O papel das coinfecções por helmintos e a deficiência de micronutrientes na transmissibilidade da hanseníase
Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa que se manifesta por meio de sinais e sintomas dermatoneurológicos. Apresenta alta taxa de prevalência e de detecção de casos novos em vários municípios do Brasil, com destaque para Governador Valadares, em Minas Gerais, e entorno. O estudo da hanseníase associada às helmintíases, especialmente à esquistossomose, torna-se relevante principalmente em zonas rurais, onde ocorre alta incidência dessa verminose. Além das parasitoses, a deficiência nutricional é também considerada um fator de risco para o desenvolvimento dessa doença. Sabe-se que as infecções crônicas por helmintos promovem alterações imunológicas que podem desencadear uma resposta do tipo Th2, e assim favorecer a infecção pelo M. leprae, tornando o indivíduo mais suscetível a desenvolver a forma virchowiana, considerada mais agressiva. Objetivo: investigar o papel de coinfecções parasitárias e deficiências de micronutrientes na transmissão e nas manifestações clínicas da hanseníase. Metodologia: a busca ativa de casos novos de hanseníase teve seu início no distrito rural de Limeira de Mantena (MG), e deu continuidade aos casos diagnosticados no Centro de Referência em Doenças Endêmicas e Programas Especiais (CREDEN-PES/SMS/GV). Em Limeira de Mantena, a comunidade foi convidada a participar de uma palestra sobre hanseníase, e após esclarecimentos sobre a doença, os indivíduos, de maneira voluntária, foram encaminhados para exame dermatoneurológico. Após diagnóstico clínico e coleta de material biológico para os ensaios laboratoriais, procedeu-se ao tratamento. Todos os contatos domiciliares dos pacientes foram agendados para consulta e exames. Foi aplicado questionário para obtenção de dados demográficos e socioeconômicos, e recordatório alimentar para complementar o estudo dos micronutrientes. Amostras de fezes foram solicitadas para realização do exame parasitológico e a coleta de sangue foi realizada para avaliação da produção de citocinas por células mononucleares do sangue periférico, para análise do perfil imunológico dos participantes. Resultado: resultados preliminares mostraram maior produção de IL-10 e menor produção de IFN-g pelos pacientes multibacilares (MB) comparados com indivíduos saudáveis. Exames parasitológicos de fezes apresentaram resultados positivos para S. mansoni, E. coli e. histolytica. Conclusão: as análises estatísticas dos dados obtidos estão em andamento. Vários casos de hanseníase diagnosticados como MB pela classificação operacional da OMS apresentaram infecção pelo S. mansoni.