Literatura marginal/periférica e hip-hop: um olhar sobre a voz poética de Zinho Trindade

Author(s):  
Laeticia Jensen Eble
Keyword(s):  
Hip Hop ◽  

Em um texto intitulado O herói anti-herói e o anti-herói anônimo, que escreveu em 1968, Hélio Oiticica justifica a criação de uma série dos bólides-caixa, que produziu entre 1965 e 1966, inspirado pela famosa história de perseguição ao bandido Cara de Cavalo. Entre outras atividades, Cara de Cavalo gerenciava o jogo do bicho no Rio de Janeiro. Em uma emboscada da polícia, em meio a um tiroteio, conseguiu escapar, mas matou o detetive Le Cocq, que integrava o Esquadrão da Morte. Após esseevento, toda a polícia e a imprensa do Rio de Janeiro mobilizaram-se em perseguição a Cara de Cavalo, que virou inimigo no 1 da cidade. Após cerca de um mês, e depois de inocentes terem sido mortos ao serem confundidos com o bandido, Cara de Cavalo foi encontrado em 3 de outubro de 1964, e morto com mais de 120 tiros.

2007 ◽  
Vol 21 (61) ◽  
pp. 139-157 ◽  
Author(s):  
Michel Misse
Keyword(s):  

Ao tratar da variedade de situações criminais que caem sob a qualificação de "Crime Organizado", este artigo apresenta a evolução das principais redes de mercados ilegais no Rio de Janeiro - o jogo do bicho, o tráfico de drogas, as "mercadorias políticas" -, para argumentar que a compra e venda de mercadorias políticas (extorsões e corrupção, venda de proteção, acesso a informações sobre operações policiais etc.) constitui uma das principais chaves para a compreensão da acumulação social da violência no Rio de Janeiro.


2019 ◽  
Vol 7 (14) ◽  
pp. 199-219
Author(s):  
Gabriel Gutierrez Mendes ◽  
Gabriel Chavarry Neiva
Keyword(s):  
Hip Hop ◽  

O propósito do artigo é mobilizar o conceito de “quinto elemento” da cultura Hip Hop, entendido como arma em potencial contra confinamentos cognitivos e relevante gatilho estético de resistência no ambiente urbano, para investigar a intervenção das Rodas de Rap do Circuito Carioca de Ritmo e Poesia (CCRP) na cidade do Rio de Janeiro. O artigo atesta a dimensão comunitária do rap nas Rodas, definindo-a como resultado da “criatividade social” das "neotribos" que giram no entorno do Hip Hop carioca. Inspirado pela noção de “quinto elemento”, o rap é se apresenta como uma linguagem capaz de produzir um élan comunitário na vida da cidade, a partir de sua música. Assim como em sua origem em NY, quando jovens do sul do Bronx redefiniram suas identidades culturais num espaço urbano violento e empobrecido, o rap, através das Rodas no Rio de Janeiro, segue emergindo com energia e vitalidade para intervir na dinâmica da cidade.


Matrizes ◽  
2020 ◽  
Vol 14 (2) ◽  
pp. 163-179
Author(s):  
Cíntia Sanmartin Fernandes ◽  
Micaeal Herschmann
Keyword(s):  
Hip Hop ◽  

Nesse artigo busca-se repensar a vitalidade e capacidade movente das músicas e sons rimados na cena do slam e do hip hop feminino, que potencializam estética e politicamente experiências artivistas na cidade do Rio de Janeiro, elaborando territorialidades e dissensos significativos. Parte-se do pressuposto de que esses atores vêm descontruindo os discursos e as práticas associadas aos gêneros, os quais são naturalizados no cotidiano, especialmente o de mulheres pobres e negras do país. Assim, analisa-se a atuação dessas redes que se engajam no “mundo da rima feminina carioca” – que participam das Batalha das Musas e do Slam das Minas –, os quais vêm não só construindo heterotopias potentes, mas também reinserindo várias temáticas na pauta do dia, tais como: cidadania, gênero, pós-gênero, racismo, machismo, heteronormatividade e violência.


Author(s):  
Rômulo Bulgarelli Labronici
Keyword(s):  

O mercado de jogos de apostas ilegais no Rio de Janeiro possui diversas formas de ser abordado. Neste trabalho, busca-se compreender e analisar a relação entre dois grupos distintos, porém complementares, denominados de banqueiros do jogo do bicho e milicianos que administram com mãos de ferro o monopólio desse mercado.  Disputas por esse controle envolve a produção de alianças voláteis que se consolidam e se desfazem à medida que os interesses político-econômicos se voltam para a dominação territorial de partes da cidade. Respeitando estruturas hierárquicas e disciplinares, o mercado adquiriu formas empresariais de manter-se lucrativo a partir de valores comuns entre tais os grupos. Além disso, as relações de parentesco e afinidade explicitam o modo com o qual os controles do jogo encontram-se circunscritos entre pequenos grupos inserindo a prática do apadrinhamento como peça inerente a estrutura macropolítica desse mercado.


