O objetivo deste artigo é apresentar a alegoria religiosa The Pilgrim's Progress, do escritor inglês John Bunyan, buscando encontrar no enredo e no contexto histórico que se entrelaça à obra, alguns elementos que nos permitam compreender o ethos da vida peregrina desse indivíduo em busca da sua salvação. Assim, considerando que a obra foi escrita como resposta ao conturbado cenário religioso e político da Inglaterra do século XVII, analisaremos o enredo, os dogmas e os símbolos religiosos presentes no livro, buscando compreender a relação entre fé e vida “mundana”, indivíduo e comunidade e, principalmente, o valor das narrativas de devoção na experiência de conversão, para, então, entender como tais valores, expostos nas potentes alegorias de Bunyan, geraram um universo lúdico e concreto que validou uma ética religiosa, profundamente individualista, que se tornou a marca do conversionismo puritano, e que continua a fazer sentido, mesmo para pessoas que não compartilham do contexto histórico e social do escritor.