Juan José Saer (Santa Fe, 1937 – Paris, 2005) se preocupa de forma sistemática com a elucidação do conceito de ficção. Esse problema ultrapassa os textos críticos e emana também no universo ficcional de forma a quase suspender a diferença entre esses dois tipos de textos. A questão fulcral aqui é mostrar como nos ensaios “El concepto ficción”(1997) e “La narración-objeto”(1999), Saer discute a ficção, tendo como base as relações entre as noções de subjetividade e de objetividade nos textos ficcionais, problematizando também os chamados textos objetivos. O primeiro ensaio lança o conceito de ficção como uma antropologia especulativa, dando ênfase ao aspecto subjetivo. Em “La narración-objeto”, há um trabalho pormenorizado em mostrar o texto como artefato, como objeto. Saer se indaga, então, sobre as diferenças entre os textos ditos objetivo e subjetivo, mostrando as nuanças de subjetividade no texto objetivo, bem como o tratamento específico do real no ambiente da ficção. A subjetividade norteia a discussão, já que o próprio conceito de ficção de Saer se apresenta como o lugar da especulação humana. A ideia de “narração-objeto”, do segundo ensaio, também é uma forma de problematizar a presença da subjetividade, tanto na ação narrativa, quanto no próprio conceito de objeto.