O presente artigo pretende contribuir para o conhecimento da influência exercida pela trilogia: paisagem-imagem – Grand Tour – literatura de viagens, na criação e divulgação da imagem de Sintra. A articulação destes três fatores e a esfera de influência de cada um deles transforma Sintra num lugar privilegiado aos olhos do espetador-contemplador.A crescente divulgação de Sintra, sobretudo na literatura de viagens, teve como principal consequência um aumento de viajantes, que hoje denominaríamos turistas. Os ingleses contam-se em maior número, uma vez que o Grand Tour, enquanto fenómeno que motivou jovens aristocratas a percorrer toda a Europa, teve início em Inglaterra. Porém, à medida que avança a centúria oitocentista há uma diversificação das nacionalidades dos turistas que visitam Sintra e que produzem literatura sobre o local. Paralelamente, o Grand Tour e a literatura de viagens potenciaram uma intervenção na paisagem cenográfica de Sintra, que passou, sobretudo, pela construção, recuperação e valorização do património cultural e natural existentes, incluindo palácios, parques e jardins, operando uma reconfiguração visual do real, muitas vezes imprimindo a determinadas estruturas um aspeto de abandono, decadentista, selvagem e até de ruína que pretende, objetivamente, adequar as características do lugar ao espírito estético do movimento romântico.