A CONDENAÇÃO DE NGUNGA E A APOTEOSE DO MANIQUEÍSMO: UMA INTERPRETAÇÃO DO ELOGIO DA IGNORÂNCIA DE PEPETELA

2017 ◽  
Vol 19 (1) ◽  
Author(s):  
Pedro Paulo Machado Nascimento Gloria
Keyword(s):  

O Elogio da Ignorância, o primeiro dos dois segmentos em forma dramática do romance O Cão eos caluandas do escritor angolano Pepetela, será interpretado como a não realização e até negação,por parte da trajetória angolana até então, daquele ideal humanista personifcado no personagemNgunga de As Aventuras de Ngunga. Mostraremos, também, o quanto a crítica pepeteliana contidanesse segmento crucial da obra, algo como que uma miniatura dela mesma, dialoga de maneirabem próxima com o pensamento do educador brasileiro Paulo Freire na obra Pedagogia do Oprimido, acerca do fracasso dos movimentos libertadores ao buscarem mudar um estado social sematentar em remover certos padrões maniqueístas de julgamento herdados da estrutura social anterior. A falta de diálogo, resultante da visão do outro como “coisa” útil a ser manipulada para um fmmaior, também será brevemente abordada a partir da consideração das relações Eu-Tu e Eu-Issona obra Eu e Tu de Martin Buber em diálogo com o texto pepeteliano.

2013 ◽  
Vol 5 (1) ◽  
pp. 39 ◽  
Author(s):  
Cássia Quelho Tavares

A proposta deste artigo é refletir sobre a dimensão da espiritualidade e da bioética, em vista da construção do diálogo como caminho possível para um cuidado mais humanizado e solidário, prevenindo os mecanismos de violência institucional. A fundamentação teórica dos temas centrais como espiritualidade, vulnerabilidade e humanização do cuidado é apresentada a partir dos seguintes recortes: da teologia, em Karl Rahner; da filosofia do inter-humano, em Martin Buber; e da educação, em Paulo Freire, onde humanização e diálogo se entrecruzam. A vulnerabilidade humana sobressai em nossas unidades de saúde, infelizmente, em parte, reforçada pelas dificuldades relacionais entre profissional de saúde-paciente-família. Essas linhas não resultam de uma pesquisa formal, mas é fruto da experiência profissional da autora como enfermeira e teóloga, comprometida com a criação de “espaços protegidos”, “rodas de conversa”, lugares onde o profissional-cuidador pode ser acolhido, sentindo-se cuidado. Essas iniciativas demonstram que o diálogo e a espiritualidade, experimentados de maneira mais genuína, resultam na qualidade da assistência oferecida ao usuário dos serviços de saúde pública e complementar, bem como na motivação dos profissionais. Esperamos que esta reflexão fomente novos espaços de partilha solidária, nos quais cuidado, competência e saberes interdisciplinares se encontrem.


2019 ◽  
Vol 14 (1) ◽  
pp. 10-31
Author(s):  
Rafael de Araujo Arosa Monteiro ◽  
Marcos Sorrentino
Keyword(s):  

O diálogo se constitui enquanto importante princípio e objetivo da Educação Ambiental (EA), sendo relevante o aprofundamento de sua compreensão teórica e metodológica. Buscamos nesse artigo apresentar uma síntese, a qual partiu do conceito de existência dialógica de Martin Buber para a proposta de uma espiral dialógica, composta por diferentes caminhos, estando entre eles os grupos de diálogo de David Bohm, também estudados por William Isaacs, e os círculos de cultura de Paulo Freire. A partir disso, realizou-se a união dos elementos existentes em cada caminho em duas categorias, compostas por um conjunto de perguntas-indicadoras, que podem subsidiar o desenvolvimento, execução e avaliação de processos de EA, potencializando o processo dialógico. Ademais, sugere-se um procedimento metodológico baseado nos caminhos supracitados, caracterizado por quatro momentos: codificação; observação da codificação ou escuta genuína; descrição da codificação; “re-admiração” das admirações, observando as sensações corporais e emoções.


2009 ◽  
Vol 7 (7) ◽  
Author(s):  
Renata Maria Maria Libório

No livro " 0 resgate da fala autentica - filosofia da psicoterapia e da educação " (1989) Amatuzzi, pesquisador da área da psicologia, expõe sobre o significado do falar para o ser humano e faz uma reflexão sobre como isso pode auxiliar o psicólogo a entender o sentido de uma relaçãopsicoterapeutica e educativa. Em sua fundamentação teórica encontram-se obras de Maurice Merleau-Ponty, Martin Buber, Carl Rogers e Paulo Freire. 0 presente artigo tem como objetivos apresentar as ideias de Amatuzzi sobre a relação educativa referentes aBuber, Rogers e Freire, fundamentado em suas explicações refletir sobre a possibilidade do psicólogo escolar e do professor serem compreendidos com" profissionais do encontro" , que através de sua interação com o outro permitem um processo de reflexão e conscientização, conduzindo a descoberta de novos sentidos de sua condição existencial e sua inserção no mundo.