2007 ◽  
Vol 39 (3) ◽  
pp. 535-565 ◽  
Author(s):  
AMY CHAZKEL

AbstractAt the beginning of Brazil's First Republic (1889–1930), the clandestine lottery called the jogo do bicho or ‘animal game’, which still exists today, gained enormous popularity in Rio de Janeiro, the city of its origin, and soon in the whole of Brazil. Reconstructing the spread and persecution of the jogo do bicho during its first decades reveals the social process of urbanisation evident in the daily, often informal and quasi-legal, interactions between the state and popular commerce in Latin America. The ambivalent official stance and public sentiment that developed toward this lottery suggest that ‘law and order’ concerns in themselves do not explain the criminalisation of vernacular practices.


2019 ◽  
Vol 9 (4) ◽  
pp. 695
Author(s):  
Valentina Carranza Weihmüller ◽  
Andréa Costa da Silva ◽  
Vera Helena Ferraz de Siqueira
Keyword(s):  
Hip Hop ◽  

Neste artigo analisamos a construção de autoria e processos de subjetivação por um coletivo de hip hop que organiza rodas culturais, no complexo de favelas de Manguinhos, Rio de Janeiro. As rodas culturais são iniciativas de caráter público, ligadas ao movimento hip hop e de recente surgimento na cena carioca. Com esse cenário, buscamos entender tais eventos e textos, em sua modalidade ao vivo, bem como nas mídias digitais. Compreendemos as rodas como instâncias culturais geradoras de processos de subjetivação e posições de sujeito, em suas dimensões: política, pedagógica, identitária e simbólica. Com base nos estudos culturais em sua vertente pós-estruturalista, assumimos as rimas, os eventos e as performances presentes nas rodas como artefatos discursivos, os quais nos fazem acreditar que na construção de autoria os/as jovens manifestam relevante agência na esfera cultural (urbana e digital), que é ao mesmo tempo pedagógica e política. Ao vislumbrarmos aspectos da construção de autoria, observamos os mecanismos de apropriação e criação de posições de sujeito que operam na produção e circulação de subjetivações, evidenciando como os/as jovens metaforizam e ironizam, a fim de denunciar e refletir sobre as violências e opressões diretas sobre a vida e os corpos, bem como sobre as objetivações normalizandoras e inferiorizantes que atuam nas formas de pensar, relacionar-se, e construir suas identidades. Palavras-chave: Autoria. Subjetivação. Juventudes. Hip hop.


Author(s):  
Micael Herschmann ◽  
Cíntia Sanmartin Fernandes
Keyword(s):  
Hip Hop ◽  

Resumo Tomando como referência observações de campo e matérias jornalísticas veiculadas na cena midiática, bem como a bibliografia especializada, busca-se neste artigo construir uma cartografia das controvérsias e realizar um breve balanço dos processos de glamourização e coibição (e até de criminalização) que vêm sendo associados às manifestações da música negra — tais como o samba, funk, jongo e hip hop — , as quais vêm ocupando tradicionalmente os espaços públicos da cidade do Rio de Janeiro na forma de pequenos eventos. Parte-se do pressuposto de que tem sido especialmente nas rodas dessa metrópole (que gravitam em torno dos gêneros musicais mencionados acima), que os atores de diferentes segmentos sociais vêm conseguindo promover historicamente um conjunto de práticas culturais que geram não só resiliência, mas também polinização, as quais têm permitido construir territorialidades que vêm ressignificando o imaginário e, de modo geral, o cotidiano dessa urbe.


2008 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 105
Author(s):  
Edgar Pieterse

