a atividade em destaque. Nesse contexto, a norma assume um papel central, sendo carregada de um pluralismo jurídico no desenvolvimento do Jogo do Bicho.


2018 ◽  
Vol 19 (39) ◽  
pp. 95-121 ◽  
Author(s):  
Luciana Penna-Franca
Keyword(s):  

RESUMO Entre 1861 e 1930, 196 associações dramáticas amadoras intituladas sociedades, grêmios, clubes ou grupos atuavam no Rio de Janeiro. Este artigo pretende analisá-las como formas associativas de expressão que lutavam por algum tipo de reconhecimento, maior instrução, melhorias urbanas, sociais ou trabalhistas ou exercitavam práticas de diversão na construção e na afirmação de sua cidadania no cotidiano da capital. Espalhadas por toda a cidade, reuniam operários, funcionários públicos, militares, advogados, banqueiros do jogo do bicho; indivíduos pertencentes a diferentes grupos sociais e com os mais diversos objetivos, mas com uma prática comum: fazer e assistir teatro.


2018 ◽  
Vol 44 (1) ◽  
pp. 200
Author(s):  
Silvia Cristina Martins De Souza
Keyword(s):  

De acordo com o historiador Robert Darnton, em sociedades do passado com baixo índice de letramento, as poesias criaram redes de comunicação que funcionavam como crônicas do cotidiano. Partindo deste pressuposto, neste artigo são analisadas as poesias de dois monólogos interpretados e publicados no Rio de Janeiro entre 1892 e 1894, cujo tema é o jogo do bicho. Nosso objetivo é compreender de que forma seus autores delas se utilizaram para inserirem-se num debate mais amplo de crítica ao processo de modernização pelo qual passou o Rio de Janeiro em fins do século XIX, no qual se assistiu à criminalização de certas práticas populares, dentre elas a do jogo do bicho.


2018 ◽  
Vol 11 (3) ◽  
pp. 317-328 ◽  
Author(s):  
Verônica C. Araujo ◽  
Christina M. B. Lima ◽  
Eduarda N. B. Barbosa ◽  
Flávia P. Furtado ◽  
Helenice Charchat-Fichman

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