2000 ◽  
Vol 28 (2) ◽  
pp. 15-18 ◽  
Author(s):  
Geoffrey Partington

One of the many fascinating problems raised in recent issues of the Australian Journal of Indigenous Education (AJIE) is that of Indigenous autonomy in education. Although opinions differed about the extent to which Indigenous people currently exercise educational autonomy in various situations, there was wide agreement that there ought to be Indigenous control or ‘ownership’ of all knowledge relating to Indigenous life and culture, past and present. Sister Anne Gardner, then Principal of Murrupurtyanuwu Catholic School in NT, explained (1996: 20) how she decided to ‘let go, to move away from the dominant role as Principal’, in order that Indigenous persons could take control. She had been helped to this conclusion by reading Paulo Freire, Martin Buber and Hedley Beare, and, within the NT itself, ‘people of that educational calibre, such as Beth Graham, Sr Teresa Ward, Fran Murray, Stephen Harris, all pleading with us to allow education to be owned by Aboriginal people’. Sr Gardner held that ‘Aboriginal people never act as “leader”, a view shared by her designated Indigenous successor, Teresita Puruntayemeri, then Principal-in-Training of Murrupurtyanuwu Catholic School, who wrote (1996: 24-25) that ‘for a Tiwi peron it is too difficult to stand alone in leadership’. One way to share the burdens of leadership is, she suggests, to ‘perform different dances in the Milmaka ring, sometimes in pairs or in a group’.


2018 ◽  
Vol 34 (0) ◽  
Author(s):  
Alexandra Coelho Pena ◽  
Maria Fernanda Rezende Nunes ◽  
Sonia Kramer
Keyword(s):  

RESUMO: Este artigo discute questões contemporâneas da educação no que se refere às relações entre professores e alunos e à formação, a partir das teorias de Paulo Freire e de Martin Buber. Inicialmente, o texto explicita a aproximação entre a teoria de Freire e Buber. Em seguida, destaca aspectos fundantes da obra dos dois pensadores por favorecerem uma formação que se situe e que atue para o diálogo, contra a desumanização e qualquer tipo de humilhação, discriminação ou exclusão. Ao final, sintetiza contribuições de Paulo Freire e Martin Buber para uma educação voltada para a formação de comunidade e que seja crítica, criativa, dialógica. Nas considerações finais, fica evidenciada a atualidade de Freire e Buber, seu legado teórico para ações práticas e políticas.


2018 ◽  
Vol 22 (1) ◽  
pp. 207
Author(s):  
Flávio Henrique Albert Brayner

A idéia — e uma determinada prática — do "diálogo" fazem parte tão consubstanciais da Educação Popular, que essa se define, antes de qualquer coisa, como uma "pedagogia dialogal", quer dizer, o 'meio' define a própria pedagogia! E fazemos isso de forma tão natural que nos esquecemos de inquirir a respeito do estatuto conceitual daquela noção. Tentamos, com esse artigo, mostrar que, se essa noção tem muitas vezes a finalidade de estabelecer ou facilitar consensos intersubjetivos, a própria noção não é consensual. E para mostrar os seus diferentes perfis semânticos, convidamos quatro conhecidos autores — Hannah Arendt, Martin Buber, Jürgen Habermas e, claro, Paulo Freire — para "apresentarem" suas concepções sobre o diálogo, e constatamos não apenas as grandes diferenças entre os autores, mas também o fato de que em todos reside uma declarada ou subterrânea intenção de salvar o homem pela "palavra", seja numa versão mística, seja numa acepção mais secular. O problema, conclui o artigo, é que a relação tão assente entre nós entre diálogo e libertação/emancipação precisa de uma reflexão mais aguda, sobretudo em função da grande variedade semântica que cerca estes conceitos, o que, às vezes, contribui para a confusão ou imprecisão de nossa linguagem pedagógica.Palavras-chave: Educação Popular; Diálogo (conceito de); Emancipação


2015 ◽  
Vol 96 (242) ◽  
pp. 61-78 ◽  
Author(s):  
Rosineide Barbosa Xavier ◽  
◽  
Heloisa Szymanski

Sintetiza uma pesquisa que investigou como gestores, educadores e representantes de uma comunidade da zona norte de São Paulo compreenderam diálogo a partir da experiência de construção coletiva de um projeto político-pedagógico de duas organizações educativas. Fundamentando-se em Martin Buber e Paulo Freire, realizou-se um estudo qualitativo, utilizando-se de entrevista reflexiva coletiva. Os resultados apontaram para a compreensão de diálogo como conversa, participação, silêncio, integração e construção de conhecimento. A construção coletiva do projeto político-pedagógico mostrou a vontade de dialogar e a necessidade de maior disposição para ouvir o outro, desvelando diálogo como caminho de transformação social e busca por reconhecer o valor das relações interpessoais


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