A TECCOGS, Revista Digital de Tecnologias Cognitivas, tem o prazer de receber o Professor Kalevi Kull, eminente biossemioticista do Departamento de Semiótica da Universidade de Tartu, Estônia, como convidado para comentar o tópico “Semiose do Vírus”. Esse tema procura responder se os vírus, como o coronarívus Covid-19, propaga-se através de processos semióticos, ou seja, por semioses.A chave desta questão recai no conceito de semiose introduzido por Charles S. Peirce em seu MS 318 de 1907, mas implícito em todos os seus escritos iniciais sobre a essência dos signos e seus processos. Peirce escreveu, “Por ‘semiose’ eu quero dizer […] uma ação, ou influência, o que é, ou envolve, uma cooperação entre três sujeitos, sendo um signo, seu objeto, e seu interpretante” (Peirce 1907, p. 411). Em outras palavras, um processo de semiose inicia-se com um signo, que representa um objeto, e cria um interpretante, que exerce uma influência semiótica com o seu efeito semiótico específico. Nesse processo, signos propagam-se por um agenciamento semiótico com o qual buscam um propósito semiótico. O propósito de um símbolo, ao menos, é o de se propagar, multiplicar-se na forma de outros símbolos. Um símbolo que não se propaga morre por obsolescência, por falta de uso e de inteligibilidade. Nesse sentido, os símbolos buscam causas finais. Eles querem ser entendidos. […].