Neste artigo assume-se que a condição urbana contemporânea está fortemente marcada por uma crescente pluralidade. Associada a esta mudança na natureza do contexto urbano, pode-se também observar a proliferação de lugares (sites) de engajamento político e de ação, sendo alguns deles formalmente ligados a fóruns institucionais do Estado, mas muitos outros podem ser caracterizados pela sua insistência em permanecer fora do Estado, uma forma de afirmar autonomia e clamar por termos próprios de reconhecimento e formas de agir. O artigo chama a atenção para o significado de uma categoria de atores urbanos – hip-hoppers – que ocupa uma posição “marginal” na relação com o Estado, mas que é muito relevante para a existência marginalizada da maior parte da juventude negra nas cidades do sul global, particularmente no Rio de Janeiro e na Cidade do Cabo. O artigo demonstra que as culturas hip hop oferecem uma poderosa estrutura de interpretação e resposta para a juventude pobre que sofre sistematicamente o impacto de forças urbanas extremamente violentas e exploradoras. A base do poder do hip hop (e congêneres) é sua complexa sensibilidade estética, que funde valores afetivos – como o desejo, a paixão e o prazer, mas também a ira e a crítica –, que por sua vez se traduzem em identidades políticas e às vezes em ação (ou seja, posicionamento) para seus participantes. Em última instância, o artigo procura associar o potencial da cultura política do hip hop a temas acadêmicos mais amplos, tais como participação, espaço público, cidadania e segurança.Palavras-chave: hip hop; política cultural; violência urbana; exclusão/ inclusão urbana; registros afetivos. Abstract: It is assumed in the paper that the contemporary urban condition is marked by an increased pluralistic intensity in cities. Coupled to this shift in the nature of the urban context, one can also observe a proliferation of sites of political engagement and agency, some of which are formally tied to the various institutional forums of the state, and many that are defined by their insistence to stand apart from the state, asserting autonomy and clamoring for a self-defined terms of recognition and agency. This paper draws attention to the significance of one category of urban actors – hip-hoppers – that can be said to occupy a “marginal” location in relation to the state but uniquely relevant to the marginalized existence of most poor black youth in cities of the global South, particularly Rio de Janeiro and Cape Town. The paper demonstrates that hip hop cultures offer a powerful framework of interpretation and response for poor youth who are systemically caught at the receiving end of extremely violent and exploitative urban forces. The basis of hip hop’s power is its complex aesthetical sensibility that fuses affective registers such as rage, passion, lust, critique, pleasure, desire, which in turn translates into political identities, and sometimes agency (i.e. positionality), for its participants. In the final instance, the paper tries to link conclusions about the potential of hip hop cultural politics to larger academic themes such as participation, public space, citizenship and security.Keywords: hip hop; cultural politics; urban violence; urban exclusion/inclusion; affective registers.


2020 ◽  
Vol 12 (1) ◽  
Author(s):  
Eduardo David Ndombele ◽  
Alexandre António Timbane

O português é a única língua oficial de Angola, embora havendo mais de vinte línguas do grupo bantu e khoisan convivendo com diversas línguas europeias e asiáticas. Sendo o português a língua obrigatória na educação é necessário refletir sobre como ensinar em contexto multilíngue. A pesquisa debateu caminhos metodológicos que favorecem um ensino de qualidade e que realmente atenda a realidade angolana. É uma pesquisa bibliográfica que busca leituras que debatem questões da variação linguística e a didática do ensino. A pesquisa mostrou como a formação do professor é importante na transmissão de competências visando a qualidade de aprendizagem em português. Dado o contexto em que se processa o ensino e aprendizagem do português em Angola observa-se a ausência de condições infraestruturais para além da falta da interação entre professor, aluno, pais e Ministério da Educação. A existência de turmas com alunos de português como L1 e L2 torna o ensino complexo porque a metodologia e os materiais deveriam ser diferentes. As interferências das línguas africanas no português obrigam uma atualização metodológica constante do professor de português para que possa responder à realidade angolana desafiando a complexidade à variedade angolana do português que é diferente do português de Portugal. ANGOLA. Balanço da Implementação da 2ª Reforma Educativa em Angola. Luanda: Ministério da Educação, s.d. Disponível em: <www.med.gov.ao>. Acesso em: 14 abr. 2020.ANGOLA. Constituição da República de Angola. Luanda: Assembleia Nacional, 2010.BENGUI, Francisco Pedro. Interferências linguísticas dos alunos da escola do I ciclo do ensino secundário de Buengas-Uige. Monografia apresentado no Instituto Superior de Ciências de Educação do Uíge. 2018CHICUNA, Alexandre Mavungo. Portuguesismos nas línguas bantu: para um dicionário portugues-kiyombe. 3.ed. 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Gestão de multilinguismo em angola: reflexão sobre o ensino de línguas angolanas de origem bantu na província do Uíge. Verbum: Cadernos de Pós-Graduação. Vol.6, n.1., p. 33-44, jan.2017.NETO, Muamba Garcia. Aproximação linguística e experiência comunicacional. Luanda: Editora Mayamba, 2012.NGULA, Amadeu. A escolarização em África. Roma: EdizioniViverein, 2005.NIANE, Djibril Tamsir (Org.). História geral da África: África do século XII ao XVI. vol.4. 2.ed.rev. Brasília: UNESCO, 2010.PALMA, Dieli Vesaro; TURAZZA, Jeni Silva. Educação linguística: reinterpretação do ensino-aprendizagem por novas práticas pedagógicas. PALMA, Dieli Vesaro; TURAZZA, Jeni Silva. (Org.). Educação linguística e o ensino de língua portuguesa: algumas questões fundamentais. São Paulo: Terracota, 2014. p. 23-61.PEREIRA, Cátia Luciana; FRANCO, Maria Ignez S. De. M. Nova concepção do professor na perspectiva da educação linguística: formação inicial e transposição didática. 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